Inicío

12 de outubro de 2011

Proibir os sinos!

O sagrado é uma realidade que permeia a vida do homem e passa seus sinais através das mais diversas realidades e signos. Os símbolos e signos do sagrado são marcas que levam o homem a deter-se de várias maneiras em contato com ele. Não podemos de certo reduzir o sagrado apenas a estas espécies de encontro, mas elas de certo nos tocam de maneira única. São dos mais diversos: cruzes, terços, livros, sinais, gestos e até posições. Mas de todos esses gestos que conformam esta maneira de encontro com o sagrado nenhum é tão significativo como os sinos. Estes se encontram dependurados nas torres de várias igrejas e capelas e mosteiros.
Mas estes sinais estão sendo deixados de lado, ou melhor, estão sendo silenciados pelo capricho individualista de alguns. Isso mesmo acontece aqui bem perto de nós. Na paróquia São Pedro de Alcântara na QI 7 do Lago Sul, por causa do capricho de um vizinho da paróquia. Este moveu uma ação judicial contra a igreja por causa do toque dos sinos. Ele não aceita nem ser quer que os sinos tenham o seu tilintar diminuídos, todavia que cessem de uma vez.
Os sinos surgiram na Ásia. No século 9 a.C., eles já eram conhecidos na China. Cada campanário tem uma nota musical característica e requer um estudo cuidadoso antes mesmo de ser fundido. As notas musicais são determinadas pelas suas dimensões, forma geométrica, diâmetro da boca e pela relação da espessura da aba, ou seja, a parte terminal do sino e onde bate o badalo. No início do século XX, os campanários faziam quase tudo: anunciava nascimento, parto complicado, morte, doença grave, incêndios, missas. Por meio do ritmo é que os sineiros articulam o toque mensageiro dos seus companheiros constantes: o garrido ou sino pequeno, o meião ou sino médio e o bronze ou sino grande. O número de toques nas paróquias trazia um significado. Quatro pancadas antes da missa: era sinal que o vigário iria celebrar a oração. Cinco pancadas: o bispo comandaria a cerimônia. Seis pancadas: quem celebraria era o arcebispo. Em alguns lugares do país, os sinos também são utilizados em caso de morte. Há casos em que, se o defunto fosse homem, três dobros anunciariam o falecimento. Se morresse uma mulher, dois. Se fosse uma criança, o sino utilizado era o menor. Se fosse um jovem, o sino médio. E no caso de adulto, o maior sino. O toque fúnebre é lento e compassado.
Os sinos fazem parte da vida de centenas de pessoas nas pequenas cidades do interior. Certa feita em uma pequena cidade do interior de minha diocese de Formosa ,Cavalcante ouvi o relato emocionado de uma senhora de idade avançada que me disse: " Meu filho eu não posso mais ir Igreja por causa da minha idade,mas toda vez que escuto o sino bater eu rezo e sei que Deus me escuta." O sino é realidade transmite a voz de Deus e convida a oração.
O mais intrigante é saber que o responsável pela ação judicial é um desembargador da justiça do DF. O que me deixa mais triste! Porque existem tantas ações mais urgentes a serem assistidas pela justiça do que os serviços dos caprichos pessoais de um homem do poder judiciário. De fato basta dar uma pequena volta em Brasília e você poderá dar-se conta de como existe muitas ações a serem feitas. Resta rezar e pedir a Deus ao coração de homens como este a consciência do sagrado e seus signos em contato com a vida do homem.O tilintar de um sino parece ser mais importante!

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