Inicío

5 de outubro de 2012

Alto Paraíso: Deus em suas belezas!



O novo é sempre algo repleto de um mistério. Ele nos remete ao desconhecido, ao mesmo presente e ainda desconhecido. O novo é sem precedentes a realidade ainda intocada pelos sentidos. Foi justamente em contato com esse novo que fiz uma profunda descoberta em minha vocação: O novo é algo fascinante. Fascinante no sentido mais pleno da palavra. A aventura contida no desconhecido faz emergir em nossos corações a esperança de que esse novo crie novas experiências e essas mesmas possam perdurar. Este ano de 2012, juntamente com meu irmão de seminário Everton Borges, tivemos uma fabulosa experiência desse novo e desconhecido na pastoral de férias: desbravar a chapada dos veadeiros, mais precisamente a cidade de Alto Paraíso. Conhecida por suas belezas naturais, Alto Paraíso é uma babel de culturas religiosas e de diversidade, suas mais de 135 denominações religiosas atestam essa afirmativa. 
 Sentimos o respeito e o carinho de muitos que nos acolheram em suas casas para partilharmos refeição. Não somente o respeito, contudo a alegria e o cuidado de sempre acolher-nos com toda diligência e bondade. O cuidado das funcionárias da casa paroquial no cuidado de sempre nos oferecer o melhor de sua hospitalidade e serviço. Pessoas que rezaram por nós e com nós, de maneira que unidas conosco partilharam de nossas dificuldades pastorais.  Alto Paraíso foi o momento de provar no coração as dificuldades e alegrias que um sacerdote encontra no seu dia a dia e confirmar aquilo que sempre escutamos: Sem a Graça de Deus não somos nada. Encontramos nossa força e alegria justamente na oração e na vida fraterna que se fortalecia a cada dia nesta cidade abençoada por Deus em suas belezas e na sua gente.


O mais belo de toda essa diversidade religiosa é a maneira como essas culturas religiosas vivem uma experiência de tolerância e respeito. Não uma tolerância marcada por uma maquiagem falsa e fingida, entretanto respeito completo da escolha religiosa do outro. Não podemos deixar de citar, não obstante, ao próprio ecumenismo existente entre os cristãos dessa cidade, que de maneira visível tentam partilhar a alegria do Deus verdadeiro que busca reunir num só corpo os seus. Lemos no decreto do concílio Vaticano II “UNITATIS REDINTEGRATIO” sobre o ecumenismo: “Hoje, em muitas partes do mundo, mediante o sopro da graça do Espírito Santo, empreendem-se, pela oração, pela palavra e pela ação, muitas tentativas de aproximação daquela plenitude de unidade que Jesus Cristo quis”.
Alto Paraíso norteia para os princípios da nova evangelização proposta para nossos tempos. Os católicos, que assim denominam-se precisam novamente descobrir as coisas belas de sua fé. Quantos encontramos nas ruas que se diziam cristãos católicos com uma imensa alegria no rosto, contudo nem se quer participavam da vida da comunidade. Não podemos culpa-los é claro, tendo em vista que muitas comunidades estão em mesma situação, de católicos que proferem verbalmente o catolicismo, contudo estão afastados da vida comunitária. É preciso novamente demonstrar as belezas contidas no Credo de nossa Fé. Desvelar este tesouro guardado nos baús de nossa Tradição e do Magistério da Santa Igreja.
Durante este tempo que ficamos nesta cidade foi o momento de sentirmos os desafios que um sacerdote enfrenta cotidianamente. Preparamos os festejos de São Sebastião sobre os cuidados da graça do Espírito de Deus e de pessoas, que munidas deste mesmo Espírito, nos ajudaram a realizá-la. Em meio a dificuldades e tropeços, incertezas e medos, fomos capazes de perceber a ação de Deus em cada acontecimento. Deus que novamente conduz os corações para si em meio ao silêncio e a formosura que se encontram neste lugar de belezas naturais únicas.
                Dias de uma novena abençoada, logo no primeiro dia contamos com a presença de nosso Pai e Pastor Dom Paulo Roberto Beloto e da visita alegre dos sacerdotes da Diocese de Marília. Durante os dias de novena rezamos pelas mais diversas dificuldades e pessoas que fazem parte da vida da comunidade: crianças, melhor idade, casais. Etc. E que alegria no dia em que celebramos com a juventude ver aquela capela repleta de jovens sedentos de Deus. Belo ver no rosto de cada um deles a alegria de querer ser de Deus. Juventude que buscava na sua alegria e manifestar o seu amor ao Deus de todo Bem.
Louvores mil ao Deus de toda graça. Ele, que na sua bondade sempre presente e no seu amor eterno, nos conduziu e cuidou de nossos passos. Para ele deixamos as pequenas sementes do Reino que plantamos nesta cidade. Deixamos para Ele nosso empenho de fazer sempre o melhor para seu povo. Essa é dádiva do trabalho de nossas mãos. Rezamos então com o salmista: “Os teus votos estão sobre mim, ó Deus; eu te renderei ações de graças.” Salmos 56,12.
“Não existe cansaço para quem ama. Amar é infinitamente mais desejoso. Uma ânsia do coração. Quanto mais ama, mais pouco parece ter feito. O coração de quem ama é um oceano de serviço.”                                                               F. Cultaz. 

21 de setembro de 2012

“Um amigo é um poderoso refúgio quem o descobriu, descobriu um tesouro.” Eclo 6,14


“Um amigo é um poderoso refúgio quem o descobriu, descobriu um tesouro.” Eclo 6,14
      Esta definição do Livro do Eclesiástico é sem sombra de dúvidas a mais legítima e autentica sobre o dom da amizade. Cabe nela os predicados e adjetivos mais reais e verdadeiros sobre o amigo. Poderoso, refúgio, tesouro. O amigo não é poderoso por ter terras ou poderes temporais, reinos e governos, riquezas materiais que possam ser definidoras de seus poder. O amigo é poderoso por ter na casa do coração uma força que ele não sabe e nem pode definir. Podemos apenas dizer que é um poder de alteridade. Um sentido que o leve ao outro como forma de expressão dessa força, deste mesmo poder. O amigo é poderoso, porque buscando ser irmão, ser outro, ser forte ele busca fortaleza e coragem para si e apara aquele que trava amizade. O amigo é poderoso porque esconde em si as possibilidades de proteção e cuidado do outro. Na adversidade ele consola, na guerra ele é paz, na tempestade é bonança, na saudade presença, na ausência é lembrança. Poderoso é o amigo por ser imagem do porto seguro primeiro, no caso o Sumo Bem. O amigo é a corda que sustenta a íntima relação entre o outro e Deus.
Não é atoa que legítima amizade deve estar fundada nesse princípio: AMAR O OUTRO COMO IMAGEM DE DEUS, LEVAR O OUTRO PARA DEUS. São Paulo da Cruz dizia a seus filhos espirituais: “Quereis fazer amigos de verdade. Façam eles no Coração de Deus. Ali existe amizade em plenitude.” Amizade sem esse encontro com o Amigo por excelência não passa de mero encontro. Posso dizer com toda a certeza que amigos que se colocam em contato com o esse Amigo em ato, colocam em seus amigos todo amor! O homem deve ser antes de tudo amigo de Deus para buscar no coração humano, imagem e semelhança do mesmo, a amizade. Sendo que o amor de Deus possibilita toda boa relação humana. Recordo aqui a frase do grande monge e escritor Thomas Merton, na sua conhecida obra “Homem algum é uma ilha”, afirma: “O amor dos homens em Deus só sabe crescer em profundidade: ele mergulha cada vez mais em Deus e por isso alarga sua capacidade de amar os homens”.
Deus deve ser de fato o cerne primeiro de toda amizade. Olhando o Pai como autor de uma amizade, o homem reconhece que em Deus tudo é frutificante e bom. O próprio Santo Agostinho reconhece que somente amando Deus nos amigos o homem é capaz de criar laços além de sua própria naturalidade como ser. A verdadeira amizade é está em Deus e estando em Deus amar os homens que são a imagem e semelhança Dele. Está em Deus nossa fonte de boas amizades. Recordo aqui a frase de J.J Joanes: “Amizade é tal e qual ver no outro os olhos de Deus. Aquele que ama a Deus com infinito amor, seria também capaz de amar com sentimento o seu amigo”.
        O amigo é refúgio na medida em que deixa um pouco de si para ser para o outro. O refúgio é esconderijo que concede proteção contra as adversidades da vida. Longe de ser um escape de nossos problemas, o amigo é aquele que nos encerra a paciência e coragem de continuar, mesmo diante de tantos problemas e dificuldade. Prova-se um amigo pela nobre capacidade de ser alegria, fortaleza, caridade, irmandade em todos os momentos da vida. Ele é aquele que conhece todos os teus problemas antes mesmo que o digas. Porque amizade sem conhecimento do outro é como entrar em uma sala escura e enunciar os seus pertences. Refúgio que protege e ampara, consola e dignifica e novamente mostra o caminho para o outro. O extremo desse adjetivo está naquela frase comovente e intrigante de Cristo: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.” Jo 15,13. O amigo refúgio vai aos extremos de si mesmo. Ele procura em todas as coisas ensinar, mostrar o caminho e consumir-se para o seu irmão.
        O homem rico que tinha todas as coisas perdeu seus bens no mundo. O que restou para si? Ora, se este tiver um amigo de verdade, este será a verdadeira riqueza possuída. O amigo é um tesouro sem igual. Buscam os homens preservar seus bens e suas riquezas materiais, porém não sabem que maior riqueza é ter um verdadeiro amigo. Quem descobriu um amigo, de fato descobriu um grande tesouro. O amigo é um tesouro conquistado no labor do tempo e da verdade. Não está em peso com as riquezas e as honras, o amigo de fato transcende estas realidades. O amigo é dom de Deus e sendo ele dom de Deus é gratuito. Um dom que recebemos não por nossos méritos ou forças, mas como prova da presença de Deus em nossa vida. Concernente nesse dom e riqueza está à bondade de Deus em nossas vidas que com benignidade concede tal tesouro para nossa vida.
        Escrevo este texto nesta data de hoje para um amigo de forma especial. Hoje ele    completa mais um ano de vida. Mais um trajeto de sua história é traçado no Livro da Vida. Ele que de forma especial nestes últimos dois anos têm sido um pouco de tudo isso. Um irmão conquistado na adversidade e no caminho. Traçado escrito na vontade Suprema e única do Sumo Bem de nossas almas. Este texto é muito mais do que uma forma de expressão ou formação, ele é com toda certeza um agradecimento verdadeiro para um amigo irmão. Que Deus te abençoe Nielson Guilherme e te torne santo segundo Seu Coração. Não desista do seu chamado. Pensai bem que antes mesmo que tu fosses ele já havia escrito teu nome e penso que naquele momento ele disse: “TU ÉS MEU!”.
Felicidades meus irmão!

7 de setembro de 2012

Vocacionado : Vinde e Vede!


Os primeiros discípulos quando viram o Senhor, ficaram extremamente intrigados com as palavras de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus” Jo 1,26. A palavra de João deixou os seus corações inquietos que diziam no íntimo de si: “Quem é este?”, porque “Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus.” Jo 1,37. Procuram então conhecer mais sobre o Senhor. Surge então o convite: “Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que procurais? Disseram-lhe: Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras? Vinde e vede, respondeu-lhes ele.” Jo 1,38-39.

O chamado do Senhor para estes dois discípulos é o mesmo chamado que se repete no coração de tantos jovens que buscam responder a Ele na vida sacerdotal e religiosa. “Vinde e vede!” são estas as palavras que concluem o encontro destes dois corações intrigados e fascinados por Jesus, cujo testemunho veio de João. Tantos são os jovens que também experimentam esse chamado através do testemunho de outros que um dia disseram seu sim. Surge muitas vezes, diante de tal chamado, a incerteza sobre qual caminho seguir. A resposta do Senhor para estes questionamentos é a mesma resposta que ele concedeu aos seus primeiros discípulos: “Vinde e vede!”. De fato uma vocação só pode ser maturada e provada pela estreita relação deste encontro com o Senhor. Ir e ver este Jesus que chama é antes de tudo uma necessidade para acontecer o encontro de intimidade com Ele.

A dimensão do encontro com esse Cristo que convida a Vir e ver é fortificada no coração pelo permanecer. Permanecer com ele é intensificar este encontro e torna-lo cada vez mais sólido e verdadeiro. Uma vocação deve ter essa dimensão bem enaltecida e clara em seu cerne e gênese. O que acontece com muitos de nossos vocacionados nos tempos de hoje é o profundo medo das possibilidades que surgem no caminho. Conhecem o Senhor, sabem de seu chamado, contudo estão receosos da resposta. Qual caminho seguir? A resposta para este questionamento é a mesma que o Senhor deu aos seus primeiros discípulos: Vinde e vede! Tão somente experimentado e nutrido deste encontro seremos capazes de discernir com maior intensidade e vivacidade o chamado de Deus para nossa vida e história.

 A certeza de uma vocação é feita cada dia neste encontro com o Senhor. Muitos jovens perguntam: Como é o seminário? Como é ser seminarista? É bom ser chamado por Deus? Todas as respostas para estas perguntas estão deitadas sobre o mesmo aspecto, o aspecto da experiência. Para sentir estas realidades como resposta é preciso tornar-se participante da vida de seminário mediante o caminho de formação que nos oferece a Santa Igreja. Caminhar de maneira que possamos ter este laço, do encontro e da intimidade com o Senhor, alargado e aprofundado ao extremo de por dizer juntamente com o apóstolo: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” Gal 2,20.

A experiência dos primeiros discípulos fez gerar frutos de Vida Eterna. Eles foram ousados em responder com determinação aquele convite do Senhor. Largaram as redes da pesca e foram em busca dos corações que estavam à espera de alguém que pudesse mostrar este Jesus que escutaram e experimentaram pelo encontro. Talvez seja você, eu e tantos outros que irão mostrar para vários corações o rosto deste Senhor Ressuscitado, que no transpassar do tempo repete incessante e ardente de amor: Vinde e vede!


30 de agosto de 2012

Ferido de Amor


Senhor em que momento fui por ti achado? Como em ti fui encontrado? Como aquele que anda sem saber por aonde ir e caminha nas escuras sombras da noite “palpando” o nada em procura de algo que possa sanar esse intenso vazio do peito. Essa ausência desmedida de algo que não sabe citar ou não conhece ou conhecendo insiste em não saber. Ouvindo fingi nada escutar ou vendo vira o rosto para não saber a verdade.
Era assim Senhor! Era assim e reconheço minha falta. Fingia saber de tudo, pensava conhecer todas as coisas e amar a todos, ou ao menos sentir aquilo que dizia ser amor. Não sabia Senhor que o Tudo que procurava estava além de todas essas coisas. Pensava estar no caminho certo e nas coisas certas da vida pensava investir, entretanto não conhecia o Todo e o Tudo verdadeiro. Eras tu Senhor, era tua ausência que sentia Senhor. Era teu amor que faltava para preencher o imenso vazio do meu peito.
Não sei em que instante fui achado meu Deus. Sei que fui encontrado no abismo de mim mesmo. Ali Senhor “... nos locais tenebrosos da sombra da morte” (Cf. Sl 87,7) fui por ti achado e envolto de amor. Como um mendigo encontrado e trazido para dentro da casa. Como aquele esquecido por completo e deixado no lama de suas vaidades, orgulhos e soberbas. Sim, Senhor este sou eu, mas tens purificado minha alma. Tens sarado minhas feridas e lavado todas as minhas imundícies e porcarias, tens vestido minha vida e minha história das vestes da verdade e do amor. Alimentando e nutrindo minha vida do alimento mais salutar e amável, o alimento do Teu Corpo. Chamaste-me para dentro de tua casa. Senhor me deste uma família, uma lar para habitar, homens e mulheres para chamar de irmãos. Fui lapidado como um diamante que está preparado para as bodas solenes de um grande matrimônio. Sei que sou assim Senhor: Uma joia em andamento, um diamante que está sendo guardado para as festas nupciais, o encontro eterno entre Ti e mim.
Fui por ti ferido de amor. No ápice encontro de tua presença fui eu cravejado de doce alento. Das dores desta terra adquiridas teu doce amor sarou toda ferida. Não posso esquecer essa nobre ação de tua parte. Esqueço as coisas dessa terra a fim de ser em ti perdido. Como a gota da chuva no oceano caída, sou eu doce amado em ti perdido. Perdido de amor por teu oceano de graça. No chão caído sem consolo nem presença.
Foge de mim todo amor desta terra. Arde em fogo essa tua Ferida ao chão em ermo amado. Sou eu ora chagado por ti doce amado. Não sara nem cicatriza essa ferida em mim marcada. É dor que anseio em chama, desse fogo amado faço desejo. Sou eu em ti caído, gota perdida no oceano do teu amor. Chaga mais querida não poderia querer, do que esta de em ti ser cravado. Não posso outra coisa desejar doce Crucificado, do que esse amor em mim plantando. Como gota do deserto derramado. Quebraste e lançastes por terra os meus esquemas. Fui ferido de uma ferida que não cura. Uma chaga feita na alma, um rasgo aberto no peito, um intenso palpitar de anseios e ardia em fogo. Fogo que consumia minha alma e ela anelando de tal ardo não cansava de buscar.
 Por que estar todo em ti Senhor é o único desejo de minha alma. Encontrado de amor em ti. Por que estando em ti não estou perdido, contudo encontro o Todo que anseia minha alma e minha vida. Sem Ti Deus de minha história nada eu sou. Os meus caminhos são escuros e tortos, sem rumo nem destino certo. Os teus por mais difíceis que possam ser para mim, são todos certeiros: ENCONTRO-TE SENHOR! No fim desta peregrinação terrestre te encontrarei e serei feliz. Por que felicidade é estar em ti e a tristeza completa, o absurdo das dores e dos sofrimentos Deus meu e Pai meu é estar longe do teu amor.

22 de agosto de 2012

Se hoje escutardes minha voz!

Esqueça o tempo. Esqueça essas amarras frias das horas e dos minutos. Essa prisão dos segundos que separa o coração das coisas amadas. Procura apenas viver com harmonia e fé os momentos da vida. Essa dança perfeita criada por Deus. No tempo da graça deixa tua vida e teu caminho. Confia incessantemente na providência que guia os dias e faz o sol nascer com brilho mais intenso cada manhã. Abandona essa escravidão do Cronos humano. Esse ídolo que devora teus dias com incessante empenho. Não passa tua existência contando os dias e esquecendo-se de viver teus momentos e instantes. Não seja apegado ao devaneio do calendário que cumpre uma formalidade dos homens que apenas desejam arriscar sua vida aos números convencionados.
Vive tua vida como se fosse o último segundo. “Brevidade, brevidade!” Grita teu coração. Ama teu próximo como se fosse teu último irmão. Faz o bem como se fosse tua derradeira obra nessa terra. “A vida é um brevíssimo segundo, é um só dia em que me escapa e me foge...” (Santa Teresinha do Menino Jesus), pensa assim! Tua vida é breve. Hoje pode ser o último dos teus dias! Como aproveitar este respiro do teu existir? Ama sem limites! Faz o bem e reza! Reza como se fosse tua última palavra debaixo deste sol, para que feito com perfeição cada gesto teu e cada momento, tenhas um encontro marcado com o Sol eterno.
Por que esperar demais para amar os teus? Ama hoje como se fosse o dia final de tua peregrinação diante dos homens e faz com que teu semblante transmita o amor que nas águas da libertação da escravidão foi em ti infuso. Não seja escravo do tempo e dos relógios. Na terra “para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus” (Eclesiastes 3,1). Deixa cada coisa ter seu tempo certo e seu momento de acontecer. Por que apressar as disposições do Criador Celeste, sabendo que ele faz tudo para o bem daqueles que Ele ama. Por que se preocupar com os acontecimentos dos dias vindouros, dias que talvez tu não vivas. “Portanto, não andeis ansiosos pelo dia de amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal.” (Mt 6,34)
Procura apenas amar a Deus e aos teus com toda intensidade do teu coração e da tua vida. Fazendo valer cada instante do teu existir. Não faça do tempo às razões dos teus dias. Façamos do tempo de Deus nosso único desejo. Esse Kairós da Graça sempre eterna, razão dos nossos dias. Encontrar, procurar e viver com quem amamos o segundo mais efêmero torna-se o motivo eterno dessa coisa chamada amor.
 Por que o mero feixe de tempo com quem amamos é a eternidade contida no pasmo do cronológico. Isso é querer fazer valer a pena qualquer instante e momento. Isso é amar no tempo mais breve o presente momento da graça de Deus. “Oxalá ouvísseis hoje sua voz: ‘Não fecheis os vossos corações [...]”(Salmo 95,8). Seja o hoje eterno de Deus vosso único dia para viver. Ama o céu. Deseja tua casa eterna. Faz de tua vida um caminho para o momento de Deus, o tempo oportuno da vontade de Deus: Hoje. Esse é teu último dia. Aproveita e ama sem limites teu Criador.

9 de agosto de 2012

Um dia...


Um dia nós vamos descobrir que o tempo é apenas o remédio que cura todas as nossas feridas e dores. Que a saudade é apenas o gesto que completa o amor, o sintoma febril do amor legítimo; a resposta da ausência que temos do significado perdido por pouco momento. Um dia nós vamos entender que a dor não é algo para sempre e que ela passa na medida em que entendemos que só com muito amor ela sara.
Um dia nós vamos descobrir que não perdemos ninguém, porque os que estão conosco de verdade ficarão aqui. Um dia talvez saibamos o sentido de o amor ser acompanhado da dor. Um dia talvez percamos todas as coisas e nos restará somente a esperança de continuar caminhando e seguindo em frente, mesmo que tudo pareça estranho e sem sentido.
Haverá um dia que vamos compreender porque nossos passos se cruzaram em algum momento. Um dia vamos saber realmente, o que falta para nós é deixar Deus cuidar de tudo e nos abandar em suas mãos. Um dia vamos saber que todas as coisas são passageiras, que o eterno que deseja ardentemente nosso coração está além de tudo aquilo que nosso olhar pode tocar.
Um dia vamos perceber que colocamos amor nas pessoas erradas e que quem merecia nosso carinho nos ama sem nada receber. Que esse é o amor-perfeito: gratuito, ablativo, sereno e silencioso. Um dia talvez deixemos de dar valor para a opinião dos outros e comecemos a nos importar por aquilo que Deus pensa de nós. Um dia vamos experimentar a sensação da ausência do outro e vamos entender que o amor também é feito de desertos. Um dia vamos sentir um vazio muito grande e compreenderemos que só Deus pode encher nossa vida de sentido.
Chegará um dia que você se decepcionará comigo ou talvez eu com você, teremos então que fazer reminiscências dos tempos bons para sarar toda tristeza que possa nos agredir. Nascerá um dia que vamos entender que nossa amizade não era uma passagem de encontros e causalidades, entretanto que éramos responsáveis pela salvação do outro.
Um dia entenderei que você não chegou atoa na minha vida. Que você é a resposta para esse sentimento chamado amizade! Um dia...

25 de junho de 2012

Um poema a Batina




(Catorze) moços, no ermo, abandonando o mundo


sublimações da vida, em ímpeto fecundo
Vestiram a BATINA - a farda preta, que ora
se diz negror da noite, e que ora é dita aurora...
Aurora contra a qual a sanha grita: apague!


 Objeto vil de vaia, erguido pouso de águia.
Batina longa: o manto autêntico de Cristo,
Mortalha funeral dos bens de quem é isto:
Cadáver para tudo o que de grande irrompa:
Sepulcro de esplendor e túmulo da pompa;
Ou pele de João, rugosa, hirsuta, agreste.


 O luto pelo mal, da penitência a veste,
Não hábito burguês de estofo suntuário,
Que na rua a seu fascínio de cenário.
É negra, mas proteja o cintilar dos mágicos
Na grei dos bons e sobre os panoramas trágicos.
É cova da ilusões, Moloc de idolatria,
Perante a qual o mundo a espinha acumplicia.
Condena o mal, aplaude o bem, vigia, zela,
Abasta de clarões as noites de procela.
Tecido do real é simples traje forte,
Que aponta o azul e diz que a vida sai da morte.
Na terra reina o caos, porém a fé com tino,
Traz o equilíbrio nesse invólucro divino.
Semeia a inquietação nas almas em pecado,
E já que Deus fecunda até deserto inçado,
Esse casulo escuro e mago da quietude
Donde se evola altiva a borboleta rude
Da rígida verdade, é concha, é ninho ardente,
Em que se faz gigante a mínima semente.
        BATINA! Em nossa pátria há foscos e outonais
Pedaços teus na garra adunca de espinhais.
Varou-te a bala, mas em teu vulto sempre igreja,
Feito bandeira além, dos torreões da igreja.
Molambo heróico, sempre em marcha execratória,
Fulguras triunfal no píncaro da história! ...
Pe. Pedro Luiz  
(publicado pela “Folha do Norte” em Belém do Pará em 16.07.1967)

13 de junho de 2012

Procurai um amigo.


Procura com o labor do tempo e do diálogo o outro que é teu irmão. Aquele "Quod alius amicus et frater" que é como dádiva do Divino Amigo. Não te canses, tanto tente em empenho encontrar. Quando encontrares guarda com fraternidade sua presença. Como presente de Deus possui este irmão calcado da presença, dor, alegria e verdade. Não te preocupes com as diferenças, o quebra cabeça também é feito de peças desiguais. 

Não te inquietes com a ausência: os bons AMIGOS são presentificados pela eterna capacidade de unir os seus corações ao Coração de Deus. Quanto à distância ela é apenas física e orgânica, os amigos feitos em Deus estão unidos de maneira que: estando em Deus estão resguardados em plena unidade. Não existe amizade legítima, santa e única que não tenha sido edificada no Coração de Jesus. Ele como ninguém soube amar os seus. Não te esqueças de que também ele provou a ausência, dor e abandono. Sê com ele amigo. 

Una teu coração ao Coração do Amigo Divino e compreende que ele foi quem te deu todos os amigos como tesouro de inigualável valor. Guarda para os céus os teus. Não te prives nem te esquives de lutar, santificar e amar cada um deles. O TEU lugar e DOS teus é a morada celeste. O céu é a meta de toda boa e santa amizade edificada no amor e na verdade de Cristo Jesus. Não tenha medo de amar os teus, com tanto que sejam eles na medida certa, amor demais sufoca. Não queiras viver pelo outro. Viva com ele com toda unidade do coração. Um amigo conquistado nas batidas seletas do tempo e da prova é um poderoso refúgio. Não queira ter muitos amigos. Tenha poucos com tanto que sejam verdadeiros e irmãos. Ter muitos amigos não é prova de ser um bom amigo. Quem divide seu coração em cacos não conseguirá refletir nada. Muitos amigos e pouco amor. 

Não busque amigos que não te edificam. Seja capaz de escolher entre tantos aquele que te completará no coração e na vida. Um bom amigo não é aquele que caminha contigo nos baleares da vida, um bom amigo é aquele que é capaz de partilhar contigo a dor, rir contigo na alegria e no silêncio te abraçar. Faz uma festa e terás muitos abraçados contigo com devaneios de "amor". Sofre uma dor e terás o consolo dos legítimos irmãos. Um bom amigo trilhará contigo as dores mais ardilosas da vida. Ele compreende que o coração é para todos os tempos. 

Um amigo é como uma joia contida no baú da nossa vida. Guardado nas entranhas da vida. Um amigo é como parte de nós. Um amigo seria capaz de dar a vida para salvar tua alma. Do pecado ele te livra. Do escândalo ele te liberta, como Luz ele te ilumina o caminho. Um bom amigo tem como empreendimento primordial tua santidade.

Aos amigos que comigo trilham essa estrada rumo ao céus.


21 de maio de 2012

Sete excelências da batina

(...)Sete excelências da batina condensadas de um escrito do ilustre Padre Jaime Tovar Patrón

1ª RECORDAÇÃO CONSTANTE DO SACERDOTE
Certamente que, uma vez recebida a ordem sacerdotal, não se esquece facilmente. Porém um lembrete nunca faz mal: algo visível, um símbolo constante, um despertador sem ruído, um sinal ou bandeira. O que vai à paisana é um entre muitos, o que vai de batina, não. É um sacerdote e ele é o primeiro persuadido. Não pode permanecer neutro, o traje o denuncia. Ou se faz um mártir ou um traidor, se chega a tal ocasião. O que não pode é ficar no anonimato, como qualquer. E logo quando tanto se fala de compromisso! Não há compromisso quando exteriormente nada diz do que se é. Quando se despreza o uniforme, se despreza a categoria ou classe que este representa.

2ª PRESENÇA DO SOBRENATURAL NO MUNDO

Não resta dúvida de que os símbolos nos rodeiam por todas as partes: sinais, bandeiras, insígnias, uniformes… Um dos que mais influencia é o uniforme. Um policial, um guardião, é necessário que atue, detenha, dê multas, etc. Sua simples presença influi nos demais: conforta, dá segurança, irrita ou deixa nervoso, segundo sejam as intenções e conduta dos cidadãos.
Uma batina sempre suscita algo nos que nos rodeiam. Desperta o sentido do sobrenatural. Não faz falta pregar, nem sequer abrir os lábios. Ao que está de bem com Deus dá ânimo, ao que tem a consciência pesada avisa, ao que vive longe de Deus produz arrependimento.
As relações da alma com Deus não são exclusivas do templo. Muita, muitíssima gente não pisa na Igreja. Para estas pessoas, que melhor maneira de lhes levar a mensagem de Cristo do que deixar-lhes ver um sacerdote consagrado vestindo sua batina? Os fiéis tem lamentado a dessacralização e seus devastadores efeitos. Os modernistas clamam contra o suposto triunfalismo, tiram os hábitos, rechaçam a coroa pontifícia, as tradições de sempre e depois se queixam de seminários vazios; de falta de vocações. Apagam o fogo e se queixam de frio. Não há dúvidas: o“desbatinamento” ou “desembatinação” leva à dessacralização.

3ª É DE GRANDE UTILIDADE PARA OS FIÉIS

O sacerdote o é não só quando está no templo administrando os sacramentos, mas nas vinte e quatro horas do dia. O sacerdócio não é uma profissão, com um horário marcado; é uma vida, uma entrega total e sem reservas a Deus. O povo de Deus tem direito a que o auxilie o sacerdote. Isto se facilita se podem reconhecer o sacerdote entre as demais pessoas, se este leva um sinal externo. Aquele que deseja trabalhar como sacerdote de Cristo deve poder ser identificado como tal para o benefício dos fiéis e melhor desempenho de sua missão.

4ª SERVE PARA PRESERVAR DE MUITOS PERIGOS

Quantas coisas se atreveriam os clérigos e religiosos se não fosse pelo hábito! Esta advertência, que era somente teórica quando a escrevia o exemplar religioso Pe. Eduardo F. Regatillo, S.I., é hoje uma terrível realidade.
Primeiro, foram coisas de pouca monta: entrar em bares, lugares de recreio, diversão, conviver com os seculares, porém pouco a pouco se tem ido cada vez a mais.
Os modernistas querem nos fazer crer que a batina é um obstáculo para que a mensagem de Cristo entre no mundo. Porém, suprimindo-a, desapareceram as credenciais e a mesma mensagem. De tal modo, que já muitos pensam que o primeiro que se deve salvar é o mesmo sacerdote que se despojou da batina supostamente para salvar os outros.
Deve-se reconhecer que a batina fortalece a vocação e diminui as ocasiões de pecar para aquele que a veste e para os que o rodeiam. Dos milhares que abandonaram o sacerdócio depois do Concílio Vaticano II, praticamente nenhum abandonou a batina no dia anterior ao de ir embora: tinham-no feito muito antes.

5ª AJUDA DESINTERESSADA AOS DEMAIS

O povo cristão vê no sacerdote o homem de Deus, que não busca seu bem particular se não o de seus paroquianos. O povo escancara as portas do coração para escutar o padre que é o mesmo para o pobre e para o poderoso. As portas das repartições, dos departamentos, dos escritórios, por mais altas que sejam, se abrem diante das batinas e dos hábitos religiosos. Quem nega a uma monja o pão que pede para seus pobres ou idosos? Tudo isto está tradicionalmente ligado a alguns hábitos. Este prestígio da batina se tem acumulado à base de tempo, de sacrifícios, de abnegação. E agora, se desprendem dela como se se tratasse de um estorvo?
6ª IMPÕE A MODERAÇÃO NO VESTIR

A Igreja preservou sempre seus sacerdotes do vício de aparentar mais do que se é e da ostentação dando-lhes um hábito singelo em que não cabem os luxos. A batina é de uma peça (desde o pescoço até os pés), de uma cor (preta) e de uma forma (saco). Os arminhos e ornamentos ricos se deixam para o templo, pois essas distinções não adornam a pessoa se não o ministro de Deus para que dê realce às cerimônias sagradas da Igreja.

Porém, vestindo-se à paisana, a vaidade persegue o sacerdote como a qualquer mortal: as marcas, qualidades do pano, dos tecidos, cores, etc. Já não está todo coberto e justificado pelo humilde hábito religioso. Ao se colocar no nível do mundo, este o sacudirá, à mercê de seus gostos e caprichos. Haverá de ir com a moda e sua voz já não se deixará ouvir como a do que clamava no deserto coberto pela veste do profeta vestido com pelos de camelo.

7ª EXEMPLO DE OBEDIÊNCIA AO ESPÍRITO E LEGISLAÇÃO
Como alguém que tem parte no Santo Sacerdócio de Cristo, o sacerdote deve ser exemplo da humildade, da obediência e da abnegação do Salvador. A batina o ajuda a praticar a pobreza, a humildade no vestiário, a obediência à disciplina da Igreja e o desprezo das coisas do mundo. Vestindo a batina, dificilmente se esquecerá o sacerdote de seu importante papel e sua missão sagrada ou confundirá seu traje e sua vida com a do mundo.
Estas sete excelências da batina poderão ser aumentadas com outras que venham à tua mente, leitor. Porém, sejam quais forem, a batina sempre será o símbolo inconfundível do sacerdócio, porque assim a Igreja, em sua imensa sabedoria, o dispôs e têm dado maravilhosos frutos através dos séculos

21 de março de 2012

Layorrane : Sobre os gestos e a alegria.


Hoje passei o dia pensando nas palavras e definições corretas sobre você e nossa amizade. Fui às linhas do tempo caçando em seus mais longes extremos as perspectivas certas para falar sobre você. Talvez sempre falar sobre o outro seja um terreno um tanto ardiloso e ademais complexo, contudo farei esse papel sendo o mais empirista possível. Reconheço a pobreza da Palavra diante dos sentimentos que emergem do coração humano. Creio que a palavra ainda não foi capaz de tocar a profundidade imersa e humana do sentimento. Diante do sentimento humano a palavra é pobre de significado. E creio que ela não seria capaz de conter nos seus signos o sentimento de nossa amizade. Por isso Layorrane ainda que usasse todas as letras possíveis elas não seriam ainda capazes de entrar no íntimo humano do sentimento, que em nós perdura.
Você que chegou de mansinho. Entro na sala da minha vida e fez ali presença. Sem alarde. Sem grito ou murmúrio. No silêncio chegou e permaneceu. Chegou com esse seu sorriso que contagia e até mesmo quando sério tendo te dar uma bronca não consigo, ainda que com muito esforço, se você começar a sorrir. Não obstante quando você se engancha em uma de suas famosas crises de riso. Confesso: Alegria é uma coisa que não te falta. E assim se tornou significado sua presença.
E mergulhando no mais profundo da casa da memória, fiz um recorte das cenas gravadas. Era como quarto de recortes vivos. Janelas que mostravam cenas, cenas vivas e reais. O Filósofo tinha razão: “Recordar às vezes é algo tão real que parecemos de novo viver o que se faz memória”. Confesso que em cada nova janela de memória que passava foi inevitável não sentir aquele choro preso da saudade. Pensei em quantas coisas já passamos juntos. Recordei das diversas alegrias e dos dias de aula; Das tardes de estudo nos apuros das semanas de provas; Nas tristezas e brigas; Nas conversas e partilhas; nas crises de riso e as besteiras de sempre. Momentos para recordação, eu tenho certeza não me faltaram. Até porque de quem amamos guardamos o mais simples dos gestos. Por menor que seja ele, ali se faz guardado como um tesouro. O que completou cada acontecimento e o que fez cada um deles fazerem sentido foi tua presença em cada um deles.
Nossas partilhas eram tão verdadeiras. Conversas de quem não tem medo de abrir para o outro o coração e de dizer o que sente. Sinto falta daquelas noites em que sentados na porta da sua casa dizíamos sobre tudo aquilo que havia em nosso coração. E mesmo quando o tempo pede para que tudo se perca isso se faz mais vivo e enaltecido na memória. E mesmo na distância sei que posso contar com você. Assim também quero que você saiba que meu coração estará sempre pronto para ti.
Hoje posso apenas em meio a tantas recordações desejar tão logo ver-te e poder concretizar o abraço que tenho guardado para te dar. Não peço eternidade para nossa amizade. Por que a ideia do eterno não caberia na ideia que tenho de sempre te ter aqui ao meu lado. E toda vez que a saudade adentrar tua memória, apenas recorda destas palavras que este teu indigno amigo te dirige. Porque o amor é um sentimento que cresce com a virtude da presença.
Te amo minha amiga laetare.

15 de março de 2012

O mundo está repleto de pessoas que passam deixando alegria


O mundo está repleto de pessoas que passam deixando alegria e consolação a muitos corações. São pessoas alegres e repletas de uma sabedoria que não passa. Conheço um sacerdote que é assim. Ele tem em si mais do que alegria, ele transmite alegria. E por mais vezes que eu quis deixar tudo e olhar para trás ele me disse: “Olha Raifran ser padre é maravilhoso!”. E foi todas essas vezes que ele me mostrou que ser padre é maravilhoso que estou onde estou hoje.
Devo muito ao seu jeito paternal de cuidar e dizer sempre a verdade, mesmo que ela me possa doer ou fazer chorar. Seu jeito único de sempre ter palavras que animem a nunca nos façam desistir. E mesmo quando tudo aparenta estar bem, ele como que por uma inspiração divina novamente me surpreende com suas palavras. Esses dias mesmo na varanda de sua casa, ele fez reavivar com suas palavras de sacerdote a chama que Deus incendiou meu coração.
Não esqueço nunca suas palavras: “Ás vezes meu filho, para estarmos com Deus é preciso sair de este estar de pé orgulhoso que temos e nos colocar de joelhos. É preciso estar de joelhos para romper essa coisinha orgulhosa que temos em nós”. Obrigado não seria suficiente por me ensinar muita coisas que hoje sei. Sinto saudades de nossas conversas e direções. Das missas na catedral, que com um obstinado amor no olhar ele fazia a consagração ser de fato memorial da morte do Senhor.
Felicidades Padre Dilmo Franco. Rogo ao Bom Deus por sua vida e vocação. Peço sua benção e oração também pela minha!
Parabéns!

11 de março de 2012

Recordações de um tempo bom.

Eu queria voltar no tempo em que tudo não passava de um sonho. Em que não havíamos nos desencontrado com o tempo, nem com as coisas do passado. Que sentir saudade era uma coisa de momento para nossos corações. Nossos dias eram encontrados. Nossos cantos repetidos nas ruas de retornos e encontros em cada partida para o colégio. Eram poesia nossas conversas. Prosas modernistas de Clarice Lispector, contos e fatos, atos e coisas que nos faziam semelhantes. Caminhos encontrados pela dessemelhança de nossas vidas, mas descobertos de completude em cada coisa que nos faltava. O intrigante era ver as coisas bobas que fazíamos. Os dias de cinema sem escolha de filme certo, as saídas sem rumo ou destino certo. Erámos bobos felizes. Matizes de um elo de encontros.
Queria poder dizer novamente as coisas boas que sempre dizíamos uma para o outro. Coisas que somente em nosso contexto de amigos poderíamos dizer. As verdades escondidas no mais íntimo de nós mesmos. Os medos, as derrotas, as vitórias. Aquelas coisas que só depois de muita sinceridade entre irmãos as pessoas diriam. O incrível é que não tínhamos medo de dizer, não havia segredo entre nós. Tinha horas que achava que erámos mais irmãos do que amigos. A promessa era essa: “Ou ir para o Céu ou ir para o céu!”. E nem sabíamos que cada nova partilha e cada novo encontro era como um pedaço do céu que Deus nos concedia.
 Era um tempo bom aquele. Foi o tempo que Deus nos deu para pensarmos sobre nossos caminhos. E principalmente caminho de aceitação do outro. Era momento de dizer a verdade, de acalmar e de abraçar sem medo. E o tempo tratou de nos ajudar a cada novo dia. O tempo cuidou de fazer valer a pena cada instante que tivemos. Cada encontro de graça que nos unia em cada novo dia. Era Deus nos mostrando aos poucos o que queria de cada um de nós. Ensinando-nos que em cada novo dia erámos responsáveis um pelo outro. Sinto tanto sua falta.
Queria poder recomeçar de novo quem sabe um dia. Recomeçar de onde paramos. Daquele dia em que você partiu com lágrimas no rosto e dizia: “Vou sentir saudades!”. Eu sinto até hoje os abraços de despedida. E ainda disse que não iria chorar para não parecer bobo. Já era bobo mesmo! E chorei por não poder ir com você para aquele novo momento em sua vida. O coração ainda está aqui. Bate com as certezas de um novo encontro. A certeza de matar a saudade que hoje me visita. A certeza de um dia novamente sentarmos em um canto qualquer e apenas no silêncio olhar um para o outro. Silêncio para ouvir as batidas do coração, que com toda certeza baterá apressadamente.


8 de março de 2012

Não haveria Deus de ter feito obra melhor.



A Criação é obra das mãos do Divino Criador do Universo. Ele por sua Palavra fez tudo o quanto nossos olhos e mentes tocam. Depois de ter feito toda essa obra magnânima ele fez da costela do homem o ápice supremo do Seu Criar: A mulher. Voltemos atentos ao livro do Gêneses : "Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada." (Gênesis 2:18). Com estas palavras o Senhor colocou Adão em um sono profundo. Para fazer de sua costela, a obra que nem seus sonhos mais profundos ele jamais imaginará.
Estas palavras do Criador eterno é a verdade plenamente concebida. Não haveria Deus de conceber uma obra mais perfeita para andar ao lado do homem. Mulher. Ela obra de traços humanos, mas de mistérios divinos. Símbolo austero da beleza. Ela que fez entrar nos terrenos humanos o Verbo que estava com o Pai. Mulher, cheia de fascínios. Ela obra do Criador mais digna de louvor. Ela última obra da criação, mas primeira em todo gerar. Tem algo de divino em seu olhar, em seu falar, no seu pensar. Mulher, grão divino que faz gerar os sonhos humanos. Mulher imagem do Pai.Deus refletido nos rostos humanos.
Mulher de traços seletos. Obra final do rascunho homem. Manifestação física do abstrato belo. Mulher de olhar finito, mas de coração infinito. Infinito coração, porque não haveria Deus de habitar em outro ser que não fosse digno de ter no coração o seu Verbo. Mulher, que emerge em sinais externos aquilo que ele havia guardado para o fim de sua Criação. O Certo é que todo bom construtor ao fazer suas obras guarda o melhor para o final. Ele edificador das estrelas, dos astros e do cosmos, estes entes astronômicos que encantam o homem, fez por último àquela que deveria ser sua obra excelente.
Trazemos este dia como recordação vossa, contudo ouso dizer que não haveria tempo cronológico que pudesse conter a importância de uma única mulher. Um dia só não representa vosso papel na esfera humana. Este dia é apenas analogia do dia eterno que Deus guardou ao olhar feminino. Feliz dia Internacional da Mulher!
Votos especiais desse dia as mulheres da minha vida. Em primeiro aquela que o Verbo recebeu. Maria, estrela que guia minha existência. Depois ao exemplo de minha vida e mulher de fibra, que não rebaixou seu coração diante da dor e da dificuldade minha genitora e Mãe Francisca Sousa. Minha madrinha Marilene e minha irmã Dulciran.
As amigas Larissa e Nádia Cardoso, Thais e Fernanda Oliveira, Layorrane e Kelvia, Elis e Eliane, Marcella e Isis. Luana, Ângela, Lidiana e Tereza Hartner. Neide, Jamilly e Emylle do Vale. Divina Azevedo eterna professora e amiga. Que nas suas feminilidades me ensinaram a força do amor maternal e amigo.

7 de março de 2012

O apego: Quando amor não é livre.



Todos nós temos entes aos quais estamos intimamente ligados e presos de certa maneira. O intrigante do homem é que ele, querendo ou não, conclui que é necessário haver alguém a quem possa estar preso como motivo de segurança para sua vida. O apego consiste em ter necessidade vital da presença daquele, ou daqueles, pelos quais determinamos essa segurança. Contudo estar apegado com alguém se torna de fato uma escravidão. Aquele que pratica o apego determina que sua relação e contato humano se resumam praticamente a essa pessoa ou várias pessoas. O apego torna-se de certa maneira uma idolatria do outro, ou seja, a necessidade do outro se torna tão necessária que a vida parece não fluir quando estamos longe dessas pessoas e acabamos exigindo uma atenção quase que sobrenatural do outro. Queremos e desejamo-lo somente para nós! Contato de egoísmo com a própria realidade que nos cerca.
Quem lê esse primeiro parágrafo logo pensa: “Eu não sou assim!”; “Isso é coisa de louco!”. Contudo a realidade pressupõe outra situação. A verdade é que de alguma maneira estamos presos a alguém. Essa relação de apego se torna tão íntima ao homem que chega ao ponto de tornar-se imperceptível para quem pratica. O triste de todo esse quadro é ver que muitos fazem ele sem dar-se conta do atraso provocado pelo apego exagerado. O desejo de ver, ouvir, ler e sentir qualquer coisa da pessoa é tão estridente que o sufocar é inevitável.  Porque se a pessoa objeto do apego, não for uma pessoa paciente vai sentir-se sufocada em determinado momento. Chega determinado instante que se torna um vício.
O apego determina, desde o princípio, um sofrimento a priori, quando não existe resposta recíproca e de retorno da parte oposta. Porque quem pratica essa ação perceberá o vazio causado pela ausência de respostas concretas do outro. O mais triste da vida é pensar que um homem pode reduzir suas expectativas ao coração de apenas alguns. Esquece ele que a vida é feita de um universo de possibilidades. Esquece ele que pode conquistar pessoas e coisas melhores e maiores do que estas as quais tem seu coração preso. Não é capaz de visualizar as demais possibilidades que pode ter em sua vida.
O desapego pauta antes de tudo para um caminho da própria descoberta de quem somos e como podemos caminhar sozinhos. Porque quem ama de verdade coloca em liberdade àquele que ama. O desapego constrói toda essa premissa da liberdade. Liberdade que prima pelo deixar partir e o encontrar novamente. O desapego é a arte de aperfeiçoar o amor. Não consiste em um fingimento de não preocupar-se, nem tampouco em abandonar ao léu quem se ama, mas de fato deixar ser livre o amado.
 É como o caso de uma moça que depois de um relacionamento de mais ou menos cinco anos foi deixada por seu amado. Depois Chora que nem Madalena arrependida, dizendo que ama muito o rapaz. Acaba ficando completamente perdida sem saber o porquê do fim da relação. Já ele bem sabe, afinal de contas o rapaz em questão sentiu-se sufocado. Ele a ama, contudo um amor sem liberdade é como viver com uma pedrinha no sapato: você pode até andar, entretanto ela sempre vai incomodar. Porque ninguém merece alguém te ligando a cada 5 minutos querendo saber onde você está, com quem e que horas volta. Ter a obrigação de ver a pessoa todo dia. Ir à casa toda hora ou todo dia. Não coloco nesse balaio somente e os casais, mas amigos, parentes e a qualquer ser que respire e esteja enquadrado nessa temática.
O pior de todo esse embaraço é que a pessoa apegada acredita estar realizando um bem para si mesmo. A verdade é que o apegado sempre sofrerá muito. Ele sofrerá sempre de uma solidão enfatizada na ausência do ente objeto do apego. E por fim permanecerá só, pois ninguém suporta estar preso a alguém da maneira que o apegado imagina ser uma relação. O apego exacerbado edifica uma verdadeira prisão para o praticante. Não é difícil em nossos tempos perceber pessoas assim. São tantos os caminhos de insegurança para nossos dias que muitos acreditam resumir suas seguranças em pessoas e coisas. Essa segurança na verdade vela por um medo de relacionar-se com outros pela verdade e pelo desejo da presença.
O desapego é arte de aperfeiçoar o amor, no sentido de que o amor permanece livre para nós no momento em que compreendemos que não importa o lugar, onde outro estiver ele vai continuar sendo nosso de alguma forma. Não é preciso fazer grandes reboliços para chamar a atenção. Desapegar consiste em compreender que podemos ser capazes de caminhar sozinhos quando tudo parecer difícil. Quando o outro estiver incapaz de transmitir um sinal de presença. Devemos abandonar esse sentimento, de que somente com outro podemos estar seguros. Quando na verdade o sentimento de segurança é uma disposição interior.
O amor pede passagem das amarras que prendem teus pés. Das correntes fingidas que prendem teus passos. Quando estamos presos aos olhos alheios e nos privamos de nossa própria visão. Quando esquecendo nossas próprias mãos e pés, andamos e tocamos com os sentidos do outrem. O amor pede passagem para quebrar essa falsa segurança que detemos em nós. Pássaros não voam enjaulados. 

1 de março de 2012

O gesto e as marcas.



Navegando no face book encontrei o seguinte texto e 

imagem:

TEM COISAS QUE NÃO TEM COMO NÃO SE EMOCIONAR.. 


O VERDADEIRO SIGNIFICADO DE " Um por todos, TODOS POR UM."



NO DIA DA FORMATURA, COLEGAS RASPAM CABEÇA E EMOCIONAM AMIGO COM CÂNCER.


Algumas histórias são boas de contar e outras ainda melhores pela emoção que faz até quem é repórter há 20 anos sentir o olho lacrimejar. Na noite de 
quinta-feira(16.02), alunos do curso de Engenharia Ambiental da UFMS produziram uma dessas notícias.

No Teatro Glauce Rocha, os rapazes da turma emocionaram os convidados ao aparecerem carecas na cerimônia de colação de grau, uma homenagem ao colega também sem cabelos, mas por consequência da quimioterapia.

Há menos de um mês, Jaito Mazutti Michel, 24 anos,descobriu um tumor no joelho, maligno. As aulas na faculdade já haviam terminado e só quando os colegas se reuniram para o ensaio da formatura confirmaram a doença.

“Um foi contando para o outro pelo telefone, mas a ficha só caiu quando a gente viu ele debilitado e careca. Como muita gente vai embora depois da formatura, resolvemos fazer essa despedida como forma de desejar boa sorte”, contou o colega Leandro de Oliveira.

A ideia de se solidarizar com a careca de Jaito veio de supetão. Assim que ele virou as costas, os 23 homens da turma resolveram fazer a homenagem. Depois do ensaio, seguiram para o Salão do Gaúcho, perto da universidade, e um a um o grupo foi raspando o cabelo.

Tudo foi gravado e transformado em um clipe ao som de Jack Jhonson. 


Na noite da colação, veio a surpresa. Jaito entrou por uma porta lateral, por conta da dificuldade de locomoção, já que esta usando muletas.

Na entrada principal, os meninos sorriam a cada passada de mão na careca. “Nossa, eu só fiquei sabendo da homenagem agora. Eles são lindos”, disse surpresa a coordenadora do curso, Paula Loureiro.

Sentado ainda entre as cadeiras da platéia, com cara de quem não sabe de nada, Jaito só descobriu a malandragem dos colegas quando a mestre de cerimônias anunciou o clipe.

A introdução do amigo no vídeo, explicando o motivo da ida em massa ao salão naquele mesmo dia, arrancou a primeira lágrima do homenageado que ao ver as imagens reproduzirem o desapego as madeixas de alguns mais cabeludos que os outros caiu no choro, levando junto a família inteira e quem estava por perto.

A plateia ficou muda, sem saber que a tal doença falada no clipe era algo tão perigoso como o câncer. Ao fim do clipe, depois de limpar o rosto molhado e reposicionar os óculos no rosto, Jaito foi chamado para subir ao palco e sentar em uma das cadeiras destinadas aos formandos e, provavelmente, poucos foram tão aplaudidos quanto ele no dia da formatura.

A cerimônia seguiu com a entrada dos colegas sem cabelo ao chamado do cerimonial, todos com sorriso aberto para Jaito, que retribuiu no mesmo tom e com serenidade.

Na fila, um dos formandos tinha uma carga extra de emoção. Guilherme, o irmão do homenageado, também se formou ontem. Os dois começaram a faculdade juntos em 2007, apesar da diferença de 2 anos. Escolheram algo louvável nos dias atuais, a engenharia que cuida do meio ambiente.

O pai agrônomo influenciou e acompanhou a formatura dos dois filhos sempre com os olhos marejados e as duas mãos juntas apoiadas a boca, como fazem todos os emocionados.

Guilherme sentou ao lado do irmão e era o braço na hora que exigia os formandos em pé. “A gente ligado e quando fiquei sabendo do diagnóstico, perdi o chão”, lembrou Guilherme.

Jaito sempre foi o festeiro da turma, o piadista, personalidade lembrada pela colega Izabella Grubert durante o discurso da oradora. No primeiro ano de curso os dois “ficaram”, contou a jovem e depois viraram amigos, dividindo as responsabilidades da comissão de formatura. “Sabe aquele tipo de pessoa doce, que vive sorrindo, que sempre tem uma piada para dizer ou uma festa para arrumar? Esse é o Jaito”, comentou.

No discurso, a voz faltou várias vezes, mas Izabella conseguiu dizer que “quando nossos filhos, no futuro, assistirem ao clipe e perguntarem porque todos estavam carecas, vamos dizer que para um amigo se sentir melhor, fazemos qualquer coisa”.

Depois de virar o centro da cerimônia, com jeito tímido, Jaito agradeceu. “Não suspeitei de nada. É maravilhoso perceber que as pessoas gostam de você. È um momento muito difícil e tento sempre preservar o sorriso porque sei que se eu cair, minha família e meus amigos vão sofrer. Mas vamos em frente e tudo vai dar certo.”

Jaito passou pela primeira sessão de quimioterapia e ainda vai enfrentar a segunda antes da cirurgia para retirar o tumor do joelho.