Inicío

15 de novembro de 2011

Sobre a saudade e outras coisas de sua realidade.


De todos os sentimentos e atitudes do coração que me intrigam, existe uma em particular que move os meus pensamentos e sentimentos do coração. Ela parece uma resposta do coração aos tempos antigos, ou até mesmo aos presentes que não são vividos com a intensidade do coração. Saudade. Ela parece que chega sem percebemos, sem que sintamos sua gênese em nossos corações e quando nos damos conta já estamos sentido. Não faz alarde, não grita. Ela chega aos poucos e quando nos damos conta já se faz sentada ao nosso lado. Só temos uma certeza sobre a saudade: “Só se tem saudade do que é bom”. A saudade sem sombra de dúvida é a resposta do coração para o significado que partiu. Para a perda de um significante em nossa vida. Os vazios da saudade são as consequências de um coração que deixou em outro suas marcas. Aquele que parte leva sempre um pedaço de nós.
A saudade se forma no coração com o apreço que temos por alguém. Ela se apropria dos sentimentos bons que nascem no coração e faz deles motivo para amarmos, apreciarmos e queremos bem. Constrói significados e estes por sua vez completa a vida daqueles que o recebem. Saudade é traiçoeira. Ela não procura nada mais do que confirmar aquilo que já sabíamos: O amor que temos por algo.  Só sentiremos saudades daquilo que muito amamos. Quanto maior a saudade, maior será o peso do significado que aquele tem para nós.
O intrigante da vida é que ela esta repleta de saudades. O homem de segundo em segundo edifica casas de saudade em seu ser. Ele edifica as bases no momento em que confia seu ser, sua amizade, seu coração, sua vida a outro. Nasce no amor toda saudade. Todas as vezes que confiamos todas essas realidades a alguém, naquele instante assinamos nosso contrato de saudade. E ela vem com toda certeza fazer as cobranças deste termo assinado com a vida. Saudade não perdoa nenhum coração. Todos os corações estão propensos à saudade e todos estão predispostos a viver essa realidade silenciosa.
Por estes tempo pude ir ao aeroporto deixar um amigo que partia. Ele iria ficar alguns meses fora. Iria fazer um curso de especialização no México. E ali pude comtemplar as facetas da saudade. Aqueles que partiam sentiam a dor do deixar e os que ficavam a dor do partir. A saudade é uma via de duas mãos. Quantos corações ali sentiam esse sentimento. Creio que se existisse um instrumento mecânico capaz de medir a saudade, naquele instante ele marcaria um elevado nível de saudade em todos que ali estavam. Não sei por que aeroporto, rodoviária, estação de trem para mim já tem sinônimo da saudade. E quem já passou pela mesma experiência sabe bem o que digo.
O mais importante da saudade é saber que os que partem não partem por completo, e os que ficam ainda sentem a presença. O abraço da despedida não quebra as forças da presença. O que move os sentimentos da saudade é a certeza de que aqueles que se separam estão tão mais íntimos de si. A força do coração trata de unir as distâncias. Vale bem o trecho da canção que diz: “Sair não é deixar. Estar não é cuidar. Perto estas se dentro estas. Crescer não é mudar. Cuidar não é ficar, fica tua vida em mim. Sair não é deixar. Estar não é cuidar, perto estas se dentro estas.”.

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