
Era sombreada de mangueiras e palmeiras.
Revestida de uma simplicidade que me contagiava. Uma casa de vitrais de
lembranças e com gosto de "quero ficar aqui". Um lugar sagrado
e revestido de humanidade. Era casa cheia de saudades, de sorrisos e canções. De
serenatas e olhares. De noites bem dormidas acreditando que
o incompleto enfim tinha-se completado. Que a busca pelo outro, havia
se firmado naquele recanto do sossego da alma. E alma já como abrasada por sua
presença sossegou em seu colo. Em suas salas coloridas. Seus cantos eram
adornados com todos os retalhos de lembranças boas, sim eles de uma forma tão
imprevisível me faziam recordar as coisas mais belas da vida. Foi neste recanto
de sossego do espírito que achei todas as coisas que completavam minha
vida.
Mas um dia todo aquele sossego teve o fim. Não
sofri tanto pelos rumos que a vida tomou, mas pelas marcas que ela deixou. Foi
aquele desassossego da alma,aquele que sente-se quando aquilo que
se quer tanto vai embora. Não houve culpados nos rumos desta história. Não
houve aquele que se pudesse dizer culpado pelos rumos que a vida novamente
traçou. Como a linha novamente escrita em rumos distintos. Assim foi nossa
história. O abandono desta casa foi o inevitável,tendo em vista o acordo que o destino
fez com a vida. E na força que me pedia para continuar ali habitar, surgiu o
desejo de ir ao encontro de algo novo. Não desistindo daquele habitat do coração,
mas como resposta a todas as coisas que agora tenho.
Mas quem de fato pode mandar nas ocasiões do
tempo? Ou quem é aquele que pode mudar as circunstâncias que a vida
se encarregou de construir?Ou que amor seria tão eterno? O certo é que
fiz tudo o que pude para permanecer. Mas o tempo remediará todas as coisas. E
mesmo na partida ainda trago em mim os sentimentos que havia ali
hospedado
Porque um dia não retornar
aos átrios dessa casa edificada? O abandono dela não foi pela ruína, nem pelo
desejo de outras moradas. Foi certo arejamento de suas salas e cômodos. Um
resfriar dos calores do verão do passado. Talvez um dia haja retorno ao meu
lugar preferido.
Ao sonso,
Que descobriu que amor e verso são rimas de uma mesma canção.
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