
Porque estes textos são os mais expressivos
sobre o perdão? De todo modo existe tantos outros textos sobre este tema e que
se fossem aqui citados teríamos que escrever um verdadeiro tratado sobre tal. E
com toda certeza esta não é minha vontade. Estes dois textos foram aqui
recolhidos por sua expressiva mensagem sobre o tema do perdão. Temos uma visão
um tanto que inexpressiva e meramente simplista do que seja de fato o perdão e
perdoar. Resumimos o perdão em simples gestos exteriores e repletos de palavras
e diálogos. Resumimos o perdão em nossa vontade e anexamos este mesmo ao cume
de nossa vontade e prazer.
Estamos tão submetidos aos números e aos
limites de uma sociedade em que tudo possui o seu valor e o seu número, que até
mesmo o perdão foi enumerado em vezes. A pergunta do Apóstolo Pedro é o ponto
de partida: “Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar
contra mim? Até sete vezes?” Mat. 18,21. E o Senhor dotado de amor e compaixão
conta-lhe uma parábola. O rei que perdoa a dívida de seu servo que lhe devia
uma quantia exorbitante, isto porque de fato quem ler este texto percebe a
expressivo valor da dívida: 10 mil talentos, o que corresponde a 174 toneladas
de ouro! E o servo clamando clemência ao rei alcança dele a graça do perdão.
Mas este mesmo não soube usar de compaixão para com o irmão que lhe devia uma
quantia mínima de cem denários, que equivale a menos que 30 gramas de ouro,
assim ele o agarrou cobrando-o. Só sabe de fato o valor do perdão quem de
coração o recebeu em seu ser. Vejam a loucura deste servo! Ele que havia
recebido do seu Rei e Senhor a graça da miséricódia, agora age implacável em
cobrar o seu irmão.
Após a leitura atenta deste texto pude compreender
o que de fato quer dizer “um movimento do coração” e o fato de porque o perdão
não pode ser reduzido a números e valores. A resposta do Senhor a Pedro vem
somada a um verdadeiro calculo do amor: “Não te digo até sete vezes, mas até
setenta vezes sete.” Mat. 18,21. Assim se resumi o perdão. Não existe valor que
possa medir o número de vezes que o perdão deve ser colocado em prática. Não há
nada que meça o verdadeiro valor de um perdão dado com o coração. Isso é um movimento
do coração.
O perdão exige de nós o abandono total de
nosso orgulho e vaidade. A sinceridade de um coração é que torna real o
arrependimento. Onde existe amor real não há lugar para egoísmos e orgulhos! Não
cabem estas realidades em mesmo sentido. O perdão é o abandono de nossas
convicções e vontades em favor da paz interior. Como eu, tenho certeza que
também você já se sentiu mal por estar magoado ou por ter magoado alguém. Neste
momento surgem os mais variados pensamentos: “Ele que venha até mim”; “Devia
procurá-lo”; “Porque toda vez tenho que pedir perdão?”. Aqui se fixa com o
sentido real dessa abnegação de convicções, princípios e valores. Quem faz a
experiência de sempre perdoar reconhece de fato o valor que tem um perdão
concedido com amor.Vejam quanto amor o Senhor não sentiu por aquela pecadora. Ela já sentia em si o peso da morte. Mas bastou um simples movimento do coração que tudo perdoa para ela novamente se sentir viva. Ele abandonou suas convicções religiosas e sociais.
Um perdão que não se resumi em simples gesto corporal
ou dialógico. O perdão exige antes de nós um verdadeiro sentimento de amor para
com o próximo. Não devemos nos esquecer de que também nós um dia cairemos! O
perdão só existe onde existe amor real e verdadeiro. Vejam irmão o quanto
devemos ao Senhor, devemos de fato uma dívida que nunca seremos capazes de
pagar: Ele morreu crucificado, padeceu por nossas faltas. E não existe nada no
mundo que pague esta dívida de amor para com o Sumo Bem. Todos nós temos
pecados! E estamos propensos ao erro e falta. Então está na hora de soltarmos
nossas pedras das mãos e ouvimos ajoelhados diante do Amor Eterno à frase que
também nos cabe: “Ninguém te condenou? [...] eu também não te condenarei.” Jo 8,10b.11a.
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