Inicío

14 de agosto de 2011

Casa do coração



Caminhava sem o sentido que todos os homens possuem para sua vida. Aquela que completa as coisas quando tudo não parece ter sentido. Aquela alegria de quando se completa a figura que faltava no álbum. Quando o tempo se fez presente , tudo se havia consumado. Era assim uma coisa já constituída de verdade, não havia mentira nos olhos e nem nos passos que agora remediavam as dores que sentia. E no vazio de um lugar onde residir decidi habitar aquela casa de janelas fechadas.  Um lugar que repassava um medo de confiança. Mas sua beleza estava nas serenidades que construía em mim. 

Era sombreada de mangueiras e palmeiras. Revestida de uma simplicidade que me contagiava. Uma casa de vitrais de lembranças e com gosto de "quero ficar aqui".  Um lugar sagrado e revestido de humanidade. Era casa cheia de saudades, de sorrisos e canções. De serenatas e olhares. De noites bem dormidas acreditando que o incompleto enfim tinha-se completado. Que a busca pelo outro, havia se firmado naquele recanto do sossego da alma. E alma já como abrasada por sua presença sossegou em seu colo. Em suas salas coloridas. Seus cantos eram adornados com todos os retalhos de lembranças boas, sim eles de uma forma tão imprevisível me faziam recordar as coisas mais belas da vida. Foi neste recanto de sossego do espírito que achei todas as coisas que completavam minha vida.

Mas um dia todo aquele sossego teve o fim. Não sofri tanto pelos rumos que a vida tomou, mas pelas marcas que ela deixou. Foi aquele desassossego da alma,aquele que sente-se quando aquilo que se quer tanto vai embora. Não houve culpados nos rumos desta história. Não houve aquele que se pudesse dizer culpado pelos rumos que a vida novamente traçou. Como a linha novamente escrita em rumos distintos. Assim foi nossa história. O abandono desta casa foi o inevitável,tendo em vista o acordo que o destino fez com a vida. E na força que me pedia para continuar ali habitar, surgiu o desejo de ir ao encontro de algo novo. Não desistindo daquele habitat do coração, mas como resposta a todas as coisas que agora tenho.

Mas quem de fato pode mandar nas ocasiões do tempo? Ou quem é aquele que pode mudar as circunstâncias que a vida se encarregou de construir?Ou que amor seria tão eterno?  O certo é que fiz tudo o que pude para permanecer. Mas o tempo remediará todas as coisas. E mesmo na partida ainda trago em mim os sentimentos que havia ali hospedado 
Porque um dia não retornar aos átrios dessa casa edificada? O abandono dela não foi pela ruína, nem pelo desejo de outras moradas. Foi certo arejamento de suas salas e cômodos. Um resfriar dos calores do verão do passado. Talvez um dia haja retorno ao meu lugar preferido.

Ao sonso,

Que descobriu que amor e verso são rimas de uma mesma canção.

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