Inicío

11 de março de 2012

Recordações de um tempo bom.

Eu queria voltar no tempo em que tudo não passava de um sonho. Em que não havíamos nos desencontrado com o tempo, nem com as coisas do passado. Que sentir saudade era uma coisa de momento para nossos corações. Nossos dias eram encontrados. Nossos cantos repetidos nas ruas de retornos e encontros em cada partida para o colégio. Eram poesia nossas conversas. Prosas modernistas de Clarice Lispector, contos e fatos, atos e coisas que nos faziam semelhantes. Caminhos encontrados pela dessemelhança de nossas vidas, mas descobertos de completude em cada coisa que nos faltava. O intrigante era ver as coisas bobas que fazíamos. Os dias de cinema sem escolha de filme certo, as saídas sem rumo ou destino certo. Erámos bobos felizes. Matizes de um elo de encontros.
Queria poder dizer novamente as coisas boas que sempre dizíamos uma para o outro. Coisas que somente em nosso contexto de amigos poderíamos dizer. As verdades escondidas no mais íntimo de nós mesmos. Os medos, as derrotas, as vitórias. Aquelas coisas que só depois de muita sinceridade entre irmãos as pessoas diriam. O incrível é que não tínhamos medo de dizer, não havia segredo entre nós. Tinha horas que achava que erámos mais irmãos do que amigos. A promessa era essa: “Ou ir para o Céu ou ir para o céu!”. E nem sabíamos que cada nova partilha e cada novo encontro era como um pedaço do céu que Deus nos concedia.
 Era um tempo bom aquele. Foi o tempo que Deus nos deu para pensarmos sobre nossos caminhos. E principalmente caminho de aceitação do outro. Era momento de dizer a verdade, de acalmar e de abraçar sem medo. E o tempo tratou de nos ajudar a cada novo dia. O tempo cuidou de fazer valer a pena cada instante que tivemos. Cada encontro de graça que nos unia em cada novo dia. Era Deus nos mostrando aos poucos o que queria de cada um de nós. Ensinando-nos que em cada novo dia erámos responsáveis um pelo outro. Sinto tanto sua falta.
Queria poder recomeçar de novo quem sabe um dia. Recomeçar de onde paramos. Daquele dia em que você partiu com lágrimas no rosto e dizia: “Vou sentir saudades!”. Eu sinto até hoje os abraços de despedida. E ainda disse que não iria chorar para não parecer bobo. Já era bobo mesmo! E chorei por não poder ir com você para aquele novo momento em sua vida. O coração ainda está aqui. Bate com as certezas de um novo encontro. A certeza de matar a saudade que hoje me visita. A certeza de um dia novamente sentarmos em um canto qualquer e apenas no silêncio olhar um para o outro. Silêncio para ouvir as batidas do coração, que com toda certeza baterá apressadamente.


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