O novo é sempre algo repleto de um mistério. Ele nos remete ao
desconhecido, ao mesmo presente e ainda desconhecido. O novo é sem precedentes
a realidade ainda intocada pelos sentidos. Foi justamente em contato com esse
novo que fiz uma profunda descoberta em minha vocação: O novo é algo
fascinante. Fascinante no sentido mais pleno da palavra. A aventura contida no
desconhecido faz emergir em nossos corações a esperança de que esse novo crie
novas experiências e essas mesmas possam perdurar. Este ano de 2012, juntamente
com meu irmão de seminário Everton Borges, tivemos uma fabulosa experiência
desse novo e desconhecido na pastoral de férias: desbravar a chapada dos
veadeiros, mais precisamente a cidade de Alto Paraíso. Conhecida por suas
belezas naturais, Alto Paraíso é uma babel de culturas religiosas e de
diversidade, suas mais de 135 denominações religiosas atestam essa afirmativa.
Sentimos o respeito e o
carinho de muitos que nos acolheram em suas casas para partilharmos refeição.
Não somente o respeito, contudo a alegria e o cuidado de sempre acolher-nos com
toda diligência e bondade. O cuidado das funcionárias da casa paroquial no
cuidado de sempre nos oferecer o melhor de sua hospitalidade e serviço. Pessoas
que rezaram por nós e com nós, de maneira que unidas conosco partilharam de nossas
dificuldades pastorais. Alto Paraíso foi
o momento de provar no coração as dificuldades e alegrias que um sacerdote
encontra no seu dia a dia e confirmar aquilo que sempre escutamos: Sem a Graça
de Deus não somos nada. Encontramos nossa força e alegria justamente na oração
e na vida fraterna que se fortalecia a cada dia nesta cidade abençoada por Deus
em suas belezas e na sua gente.
O mais belo de
toda essa diversidade religiosa é a maneira como essas culturas religiosas
vivem uma experiência de tolerância e respeito. Não uma tolerância marcada por
uma maquiagem falsa e fingida, entretanto respeito completo da escolha
religiosa do outro. Não podemos deixar de citar, não obstante, ao próprio
ecumenismo existente entre os cristãos dessa cidade, que de maneira visível
tentam partilhar a alegria do Deus verdadeiro que busca reunir num só corpo os
seus. Lemos no decreto do concílio Vaticano II “UNITATIS REDINTEGRATIO” sobre o ecumenismo: “Hoje, em muitas partes do mundo, mediante o sopro da graça do Espírito
Santo, empreendem-se, pela oração, pela palavra e pela ação, muitas tentativas
de aproximação daquela plenitude de unidade que Jesus Cristo quis”.
Alto Paraíso
norteia para os princípios da nova evangelização proposta para nossos tempos.
Os católicos, que assim denominam-se precisam novamente descobrir as coisas
belas de sua fé. Quantos encontramos nas ruas que se diziam cristãos católicos
com uma imensa alegria no rosto, contudo nem se quer participavam da vida da
comunidade. Não podemos culpa-los é claro, tendo em vista que muitas
comunidades estão em mesma situação, de católicos que proferem verbalmente o
catolicismo, contudo estão afastados da vida comunitária. É preciso novamente
demonstrar as belezas contidas no Credo de nossa Fé. Desvelar este tesouro
guardado nos baús de nossa Tradição e do Magistério da Santa Igreja.
Durante este
tempo que ficamos nesta cidade foi o momento de sentirmos os desafios que um
sacerdote enfrenta cotidianamente. Preparamos os festejos de São Sebastião
sobre os cuidados da graça do Espírito de Deus e de pessoas, que munidas deste
mesmo Espírito, nos ajudaram a realizá-la. Em meio a dificuldades e tropeços,
incertezas e medos, fomos capazes de perceber a ação de Deus em cada acontecimento.
Deus que novamente conduz os corações para si em meio ao silêncio e a formosura
que se encontram neste lugar de belezas naturais únicas.

Louvores mil
ao Deus de toda graça. Ele, que na sua bondade sempre presente e no seu amor
eterno, nos conduziu e cuidou de nossos passos. Para ele deixamos as pequenas
sementes do Reino que plantamos nesta cidade. Deixamos para Ele nosso empenho
de fazer sempre o melhor para seu povo. Essa é dádiva do trabalho de nossas
mãos. Rezamos então com o salmista: “Os teus votos estão sobre mim, ó Deus; eu
te renderei ações de graças.” Salmos 56,12.
“Não existe cansaço para quem ama. Amar é infinitamente mais desejoso.
Uma ânsia do coração. Quanto mais ama, mais pouco parece ter feito. O coração
de quem ama é um oceano de serviço.”
F. Cultaz.