
Queria
poder dizer novamente as coisas boas que sempre dizíamos uma para o outro.
Coisas que somente em nosso contexto de amigos poderíamos dizer. As verdades
escondidas no mais íntimo de nós mesmos. Os medos, as derrotas, as vitórias.
Aquelas coisas que só depois de muita sinceridade entre irmãos as pessoas
diriam. O incrível é que não tínhamos medo de dizer, não havia segredo entre
nós. Tinha horas que achava que erámos mais irmãos do que amigos. A promessa
era essa: “Ou ir para o Céu ou ir para o céu!”. E nem sabíamos que cada nova
partilha e cada novo encontro era como um pedaço do céu que Deus nos concedia.
Era um tempo bom aquele. Foi o tempo que Deus
nos deu para pensarmos sobre nossos caminhos. E principalmente caminho de
aceitação do outro. Era momento de dizer a verdade, de acalmar e de abraçar sem
medo. E o tempo tratou de nos ajudar a cada novo dia. O tempo cuidou de fazer
valer a pena cada instante que tivemos. Cada encontro de graça que nos unia em
cada novo dia. Era Deus nos mostrando aos poucos o que queria de cada um de
nós. Ensinando-nos que em cada novo dia erámos responsáveis um pelo outro. Sinto
tanto sua falta.
Queria
poder recomeçar de novo quem sabe um dia. Recomeçar de onde paramos. Daquele
dia em que você partiu com lágrimas no rosto e dizia: “Vou sentir saudades!”.
Eu sinto até hoje os abraços de despedida. E ainda disse que não iria chorar
para não parecer bobo. Já era bobo mesmo! E chorei por não poder ir com você
para aquele novo momento em sua vida. O coração ainda está aqui. Bate com as
certezas de um novo encontro. A certeza de matar a saudade que hoje me visita.
A certeza de um dia novamente sentarmos em um canto qualquer e apenas no
silêncio olhar um para o outro. Silêncio para ouvir as batidas do coração, que
com toda certeza baterá apressadamente.
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