Inicío

29 de dezembro de 2011

Apenas Mais Uma de Amor - Interpretação de Padre Fábio de Melo

Em um tempo em que sentimentos são tão epidérmicos e sem um mínimo de interioridade, a vida pede abertura para as realidades que emergem do íntimo. São como nada as palavras, os gestos,os abraços,as chegadas e encontros sem o principal: O coração. Essa música mostra que escolhas é a partida para os rumos da vida. Os outros nunca serão donos de teu caminho.Posto hoje essa música de Lulu Santos Apenas mais uma de amor na interpretação de Padre Fábio de Melo. Afinal de contas "Eu acho tão bonito isso de ser abstrato baby a beleza é mesmo tão fugaz"




Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixo assim ficar
Subentendido

Como uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor obrigação de acontecer

Eu acho tão bonito isso

De ser abstrato baby

A beleza é mesmo tão fugaz

É uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor pretensão de acontecer

Pode até parecer fraqueza

Pois que seja fraqueza então,

A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso

Caberá só a mim esquecer

O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber

Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixo assim ficar
Subentendido

Como uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor pretensão de acontecer

Pode até parecer fraqueza

Pois que seja fraqueza então,

A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso

Caberá só a mim esquecer

E eu vou sobreviver...
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber

21 de dezembro de 2011

“Porque não havia lugar para eles” Luc 1,7



Lendo e meditando as palavras do Santo evangelho de Lucas, capitulo primeiro verso sétimo, lemos: “Porque não havia lugar para eles”. Esta passagem do evangelista relata o acontecimento do nascimento de Cristo em Belém.  Maria e José estão na cidade para o recenseamento proposto pelo imperador César Augusto. Chegando a cidade não encontraram lugar para se hospedar. Aquele que fez o mundo e todas as coisas não possuiu um lugar para nascer. Completa-se o sentido deste acontecimento com as palavras do próprio Senhor que diz: “O Filho do homem não tem onde recostar a cabeça.” Mat 8,20. O intrigante é ver a atualidade desta Palavra de Lucas. Hoje em dia não é diferente para o Senhor! Porque estamos tão preocupados em enfeitar, em uma ceia, em presentes e árvores que esquecemos o principal sentido do Natal. Não é uma festa de proporções mercantis ou econômicas, entretanto é uma festa de frutos espirituais. Encontramos neste tempo shoppings lotados, lojas abarrotadas de pessoas.  Voltamos o olhar para as festividades externas deste tempo.
No tempo do Natal parece que a vida e a realidade tomam novos rumos e apontam novos horizontes. Isso acontece todo final de ano com as festas que estão ligadas a este período. São promessas e votos, desejos de mudança para o ano vindouro. Voltamos para o ano que passou e temos a impressão de que não fizemos aquilo que desejamos por inteiro. Como se houvesse um grande vazio em nós, e queremos com a proximidade do ano que se aproxima renovar e criar novas esperanças.  Contudo, queremos sempre coisas maiores e melhores. Em que ponto de toda essa tendência ao futuro, que emerge no findar do ano, deixamos espaço para Deus? Parece que todos os caminhos levam para longe de Deus. Esquecemos o verdadeiro sentido do Natal. Porque e por quem se realiza essa festa que muda nossas rotinas e vidas. Porque em nossas vidas não existe “lugar para eles.” E esvaziamos nossas expectativas e esperanças em presentes e coisas meramente passageiras e renegamos o “presente” mais grandioso que poderíamos receber: Jesus Cristo, Emmanuel, Deus conosco, o Filho do Homem.
Andando pelas ruas da cidade as vemos lotadas de enfeites, pessoas que passeiam em busca daquele presente perfeito, alegria e singeleza nas relações, milhares de campanhas de natal para instituições de caridade e filantropia. Nasce no coração do homem o “espírito de natal”. Mas uma pergunta todos os anos chega ao meu coração: Não deveria este “espírito de natal” acontecer durante todo ano? Não deveríamos voltar nossos olhos aos pobres, ao próximo e ao sofredor o ano inteiro? A alegria de um Deus conosco não deveria encher nossos corações durante o ano todo? Porque então só neste período fazemos estas coisas parecerem tão emergentes e urgentes? São com toda certeza muitos questionamentos para nós sobre este período.
Não digo que estes empreendimentos e empenhos devam acabar, contudo devemos entender que eles deveriam acontecer durante todo o ano. Os orfanatos, casas de recuperação, presídios, hospitais e tantos outros não funcionam tão somente neste fim de ano, contudo durante todo ao ano. O nosso irmão não tem que ser amado só durante este final de ano, contudo o ano inteiro. Estes gestos de caridade e filantropia deveriam ser repetidos tantas outras vezes durante o ano. Enchemos as redes sociais de ameaças, xingamentos, piadas e outras coisas mais sobre o caso enfermeira em Formosa que aparece em um vídeo espancando um cachorro da raça Yorkshire. Já pensou se usássemos todo esse empenho em ajudar a Sociedade de São Vicente o ano inteiro. Usar todo esse período para ficar um tempo no hospital com os menos favorecidos, no presídio com nossos irmãos encarcerados, nos asilos e orfanatos. Olhemos uns instantes para nossa escala de valores humanos. Fizemos uma “guerra atômica” de montagens e piadinha sobre o ocorrido com um animal e não somos capazes de cuidar de quem é semelhante a nós o ano inteiro. Ainda se acha racional?
Fiquei demasiado preocupado quando perguntei para uma criança outro dia na Igreja: “Quem é teve seu nascimento no natal?”.  Ela prontamente respondeu: “Papai Noel”. E acredito que se fizesse essa mesma pergunta para outras crianças elas responderiam o mesmo. É tão avassaladora a intenção da promoção do bom velhinho que em quase todos os comerciais, se não todos, de televisão ele aparece como protagonista. Não que isso importasse para promoção cristã do Natal, porém este marketing televisivo faz uma verdadeira lavagem cerebral em nossas crianças e jovens. O Natal se tornou uma festa mais conectada ao mercado comercial, ao fato religioso que está ligado ao Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Esta mudança de mentalidade deveria começar primeiramente por nós cristãos. Deveríamos colocar um novo olhar sobre o Natal. O olhar de quem reconhece que nosso Deus e Senhor, sendo Deus, veio de forma concreta habitar conosco. No coração devemos ter novos horizontes e novas perspectivas, mas que estes sonhos comecem neste período e perdurem ao no todo. Que as diversas campanhas de ajuda às várias instituições não sejam apenas neste tempo que vivemos, mas que sejam para todo o ano, que se repita de modo ousado durante o ano que advém. Mudar a realidade do Natal exige de cada um de nós a confiança e reconhecimento de um Deus que veio ficar conosco. Esse é o real sentido de toda essa festa que vivemos durante este fim de ano. Todas essas realidades citadas acima, sem esse norte que guia nossos passos, não passam de uma coleção de gestos e realizações sem sentido. Ficam as palavras do profeta Isaías que nos convida:


O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz.

Vós suscitais um grande regozijo, provocais uma imensa alegria; rejubilam-se diante de vós como na alegria da colheita, como exultam na partilha dos despojos.
Porque o jugo que pesava sobre ele, a coleira de seu ombro e a vara do feitor, vós os quebrastes, como no dia de Madiã.
Porque todo calçado que se traz na batalha, e todo manto manchado de sangue serão lançados ao fogo e tornar-se-ão presa das chamas;
porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz.
Seu império será grande e a paz sem fim sobre o trono de Davi e em seu reino. Ele o firmará e o manterá pelo direito e pela justiça, desde agora e para sempre. Eis o que fará o zelo do Senhor dos exércitos.
O Senhor profere uma palavra contra Jacó, e ela vai cair sobre Israel. 
Isaías 9:2-8

20 de dezembro de 2011

O encontro


Antes de marcarem o encontro no tempo e no calendário dos seus dias, ele já havia sido escrito nas fibras dos seus corações. Era tão real e visível o amor que havia entre os dois, que até o pior dos homens em percepção saberia que ali havia mais do que uma simples amizade. A indiscrição indiscreta de ambos fazia o clima de romance parecer ainda mais inevitável. Eram dias de contagem. Ela mesma prometera para si que não faria expectativas desanimadoras. Ele de certo contava os dias sem o pudor de dizer que era o dia mais feliz da sua vida. Ela se perguntava a todo instante como acontecerá aquilo? Como pode aceitar sair com seu melhor amigo? O que estava acontecendo de verdade entre os dois, que fazia o clima sempre mudar de uma amizade de infância para um amor de eternidade? Uma coisa ela sabia: era impossível esconder sua alegria. Os amigos de trabalho já notavam a aparente mudança em seu humor. Os sorrisos soltos e sem momento nos corredores. Os abraços fortes como se abraçasse outra pessoa e de certo ela imaginava está abraçando ele. Ele nem mais dormia, pois preferia continuar sonhando acordado pensando nela e naquele dia tão esperado.
Chegando o dia tão aguardado ela foi para casa em riso disfarçado. Disfarçado para ela que tentava esconder,como se esconde uma lâmpada com saco plástico transparente. Ele de mesmo modo tentava ocultar sua alegria, mas ela era tão real e forte que aqueles que entravam em contato com ele sentiam em seu pulsar as forças do sentimento que tinha por aquela moça de infância. Não era amor demais, nem de menos. Era simples e sem pompa, contudo ele dizia para si mesmo: “Não assustar ela!” e assim ele ia repetindo em seu coração, quando não em voz alta, no caminho para casa. Ela preferia algo discreto para vestir, não queria parecer que fosse um encontro. Ele do mesmo modo fazia uma combinação normal de roupa, daquelas que ele sempre fazia sem pensar, mas era inevitável não pensar no melhor para ela. E o tempo passava e em seu coração já não havia minutos de separação. Não havia tempo que contivesse as eternidades de tempo que pareciam cada segundo.
Logo no primeiro toque da campainha ela pensou o que ia dizer. Pensou como ele estaria vestido, e se não havia exagerado nos detalhes da maquiagem. Não queria parecer uma boba. Eram tantos pensamentos em poucos segundos que logo ao segundo toque da campainha foi inevitável o nervosismo e pensará se estava fazendo a coisa certa. Se aquilo não era apenas uma forma de compensar seus romances passados que não deram certo. Ele ao lado de fora pensava se ela não haveria esquecido. Pensou se estava realmente certo daquilo, se aquilo não era apenas um modo de ser feliz. Pensou consigo mesmo se não havia exagerado em dar dois toques na campainha.
Ao ouvir o trinco da porta romper no giro ele logo se acertará de forma reta. Ela por sua vez atrás da porta dizia consigo mesma que não era ele, devia ser apenas mais um vendedor. Quando olhos se encontraram pareciam novamente conhecer um ao outro. Era como se fosse a primeira vez que ambos se viam, coisa estranha para quem se conhecia há vários anos. Era como seus olhos se cruzassem pela primeira vez, como se nunca tivessem se visto. Ele ficará sem palavras para a beleza que agora fitava. Ela por sua vez, encantará com aquele rapaz diante de si, que estava vestido de terno e camisa azul. Ela amava azul. Ela saiu ao seu encontro. Não sabia se abraçava, se apertava a mão, se beijava no rosto. Ele do mesmo modo não sabia que atitude tomar, enfim partiu para um abraço. Aquele abraço que ele esperou a semana inteira, aquele abraço que continha os aromas e as fibras que ela ansiosamente esperou e quando sentiu aquele corpo de encontro ao seu sentia que podia ser mais forte. Sentia que não havia mais ela, não havia mais ele. Havia apenas um só e eles eram um só. E o mais estranho daquilo tudo era saber que eles sempre estiveram juntos e próximos, contudo aquele momento era como se fosse o encontro dos encontros.
No caminho para o restaurante o silêncio era contemplativo. Ela fitava seu rosto com vontade de tocá-lo. Ele dirigia com desejo de fitar seu rosto e vez em quando o fazia. Durante o jantar as conversas de sempre giravam em torno dos dias que antecederam este momento. Ela queria fazer com que aquele momento fosse um encontro entre amigos e ele do mesmo modo, contudo já era impossível fazer aquilo parecer um encontro casual de amigos. Já existia o clima de encontro. No olhar, nos gestos, na fala e até no restaurante. Nunca que um lugar daqueles com luz de velas e música ambiente seria lugar de amigos se encontrarem. Onde estava o cachorro quente? Aquela música esculachada da lanchonete? Onde estava aquela conversa desenfreada dos presentes. O lugar era silencioso e calmo, parecia que as pessoas tinham medo de conversar e atrapalhar os outros. Fato visível: só havia casais naquele momento.
Para não perder o costume dos encontros entre eles resolveram dar uma volta no parque. Eles sempre faziam isso quando saiam juntos. Na verdade era mais o desejo de não dar tom de encontro do que cumprir um ritual de amigos. Aquela altura do dia era impossível acabar com aquele clima romântico que existia. Principalmente pelo fato de nunca eles haverem chegado ao parque de mãos dadas. Ela nunca estaria com o terno dele sobre o corpo devido ao frio. A verdade se revelava aos seus olhos: Aquilo era um encontro.
Sentados naquele banco ele a abraçou como se quisesse a ter para sempre. Ele a detinha em seus braços no desejo impetuoso de ser como um escudo para ela, como uma fortaleza protegendo um tesouro de grande valor. Ela ali protegida sentia que aquele era o momento mais importante de toda sua vida. Aquele instante era o instante de completar seu eu. O amor que ela sempre esperou, esteve sempre diante de seus olhos. Ali bem diante de seus olhos. Foi inevitável a pergunta:
- Você me ama de verdade?
Ele sem o pudor, respondeu:
- Você irá descobrir pelas batidas do meu coração.
E ela sentia. Sentia que já havia certa confusão entre as batidas do seu coração, com as batidas do dele. Daquele dia em diante fizeram uma promessa diante do Senhor: “Que nosso amor seja Nele uma chama em que Ele seja o fogo que une nossos corações.” E aquilo foi tão verdadeiro que o Senhor nunca extinguiu aquele fogo de graça que os une até hoje. Um amor de eternidade.
Para meu casal amigo que de um tesouro de amizade, cultivou um tesouro de corações. E estão juntos por graça e vontade. 

2 de dezembro de 2011

Encontro e significado.


Querido irmão Jefferson Ricardo, nunca fui muito bom em dizer adeus. Fico sem palavras para aquele que vai partindo. As palavras fogem de maneira que pareço mudo diante da pessoa. Despedidas sempre me fizeram retornar para realidade do encontro e refazer o caminho da descoberta do outro. Não gosto de dizer adeus, prefiro um “até logo amigo” que ressoa com gosto de um futuro encontro. Então não quero dizer adeus, mas apenas um até logo. Quero por estas palavras expressar minha mais tenra gratidão pelo dom do seu existir, render louvores mil ao Autor de toda graça pelo dom de sua vida.
Querido amigo só Deus sabe o quanto o tenho em meu coração. Só ele sabe bem o quanto o faço guardado nas entranhas mais profundas e nas fibras mais sinceras do meu coração. O coração faz recordação de cada bom momento que tivemos, mesmo sendo ainda poucos! Repito aquilo que já disse para ti em outros momentos: Quem disse que para ser amigo é preciso estar perto e faço do poeta minhas palavras: “Tenho tudo o que preciso no meu coração. Tenho aqui perto de mim”. Com você é assim: Tenho-te aqui no meu coração!
O encontro começa com a descoberta do outro. O caminho que perfaz o coração é aquele de descobrir aos poucos as salas do coração do outro. E mais do que estar do lado, é sentir as batidas do coração. Encontro real só acontece quando ambos estão dispostos a fazer o caminho. E quando o encontro se faz completo, é hora de partir. Sim é hora de deixar as salas do coração do outro a fim de deixar na lembrança aquela saudade boa. Sair não é deixar, até porque ““ Estar não é cuidar. Perto estas se dentro estas. Crescer não é mudar, cuidar não é ficar fica tua vida em mim. Sair não é deixar. Estar não é cuidar. Perto estas e dentro estas”
É na senda do encontro que vamos aos pouco descobrindo a importância do outro no contexto de nossa história. Os significados que serão preenchidos em nossa vida com a presença do outro. Acredite querido irmão que a dor maior do homem não é aquele que nasce no corpo, não são dores biológicas que fazem o homem sofrer mais na sua existência. São as dores da mente, as dores da saudade, as dores da perda, do significado perdido em nossa história. A perda de um significado remete ao vazio que não pode ser preenchido por mais ninguém ou coisa. Essa é a profundidade do encontro. Ninguém sofre por aquilo que não possuiu significado em sua vida.
Obrigado pela verdade de suas palavras, pela sinceridade de me dizer sempre aquilo que precisei ouvir. Por cada sorriso seu, que muitas vezes me fizeram rir. Sim ri muitas vezes mais da sua risada do que dos fatos que fizeram a gênese dela. Obrigado por me ensinar a ser mais real e não ter medo de dizer quem sou. Saiba meu amigo que você é uma das pessoas mais puras que conheci, sim na verdade você é uma das pessoas puras que conheço. Pureza de viver aquilo que Deus quer na sua vida. Não tenha medo de persistir, porque Deus vai andar ao seu lado sempre. Deus precisa de pessoas como você para sua vinha.
Poderia dizer muito mais em palavras, mas como bem disse sou péssimo em despedidas. Que não sejam uma despedida estas palavras, contudo recomeço. Estarei sempre aqui. Coração a mostra para ti. Porque um dia encontrei o seu que acolheu esse que estava ferido.
Deus vos bendiga!
“O mais importante da saudade é saber que os que partem não partem por completo, e os que ficam ainda sentem a presença. O abraço da despedida não quebra as forças da presença. O que move os sentimentos da saudade é a certeza de que aqueles que se separam estão tão mais íntimos de si. A força do coração trata de unir as distâncias.
Raifran Sousa – Sobre a saudade e outras coisas de sua realidade.

29 de novembro de 2011

O preço do amanhã


Outro dia tive a grata alegria de ir ao cinema ver um filme com alguns dos irmãos de turma. Assistimos ao filme “O preço do amanhã” com o ator norte americano Justin Timberlake. O filme relata um mundo em que as pessoas sobrevivem em mercê do tempo.  Cada uma possui em seu braço um relógio que é ativado quando se completa 25 anos.Eles   permanecem jovens, contudo ainda precisam conquistar tempo para viver. Este relógio serve para medir seu tempo de vida e tudo é pago com tempo: contas, mercado, festas. Etc. Pode-se passar tempo um apara outro e por isso muitos roubavam tempo de outros. O tempo é o determinante da existência de todas as pessoas é ele quem dita o seu tempo de existência. O seu destino está traçado pelo tempo que você possui.  A todo o momento você tem que conquistar mais tempo para sobreviver, o relógio não para e corre continuamente. Quando zerado, caso você não consiga mais tempo, chega ao fim sua vida.
 O mais intrigante é ver a gama de personagens do filme e a forma como elas vivem e observam o tempo que têm. Os que vivem nos guetos possuem menos tempo e por isso fazem tudo apressadamente, a grande maioria é pobre e vive em busca de mais tempo para sobreviver. Trabalham em fábricas e trabalhos braçais a fim de conseguirem viver e não possuem tempo para aproveitar a vida. Os que vivem em cidades luxuosas ( o que eles chamam de outros fusos) em melhores condições de tempo faziam tudo com calma, contudo ainda sim não sabiam aproveitar o tempo. Não eram capazes de ao menos tomar um banho de mar, pois aquilo para eles era perda de tempo. Também neste contexto existiam os que protegiam o tempo. Rigorosamente buscavam aqueles que roubavam tempo dos outros e todos os dias tinham uma cota de tempo para eles fazerem isso.
Depois deste filme pude em profunda reflexão perceber o quanto de tempo tenho perdido sem fazer aquilo que realmente importa. E quantos de nós não vivemos sufocados pelo tempo, ou com tempo para muitas coisas, contudo sem tempo para aproveitar as coisas que a vida oferece e que são essenciais. Ou então quantos de nós não nos tornamos escravos do tempo e preferimos cuidar do tempo dos outros ao invés de aproveitarmos um tempo para nós mesmos. Existe pressa de ganhar tempo para muitas coisas na vida, entretanto quando conquistamo-lo parece muito pouco para as coisas que desejamos viver. A verdade é que não é de tempo que precisamos, mas sim de serenidade para perceber as coisas pelas quais fazemos uso dele. Não é o tempo que temos que determina o valor de cada coisa na nossa vida, contudo é a intensidade de carinho e verdade que depositamos em cada novo dia.É o valor que colocamos em cada ato e atitude de nosso existir.
No filme muitas pessoas morriam por causa do tempo. Muitas delas sem ao menos terem vivido o tempo que de fato restava em sua existência. Ainda mais aquelas que tinham muito tempo. Elas eram incapazes de aproveitar cada segundo em busca de uma vida virtuosa e que de fato fosse vida. Porque uma coisa é certa: Uma vida pausada na escravidão da busca de tempo não é vida: é passagem. E assim era a vida de muitos deles. O que adiantava ter um século no relógio? Mil anos? Um milênio? E na verdade eles eram incapazes de aproveitar cada segundo de sua existência para a busca de sua própria felicidade.
O que marcou nesta obra cinematográfica foi ver um destes tais protetores do tempo morrer na perseguição destes que roubavam. Preocupou-se tanto com o tempo dos outros que se esqueceu de si mesmo. Esqueceu-se de sua própria existência. Sua vida foi reduzida a prisão de um marco temporal, reduzidos a signos numéricos que determinam o dia por convenção. E não existe tempo no mundo que compre o preço de uma vida.
 Os que têm tempo não fazem uso dele como deveriam e se tornam escravos de uma “liberdade”. Sim parece de fato paradoxal, mas estão presos a sua “liberdade”! Liberdade ainda inexistente, pois figuram escravos de seu cronômetro. Devemos agora refletir do que está sendo feito de cada momento de nossa vida? Em qual tipo de pessoa você figura? Não deixe que o tempo diminua os dias de teu existir! Será que é o tempo determinante de uma existência? Será o tempo determinante das alegrias e marcas que existem em nossa vida? O tempo pode nos escravizar? A resposta para muitas destas e outras perguntas estão contidas na intimidade de cada um de nós. A minha resposta já foi dada: Um tempo sem a intensidade da vida é apenas um relógio que marca passagem.

15 de novembro de 2011

Sobre a saudade e outras coisas de sua realidade.


De todos os sentimentos e atitudes do coração que me intrigam, existe uma em particular que move os meus pensamentos e sentimentos do coração. Ela parece uma resposta do coração aos tempos antigos, ou até mesmo aos presentes que não são vividos com a intensidade do coração. Saudade. Ela parece que chega sem percebemos, sem que sintamos sua gênese em nossos corações e quando nos damos conta já estamos sentido. Não faz alarde, não grita. Ela chega aos poucos e quando nos damos conta já se faz sentada ao nosso lado. Só temos uma certeza sobre a saudade: “Só se tem saudade do que é bom”. A saudade sem sombra de dúvida é a resposta do coração para o significado que partiu. Para a perda de um significante em nossa vida. Os vazios da saudade são as consequências de um coração que deixou em outro suas marcas. Aquele que parte leva sempre um pedaço de nós.
A saudade se forma no coração com o apreço que temos por alguém. Ela se apropria dos sentimentos bons que nascem no coração e faz deles motivo para amarmos, apreciarmos e queremos bem. Constrói significados e estes por sua vez completa a vida daqueles que o recebem. Saudade é traiçoeira. Ela não procura nada mais do que confirmar aquilo que já sabíamos: O amor que temos por algo.  Só sentiremos saudades daquilo que muito amamos. Quanto maior a saudade, maior será o peso do significado que aquele tem para nós.
O intrigante da vida é que ela esta repleta de saudades. O homem de segundo em segundo edifica casas de saudade em seu ser. Ele edifica as bases no momento em que confia seu ser, sua amizade, seu coração, sua vida a outro. Nasce no amor toda saudade. Todas as vezes que confiamos todas essas realidades a alguém, naquele instante assinamos nosso contrato de saudade. E ela vem com toda certeza fazer as cobranças deste termo assinado com a vida. Saudade não perdoa nenhum coração. Todos os corações estão propensos à saudade e todos estão predispostos a viver essa realidade silenciosa.
Por estes tempo pude ir ao aeroporto deixar um amigo que partia. Ele iria ficar alguns meses fora. Iria fazer um curso de especialização no México. E ali pude comtemplar as facetas da saudade. Aqueles que partiam sentiam a dor do deixar e os que ficavam a dor do partir. A saudade é uma via de duas mãos. Quantos corações ali sentiam esse sentimento. Creio que se existisse um instrumento mecânico capaz de medir a saudade, naquele instante ele marcaria um elevado nível de saudade em todos que ali estavam. Não sei por que aeroporto, rodoviária, estação de trem para mim já tem sinônimo da saudade. E quem já passou pela mesma experiência sabe bem o que digo.
O mais importante da saudade é saber que os que partem não partem por completo, e os que ficam ainda sentem a presença. O abraço da despedida não quebra as forças da presença. O que move os sentimentos da saudade é a certeza de que aqueles que se separam estão tão mais íntimos de si. A força do coração trata de unir as distâncias. Vale bem o trecho da canção que diz: “Sair não é deixar. Estar não é cuidar. Perto estas se dentro estas. Crescer não é mudar. Cuidar não é ficar, fica tua vida em mim. Sair não é deixar. Estar não é cuidar, perto estas se dentro estas.”.

6 de novembro de 2011

Teu Mundo


Todas as vezes que nos encontramos tenho a impressão de estar distante de você. Parece que nossos caminhos por muito se desencontram e parece não se cruzar. Estamos como linhas paralelas no mesmo traçado da vida, contudo parece que em nenhum ponto desta reta nos encontramos. Estamos dispostos a nos encontrar, um encontro aparências e sem os sentidos que um real encontro pede ao coração. Somos universos distintos no mesmo cosmo. Somos planetas longínquos na mesma galáxia. O certo é que nossos mundos estão tão além de si. Estamos tão convergentes a distância que quando estamos próximos parece que nada nos atrai. Um encontro sem encanto, sem olhares que se trocam, sem apertos de mão, sem abraços que coloquem sentido do real naquele momento.
Penso muitas vezes sobre isso. Não penso de que maneira posso arrobar as portas do seu mundo. Não tenho o desejo de invadir seu universo. Sei que nada é tão sagrado ao homem do que a intimidade do seu eu. Não desejo e nem quero adentrar com violência os recantos do seu coração. Tenho o desejo de que você pudesse um dia com sinais e gestos que são próprios teus me dizer: “Entra, fecha a porta e senta”. Sim esse era o meu maior desejo: Ser um convidado no seu mundo. Não um estranho. Não mais um apenas, contudo o convidado especial dos lares do teu mundo.
Queria poder ver as cores ardentes dos teus pensamentos. As escadas de subida clive dos teus sonhos. E que se tivesse a oportunidade de tocá-los não seriam distantes para mim. Pelo contrário faria todos eles realidade. Realizaria cada sonho teu. Queria poder ver o rio de tuas metas. As coisas mais simples pelas quais labora continuamente. Não temeria entrar na sala escura onde residem tuas dores e teus medos. Aquele quartinho velho, aquele que todas as casas possuem. Onde se guardam os livros velhos, as coisas das quais não fazem mais uso. Queria entrar nas sombras dos teus medos. Na sala negra dos medos passados e dos presentes que escondes com vergonha de ser repreendida. Medo de ser chamada fraca. Medo de ser deixada para trás por não corresponder às expectativas dos outros. Queria poder ficar ali olhando os teus sentimentos mais sombrios e te mostrar que mesmo com eles teu valor não muda. Que também tenho medos e sombras que muitas vezes não me deixam continuar. E por mais que tenha cada um deles, maior em mim é o desejo de continuar.
Queria poder olhar as constelações do teu universo. As lembranças boas que estão contidas em cada astro de lembrança. Cada pequeno gesto em que está guardada as tuas memórias. Às singelas estrelas de tua vida. Aquelas que ainda iluminam as noites escuras da tua alma, que como pequenos pontos luminosos fazem nascer o espetáculo da tua esperança. São esses os pequenos anseios que te fazem continuar. Deixa-me aumentar o fulgor de sua luz sobre tua existência. Vamos descobrir novos entes de luz em cada novo olhar sobre tua história. Um olhar novo sobre cada pequeno ponto luminoso de tua vida.
Talvez hoje seja meu maior desejo. Poder entrar no teu mundo, nos fortificados castelos de tua vida. Não tenho pressa de fazê-lo. Esperarei o convite de teu coração ao meu. Serei paciente e quando quiseres entrarei em cada recanto de tua vida. Tão somente quando quiseres. Por enquanto me contento com você assim. Porque de todas as formas você tem valor para meu coração. E não a nada que por mais distante nos faça perder um do outro. Espero-te. Juro que espero esse dia e quando ele chegar poderá dizer: Prazer em conhecê-lo!

Para Kosmos desconhecidos ao coração, em cujo desbravamento anseia meu coração. Para aqueles que universos de distância separa,não universos físicos ,universos de vida!

2 de novembro de 2011

Apologia de um jovem pela Igreja


Segue na integra o texto de Brayan Leandro Barros. Vale a pena ler este texto que coloca por terra algumas visões irrealistas e um tanto minimalistas do serviço da Igreja em favor dos pobres. 

Oras, é muito fácil olhar uma coisa e achar "bonito" e sair espalhando por aí porque todo mundo esta fazendo e sem procurar saber como as coisas realmente são. O mais triste é que, muitas pessoas católicas ou não e que sabem que o sistema não é assim se calam por medo e muitas vezes repassando essas mentiras que circulam por aí.

Mas agora vamos aos esclarecimentos, tudo o que está escrito aqui é verdade, existem provas e fatos.
Pra quem acha que a Igreja Católica é um lugarzinho onde os padres falam "é porque Deus quis assim e pronto" aqui vai uma informação: a Igreja Católica é a instituição com o maior número de prêmios Nobel do mundo, ou seja, a Pontifícia Academia de Ciências conta com o maior número de membros laureados com prêmio Nobel sendo que foram majoritariamente escolhidos como membros da Academia bem antes de serem premiados, e quem pensa que essa academia é um clubinho onde padres se reúnem esta bem enganado, muitos dos cientistas membros, provenientes de todo o mundo, não são católicos.
E como eu gosto de matar a cobra e mostrar o pau, aqui vai o link pra quem quiser olhar e verificar: 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pontif%C3%ADcia_Academia_das_Ci%C3%AAncias


Agora sobre a questão dessa foto que fica circulando por aí.
Sabia que a Igreja Católica é a Maior Instituição de Caridade do Mundo?
Nossa, que contraditório isso não?
Sabia que se a Igreja Católica saísse da África 60% das escolas e hospitais seriam fechados?
Sabia que quando a epidemia de AIDS estourou nos EUA e as autoridades não sabiam o que fazer eles chamaram as freiras da Igreja pra cuidar dos doentes porque ninguém mais queria fazê-lo?
Que no Brasil até 1950 quando não existia nenhuma política de saúde pública eram as casas de caridade que cuidavam das pessoas que não tinham condições de pagar um hospital?

Links: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=jZeH9OQkFlY
http://temaspolemicosigreja.blogspot.com/2010/10/igreja-catolica-maior-instituicao-de.html
http://jornalpartilha.blogspot.com/2007/10/histria-das-ipsss-em-portugal.html
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223380820T2vFD3xo1Yc47NV1.pdf
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223380820T2vFD3xo1Yc47NV1.pdf

Agora, “por que a Igreja não vende tudo o que tem pra ajudar essas pessoas necessitadas ?"
Veja só, a Igreja não poderia vender o que ela tem nem se ela quisesse, os bens da Igreja Católica são patrimônio de Roma e de todos os outros países em que ela está presente, mas vamos pensar que a Igreja deva vender tudo, se for assim, talvez todos os museus de mundo também devam vender as suas artes pra ajudar no combate da miséria, talvez todos os países devam dar as suas riquezas, talvez todas as pessoas devam dar o que tem, talvez você deva dar o seu computador que esta usando agora para ajudar na luta contra a miséria.

E aí, que tal ?
E ainda tem gente que diz que a Igreja é ignorante, que não se preocupa com a ciência, que não faz caridade, que tapa os olhos diante das coisas do mundo.

Peço desculpas se alguém se sentir ofendido, mas tudo que escrevi aqui é verdade, pode procurar além das fontes contidas aqui que você vai achar também.
Mas primeiramente quem se sentiu ofendido fui alporque pessoas que não sabem nada sobre a minha fé andam espalhando essas falsas informações por aí. Portanto, eu não poderia ficar calado de braços cruzados e criei essa contra campanha.
Peço aos Católicos, aqueles que são realmente Católicos e não tem vergonha nem medo de assumir isso e a todos que concordam com o que eu escrevi sendo Católicos ou não, que divulguem minha proposta pra podermos acabar com essas mentiras que circulam por aí. Se tiverem dúvida podem me incomodar, porque o que eu souber vou tentar usar pra esclarecer.
Compartilhem.

Obrigado.
Brayan Leandro Barros.

30 de outubro de 2011

O universo de um abraço.



Outro dia refletia com dois amigos sobre a sinceridade e a força que um abraço tem. Tudo fruto de uma frase: ‎"Às vezes quando eu digo que estou bem, eu quero alguém que me olhe nos olhos, me abrace e diga eu sei que não está." Um deles disse com muita verdade: “Raifran o que mais falta no cotidiano são abraços que aquecem [...] por isso quando encaixar um bom abraço guarde-o o próximo pode estar distante!”. De certo nunca tinha parado para pensar nas possibilidades de um abraço. E um braço em verdade pode dizer muita coisa. Talvez ele seja o toque mais próximo dos corpos que se encontram. Seja ele o remédio das dores da saudade, seja ele o consolo da dor, a saudação na alegria, seja ele o retorno ao seio de quem se ama. O abraço é um universo em braços humanos. Um cosmos de sentimentos, com estrelas de inúmeros motivos para ele acontecer.
O triste de hoje é ver como as pessoas veem o abraço. Uma saudação sem sentido íntimo. Um simples toque de corpos, ou melhor, corpos que nem se tocam. Existe ainda aqueles que dizem que um abraço fere sua autoimagem, uma penas, pois estes nunca sentiram um abraço de verdade. São eles carentes do abraço verdadeiro. E creia nisso: Eles não sabem o que estão perdendo. Continuem em seu mundinho interior, contudo não os culpo. Quem não sentiu na vida um abraço de verdade, nunca e digo com toda a certeza, nuca saberá o que ele representa.
Vejo todo dia uma série de abraços. Recebo todos os dias uma série de abraços. Mas é triste saber que nem dois entre dez são verdadeiros. Abraços por conveniência, por simples educação. Abraços encharcados de falsidade. Abraços inebriados de interesse. Seria até uma profanação de este termo chamar esses gestos de abraços! Um abraço está além de todas estas realidades. Um abraço contém uma imensidão do universo das pessoas. Creio que um abraço é a imagem do perdão, da dor, da alegria, da saudade, do consolo, da verdade. E quem já sentiu um abraço de verdade pode corroborar comigo esta afirmação.
Abraço deveria ser tão sagrado, quanto o sagrado que guardamos com sentimentos religiosos. Devia ter tão sagrado quando aquilo que temos de mais amado. Um abraço esconde as verdades contidas em cada coração. Um abraço é o encontro de dois corações que se olham intimamente, e lado a lado se tocam em batidas reais. Sacralidade do abraço está contida no encontro que emerge íntimo dos entes que o realizam.
Tenho desejo do abraço daqueles que me amam de verdade. Daqueles que me prendem em seus braços e sinto as batidas dos seus corações. Sinto a força da verdade. Morre tristeza e dor. Morre solidão e desconsolo. Morre dúvidas e incertezas. Tudo desaparece quando na sinceridade de um abraço me vejo contido. E morre meu egocentrismo, meu orgulho e vaidade. Morre meus desejos mais desumanos. Sou novamente gerado em cada abraço verdadeiro. Abraço devia ser sinônimo de nascimento. Porque em cada novo abraço sou criança que aceita colo, sou um verso que nasce no seio de uma poesia, sou palavra incontida no texto de cada vida. E não me canso de perder-me nos braços daqueles que amo. Espero que muitos sintam nos meus abraços a sinceridade de meus sentimentos. Perdoe se não o transmitir estes sentimentos. Mas tentarei ser o mais real possível!



29 de outubro de 2011

Sobre nossa amizade!


  De uma carta que achei para Thais Rafhaela 

Thais Rafhaela,

Foi viajando no compasso destas letras, nesta viagem magnífica por significados e sinais de uma presença que se vigora nas certezas, e se modifica nos contextos em que fora inserido. Viajo nos semblantes e rostos, fisionomias e faces, de cada momento seu. Das alegrias em que tecias qual radiante céu e as certezas fundamentais de nossa amizade. Nas vielas das fissuras escritas com teor do tempo, tempo que edificou saudades e memórias em nossas vidas. Das manhãs em que nos unimos qual colméia de doçura, trazendo em nossos feixes as alegrias e tristezas que nos proporcionava á vida. Tu com teu alegre jeito relavam-nos aquilo que dizia o apóstolo Paulo, “alegrai-vos eu repito,alegrai-vos”. E qual sol de nossa vida trouxe a nós o radiar de teus encantos.
E que me seriam necessário dias incontáveis para revelar em tuas fortes e robustas cidadelas os louvores eloqüentes de tua pessoa, pois sendo eu tão pequeno, me menosprezo diante da grandeza de tuas afinadas e tão zelosas qualidades. Mais neste ressoar de data tão belíssima e maravilhosa quero contemplar em tão poucas palavras os limiares de teus predicados. Palavras simplistas diante do fulgor de nossa amizade, e que de tão paupérrimas, diante de teu ser, não são nada mais do que o compêndio de nossa doce e terna amizade.
Trago escritas em livros as coisas que passamos aquele dia em que como por força do evidente destino, foram-se traçada as conjunturas de nossa amizade. E que por esta mesma força foi-nos apresentado às mesas desta comunhão, nestas toalhas da vida, com amor e afabilidade, risadas e dias de sorvete. E fazíamos com que o tempo se eternizasse como realce de nossa fraternidade construída. Quem diria que naquele dia em que aos fundos de nosso templo de sabedoria, seria a gênese de nossa amizade, que nos seriam trazidos aos corações as afeições de termos coisas em comum, e de termos também desapreços e diferenças, mais que não são tão pequenas quando restituídas e ordenadas para o amor amigo.
Relevantes sinais nos foram traçados. Caminhos abertos para os recintos do conhecimento. Sabedoria nos foi concedida para tecermos palavras certas em nossas correções fraternas e se por muito nos faltaram quando nos desentendíamos mais em perdão nos foi acrescentado para o milagre de perdoar. Que momentos mais edificantes nos passamos juntos. Que feitos maravilhosos realizamos, compreendendo aos poucos o milagre da relação humana. Arquitetamos em nossas palavras e partilhas as maravilhas da Criação, e acima disto, a intimidade de nossas almas para um dia sermos encontrados um no outro.
Que manhãs belas manhãs foram aquelas. E conto horas para que se cheguem logo e não tardiamente se façam para novamente no fragor das cascatas da divisão de nossos corações, sejam elevados os auspiciosos caminhos desse encontro. Que palavras ditas por ti não são berço de pleno júbilo, talvez possamos fazer slides no POWER POINT, de nossos momentos, e que tragam em si as passagens constantes deste nosso carinho amistoso. Que um da possa nascer dias com neve em que caiam “frocos”! Águas solidificadas nas certezas de nosso sempre carinho de amigo. E que quais lagartas, possamos devorar as inimizades e novamente no casulo de nosso tão belo e terno coração criar novos laços de carinho. Que novas manhãs ressurjam e tragam em si as palavras cordiais de teu carinho que me chamam a saborear o sabor de teu alimento: “Senta aqui, lancha comigo!”. E que possamos ajuntar em nossos corações tamanhas lembranças dos momentos passados e olharmos o austero futuro que nos impele cada dia. Amizade que tão humilde chegou e fez morada. Doce amizade que se demonstrou grandiosa no recinto e nos elevou, recintos novos de contextos inimagináveis, e que de tão novos se fez novidade aos momentos passados.
E pode passar o tempo, este devorador de dias, e consumidor de manhãs, tardes, e noites. Que me seja devolvido nas consistências da memória, às palavras ditas nas mercês deste mesmo tempo. Que regresse com o este museu pessoal. Sendo ele colecionador de memórias passadas, aos vastos esquadrões deste mesmo, em que vivíamos nossos momentos e os tínhamos para a eternidade. E sei que já se coloca a postos pronto para devorar nossos dias restantes. Mas ainda possamos presenciar os momentos que resta. Eis que já se põe em porta de nossos corações, aquela cujo penhor mais aguça é sufocar-nos com as lembranças. Aquela cujo rosto trás escrita como em fotografias coladas às passagens marcadas do tempo que passamos, como um grande jornal que em seu corpo trás figuras de eternidade, desenhadas ao punho do mesmo tempo que devora aos segundos, e minutos, dias e horas, meses que passamos juntos. Saudade.
Saudade que fica destes tempos que passamos juntos. Saudade que força chegar, e repassa consigo as tristezas da partida. Saudade que como em cascas de “ozos”. Protege na fragilidade das coisas, os regenciais da ópera da vida. Protegem sobre sua casca os momentos, os significados repassados com os dias. Para que enfim com regressar de nossa mente tenhamos em vista tão bela,as significativas palavras. E sejam escritas com a pena da verdade e gravadas na parede da amizade. Na qual ao redor de si,plantamos flores de perdão e carinho.Enfim podermos dizer: Enfim “eramossomos” felizes.

26 de outubro de 2011

70x7 : A matemática do perdão


Certa feita li em um texto de Joseph Tissot a seguinte frase: “O perdão é um movimento do coração”. No momento da leitura essa frase ficou martelando em meu coração. E ela ficou marcada em minha mente "[...] movimento do coração". Só mais tarde compreenderia o porquê desta frase. Por que uma coisa é certa: Só sabe o que é perdão quem um dia o recebeu. A palavra de Deus nos trás uma série de textos que conduzem ao conhecimento do perdão. Dois deles trazem em si as mais belas demonstrações do que de fato é perdão. O primeiro texto encontra-se e no Evangelho Segundo São João Cap. 8, 1-11, relato da pecadora arrependida. O segundo texto lemos no Evangelho Segundo São Mateus Cap.18,21-35, a parábola do Senhor Misericordioso e o perdoado.
Porque estes textos são os mais expressivos sobre o perdão? De todo modo existe tantos outros textos sobre este tema e que se fossem aqui citados teríamos que escrever um verdadeiro tratado sobre tal. E com toda certeza esta não é minha vontade. Estes dois textos foram aqui recolhidos por sua expressiva mensagem sobre o tema do perdão. Temos uma visão um tanto que inexpressiva e meramente simplista do que seja de fato o perdão e perdoar. Resumimos o perdão em simples gestos exteriores e repletos de palavras e diálogos. Resumimos o perdão em nossa vontade e anexamos este mesmo ao cume de nossa vontade e prazer.
Estamos tão submetidos aos números e aos limites de uma sociedade em que tudo possui o seu valor e o seu número, que até mesmo o perdão foi enumerado em vezes. A pergunta do Apóstolo Pedro é o ponto de partida: “Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?” Mat. 18,21. E o Senhor dotado de amor e compaixão conta-lhe uma parábola. O rei que perdoa a dívida de seu servo que lhe devia uma quantia exorbitante, isto porque de fato quem ler este texto percebe a expressivo valor da dívida: 10 mil talentos, o que corresponde a 174 toneladas de ouro! E o servo clamando clemência ao rei alcança dele a graça do perdão. Mas este mesmo não soube usar de compaixão para com o irmão que lhe devia uma quantia mínima de cem denários, que equivale a menos que 30 gramas de ouro, assim ele o agarrou cobrando-o. Só sabe de fato o valor do perdão quem de coração o recebeu em seu ser. Vejam a loucura deste servo! Ele que havia recebido do seu Rei e Senhor a graça da miséricódia, agora age implacável em cobrar o seu irmão.
Após a leitura atenta deste texto pude compreender o que de fato quer dizer “um movimento do coração” e o fato de porque o perdão não pode ser reduzido a números e valores. A resposta do Senhor a Pedro vem somada a um verdadeiro calculo do amor: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” Mat. 18,21. Assim se resumi o perdão. Não existe valor que possa medir o número de vezes que o perdão deve ser colocado em prática. Não há nada que meça o verdadeiro valor de um perdão dado com o coração. Isso é um movimento do coração.
O perdão exige de nós o abandono total de nosso orgulho e vaidade. A sinceridade de um coração é que torna real o arrependimento. Onde existe amor real não há lugar para egoísmos e orgulhos! Não cabem estas realidades em mesmo sentido. O perdão é o abandono de nossas convicções e vontades em favor da paz interior. Como eu, tenho certeza que também você já se sentiu mal por estar magoado ou por ter magoado alguém. Neste momento surgem os mais variados pensamentos: “Ele que venha até mim”; “Devia procurá-lo”; “Porque toda vez tenho que pedir perdão?”. Aqui se fixa com o sentido real dessa abnegação de convicções, princípios e valores. Quem faz a experiência de sempre perdoar reconhece de fato o valor que tem um perdão concedido com amor.Vejam quanto amor o Senhor não sentiu por aquela pecadora. Ela já sentia em si o peso da morte. Mas bastou um simples movimento do coração que tudo perdoa para ela novamente se sentir viva. Ele abandonou suas convicções religiosas e sociais. 
Um perdão que não se resumi em simples gesto corporal ou dialógico. O perdão exige antes de nós um verdadeiro sentimento de amor para com o próximo. Não devemos nos esquecer de que também nós um dia cairemos! O perdão só existe onde existe amor real e verdadeiro. Vejam irmão o quanto devemos ao Senhor, devemos de fato uma dívida que nunca seremos capazes de pagar: Ele morreu crucificado, padeceu por nossas faltas. E não existe nada no mundo que pague esta dívida de amor para com o Sumo Bem. Todos nós temos pecados! E estamos propensos ao erro e falta. Então está na hora de soltarmos nossas pedras das mãos e ouvimos ajoelhados diante do Amor Eterno à frase que também nos cabe: “Ninguém te condenou? [...] eu também não te condenarei.” Jo 8,10b.11a.


24 de outubro de 2011

Esquema Seminário Tomás de Aquino


1.           Teodicéia
*        Gnosologia Tomista
*        Os sentidos
*        O conhecimento de Deus
A existência de Deus (“As quinquae viae”)
*        As cinco vias
*        Contexto das cinco vias
*        1 Argumento do primeiro motor
*        2 argumento da primeira causa eficiente
*        3 argumento do existente necessário
*        4 argumento pelos graus do ser
*        5 argumento do governador supremo das coisas
Do primeiro motor
*        Ato e potência
*        Motor imóvel
*        Caminho de mutação
Da primeira causa eficiente
*        Ordem das causas eficientes
*        Impossibilidade do infinito de causas eficientes
Do existente necessário
*        Sobre a existência das coisas
*        Sobre a contingência das coisas
*        Sobre a contingência dos seres
*        Causa das coisas
Pelos graus do ser
*        Graus das coisas existentes
Ø  Observa-se no espetáculo da criação e apoiam-se na experiência, que os revela os graus de perfeição a partir dos quais nos elevamos ao Soberano perfeito.
Ø  Ele difere totalmente dos argumentos de diversos filósofos anteriores ao Aquinate ,pois estes se mantenham na ordem puramente idealista.
Ø  Distingue-se dos anteriores porque não considera somente a operação, a geração, e a corrupção. Contudo algo mais profundo e permanente ,que pertence à ordem mesma do ser, isto é os degraus do ser.
Ø  Existem seres no mundo que possuem mais ou menos vida, mais ou menos inteligência. Deve existir um ser que seja soberano nestas coisas.
Ø  Logo, existe um ser que seja causa de todas essas coisas por possuí-las ,pois em si reúne o perfeito destas (Plenitude e predicados.
*        A perfeição e graus
Do governador supremo das coisas
*        Governo supremo
Ø  Esta aplica e coroa a 4 via – pois evidência a ordem nos graus mais ou menos perfeitos.
Ø  Este argumento é chamado de cosmológico, pois é tirado da ordem do universo.
*        Ordem das coisas e governo
Ø  A ordem das coisas supõe ordenação, e um ordenador supremo. Sendo este primeira inteligência e sabedoria essencial.
Ø  Existe no mundo e na natureza uma ordem particular, ou seja, uma inclinação de cada coisa para seu próprio fim.
*        Finalidade
Ø  Todas as coisas pressupõem uma organização e harmonia aos quais se dirigem para um fim comum. Isso nos leva a crer que exista um ordenador que seja supremo, perfeito, poderoso.

Propriedade de Deus
*        Propriedade do ser supremo
Todos os enunciados relacionados sobre a essência de Deus em três pessoas subtrai-se a razão natural e se baseia de exclusivo na fé.
*        Deus e o conceito tomista
Ø  A essência de Deus e sua relação com o mundo é acessível ao homem até certo ponto.
Ø  Não podemos tocar a Deus totalmente nem podemos definir a sua essência.
Ø  Para isso seria necessário saber a que gênero ele pertence.
Ø  Não existindo nada acima de Deus, só nos resta partir pela via ascendente sendo, porém esta essencialmente negativa.
Ø   
*        Conhecimento negativo da essência divina
*        Prova do movimento
Ø  Este ponto está intimamente ligado as 5 vias; É mormente coroado pelo movimento.

*        Absoluta independência do tempo
Ø  Sendo Deus o primeiro motor, segue-se em primeiro lugar, sua absoluta independência do tempo.
*        Exclusão de toda potencialidade de Deus
Ø  Deus é ato puro. Nele não acontece mudança, ela é própria dos seres contingentes.
*        Não há composição em Deus
Ø  Em Deus não há composição, Deus é seu ser.
Ø  Que Deus seja totalmente simples se pode provar de várias maneiras:

1. Pelo que precede. Como em Deus não há composição nem de partes quantitativas, pois não é um corpo; nem de forma e de matéria, nem distinção de natureza e supósito; nem de essência e ser; nem composição de gênero e diferença, nem de sujeito e de acidente, fica claro que Deus não é composto de nenhuma maneira, mas totalmente simples.

2. Porque todo composto é posterior a seus componentes e dependente deles. Ora, Deus é o primeiro ente, como já foi demonstrado (q.2 a.3).

3. Porque todo composto tem uma causa. Assim as coisas que por si são diversas não conformam uma unidade, a não ser por uma causa que as unifique. Ora, Deus não tem causa, como foi demonstrado (q.2 a.3), sendo a primeira causa eficiente.

4. Porque em todo composto, há de existir potência e ato, o que não há em Deus, porque, ou uma das partes é ato em relação à outra, ou pelo menos as partes se encontram todas em potência com respeito ao todo.
Conhecimento analógico de Deus
*        Via negativo – conhecimento analógico
Ø  Mesmo que tenhamos que seguir a via negativa de conhecimento, o homem permanece insatisfeito .
Ø  Assim ele parece estéril redundando em um agnosticismo.
Ø  Por isso a par do conhecimento negativo ,possuem um conhecimento analógico.
Ø  Significa que todos os predicados explícitos ou implícitos de modo negativo ,aplicam-se a ele de modo analógico.
Ø  Ele procura mostrar assim a distância entre Criador e criatura e justificar os enunciados positivos que o homem afirma sobre o Criador.
*        Semelhança e comparação
Ø  Com essa teoria ele se opõe a teoria da iluminação. Ocorre aqui o princípio da semelhança e da comparação.
*        Criatura imitadora
Ø  A criatura que imita o Criador ,uma imitação de modo finito.

*        Doutrina da iluminação e Tomás de Aquino
*        A) as criaturas são semelhantes a Deus
Ø  São semelhantes por serem causadas por ele. A causa deve conter seus efeitos.
*        B) Nada é unicamente predicável de Deus e das criaturas
Ø  Não existe nada que possa conter ou predicar a Deus.
*        C) Certos predicados não são enunciados de modo puramente equívoco de Deus
Ø  Ainda que equívocos nosso predicados remetam de certa forma a Deus, pois a identidade no nome não se baseia em nenhuma relação com as próprias coisas.
*        D) Os predicados positivos são enunciados analogicamente de Deus e das criaturas.