Inicío

1 de janeiro de 2012

Esperai, observai, confiai e cuidai




Nos caminhos da descoberta do sentimento que parte de nós para o outro, existe o pleno desejo de amar intensamente o outro de forma semelhante ou ao menos aproximada. A resposta para com o sentimento do outro se torna tão necessária quanto à própria realidade que subsiste na relação, este é o passo que surge do desejo de amar com os sentimentos amostra e com o coração voltado ao irmão, ao amigo, ao namorado e esposo. Os caminhos que passam pelo encontro pedem passos que nasçam do sentimento adquirido para com o outro: Esperai, observai, confiai e cuidai.
Estes são os pilares que fazem sustentar as bases sólidas de uma construção que pede o introito ao coração e a vida do outro. Não podemos arrombar as portas da vida do outro, não podemos invadir a morada de vivência do outro. O amor exige a simplicidade da espera, o olhar verdadeiro da observação, o coração que inebria confiança e o desejo único do cuidado. Nessa edificação de colunas fortes, como toda boa construção, o equilíbrio dos materiais usados com a beleza do conjunto é essencial. Não podemos elevar demais nem a um, nem a outro. Essa é a perspectiva de uma construção baseada no equilíbrio das partes. Pensai bem como seria desagradável uma casa em que o banheiro é maior do que todos os outros cômodos, em que ele seja do tamanho de uma sala e os demais cômodos do tamanho que caberia ao banheiro.
Esperai - A esperança é o sentimento que brota nos corações fortes. Um coração esperançoso é sem sombra de dúvidas o baluarte de alegria de todo homem que o possui. A esperança coloca fogo nas lenhas dos sonhos, ela fortifica as incertezas que temos na vida. Saber esperar é saber colocar o coração diante da realidade ainda não adquirida. E a esperança não engana, ela concede! Esperar o tempo certo do outro para os acontecimentos de todo relacionamento, esperar a descoberta do outro. Esperai que no tempo certo o outro possa mostrar-se para ti. Que no tempo certo ele deixe seus pés tocarem os limiares de suas portas. Esperar porque quem possui nosso apreço é a maior de todas as provas de amor. É o maior de todos os cuidados de um amigo. A esperança é o olhar sereno que mira uma escada cheia de luz e serenamente espera a hora certa de subir os degraus.
Observai - Observe bem os gestos, as falas, as ações incógnitas contidas nas atitudes do outro. Um encontro sem a observação é andar nos lugares escuros de uma floresta e sair topando nas árvores. O encontro exige observação como complemento da descoberta do outro. A observação deve ser os feixes de luz focados sobre o outro de forma que possamos aos poucos tocar sua vida. O amor exige observação para saber os limites de nosso contato, os limites do outro e os nossos próprios limites. Nasce desta observação o olhar verdadeiro sobre a realidade do outrem e da nossa própria realidade. Um olhar sobre tudo aquilo que nos cerca e nos fala de forma implícita e explícita. Observar é perceber as virtudes e a capacidades que o outro possui. Você não parte para um lugar sem antes bem saber onde fica ou como é. Para entrar no solo sagrado do irmão é preciso a observação.
Confiai - De todos estes o que pede nossa intensa vontade e paciência é o da confiança. Confiar é algo que pede todo o empenho de quem doa e de quem recebe. Sim, de quem doa! Porque confiança é um dom que todo homem deve conceder somente aqueles que sabem guardar bem esse tesouro. Confiança é uma estrada de duas vias: uma é nossa, outra é do próximo. Confiança exige também o labor de acreditar que tudo em seu tempo será concedido. Por isso confiai que em seu tempo todas as coisas serão concedidas ao teu coração, confiai que há seu tempo será dado àquilo que pedes em tua oração. Confiança na providência, que em seu tempo certo distribui as virtudes e as graças para a fortificação do encontro. Confiai de modo a não existir medo em acreditar nos caminhos que emergem da descoberta do outro.
Cuidai – Um jardim exige um cuidado especial de quem possui. Precisa ser irrigadas, folhas secas precisam ser rasteladas, ervas invasores precisam ser retiradas. O cuidado com o  jardim é que determinará a sua beleza. O amor e tal e qual um jardim que sem os cuidados do outro morre. O outro é tal e qual um jardim que exige as singelezas do cuidado de quem ama. Essa é uma verdade real e verdadeira. O amor, o outro sem cuidado morre na nossa vida. As flores mimosas da descoberta secam, os lírios formosos dos sonhos se acabam, as violetas esmeras do carinho se esvaem. Muitos custam acreditar, mas o amor pode ser sufocado. A afirmação de que se acabou nunca foi amor de verdade é completamente errónea. Pode ter sido amor, mas foi duramente sufocado pela falta de cuidado, como as flores escondidas pelo peso de uma pedra. Cuidai para não sufocar as flores semeadas no jardim do encontro.
Possamos a cada novo passo da descoberta e da fortificação do encontro e dos pilares deste edifício  encontrar os laços que unem os corações. Laços que tornam amigos irmãos, que fazem casais de namorados fazerem o caminho de amor, que tornam casais uma só carne. O coração pede mais do que alguém, ele pede alguém que seja capaz de responder de forma sincera e real aos seus anseios e o receba tal e qual é. O encontro pede a esperança de ter, a observação de quem busca um coração, a confiança de quem acredita na possibilidade de ser feliz com outro e o cuidado de quem coloca no outro as simplicidades e belezas de um jardim plantado nas terras boas do coração.

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