Inicío

28 de agosto de 2011

Que eu te contemple

Que eu te contemple contemplador meu. Que eu te contemple como sou contemplado. Tu me formaste no ventre mais terno. E no seio de minha mãe me fizeste ser gerado. Não fui eu doravante abandonado, todavia cuidado por aquela que colocaste como minha cidadela. Não me recordo deste tempo do passado, contudo Tu que guarda cada um de meus dias e guarda cada um deles em suas horas e segundo não te esquecestes de mim. Eu que sou como pó. E na minha miséria foi força que sacudiu as profundezas das minhas trevas as transformando em luz.
Que eu te contemple, que te contemple contemplador meu. Tu que me contemplaste por primeiro. Tu que me resgataste das profundezas do meu pecado e eu ovelha perdida pela falta, fui salvo por teu olhar. Eu que era ferido de morte hoje sou cuidado. Procuro incessantemente teu olhar a fim de não perder a direção . Sou assim como um filho que busca segurança no olhar paterno e Tu és meu Pai!Tu me olhas e eu te olho. Não existe longitude neste encontro, pois eu sou em ti e Tu és em mim. Eu todo em Ti e Tu todo em mim. E se existe alguma fibra de meu corpo que não esteja em Ti, transforma-a em teu amor a fim de que todo em Ti eu te ame mais. E neste contemplar tão profundo não existe nada nesse mundo que me faça abandonar-te.
Que te procure contemplador meu. Não permita em nenhum instante perder a minha direção. Seja eu guiado em cada passo que andar por tua mão, que ela me conduza no caminho mais perfeito. Que não perca teu olhar a contemplar-me. O teu olhar a cuidar de mim. Na dor sede alento, na alegria o júbilo que concede. No choro a fortaleza e na saudade a presença que consola. Concede-me Senhor o sentimento de arrependimento no pecado que cometo. E se a dor me afastar de ti, dai-me meios de novamente encontrar-te.
Que também de contemple em cada irmão. Que eu possa em cada rosto contemplar tua presença. Teu amor que nos sustenta não me falte para que possa de bom grado doar-me ao meu irmão. Bem sei que sou cuidado por tua misericórdia e que no teu olhar encontro a riqueza que me falta. Na pobreza que ostento sou tão rico no sustento proveniente só de Ti. Concede-me um coração capaz de entender o que pedes e entendo faça tua vontade de todo o coração. Um coração capaz de partilhar todos os dons aos quais Tu me deste.
Que te contemple contemplador meu. Que eu tenha anseio por ti como sertão ávido pela água da chuva. Que tenha sede e fome de teu mirar e desejo de sempre te encontrar. Que meu olhar esteja tão fito aos teus e assim prefira ali sempre estar a perder-me nas entranhas deste mundo e que cada movimento do meu corpo seja uma oração de encontro Contigo, autor e artífice de minha vida. E que cada respiro e batida do coração seja o gesto simples de teu amor a me cuidar.
Por mais que me digam o contrário, eu creio confiante em teu amor que não falha. Pois não serei abandonado um só instante por teu mirar de misericórdia. Tu contemplador meu, Tu fortaleza de minh’alma, Tu que impulso de minha santidade, alegria e júbilo de minha juventude. Volve a mim teu olhar, pois sem ele nada serei e de nada passarei. Caminho e caminhando creio que teu olhar me fortalece em cada novo passo, pois teu amor me ascende de esperança. E chegando o dia de unir-me de todo o coração em ti, possa gozar do teu amor eternamente. Amém.

18 de agosto de 2011

Diário de uma pastoral hospitalar -Benedita: A totalidade de Mãe


Era mais um dia de visitas ao hospital de base de Brasília. A semana havia sido muito exaustiva no curso de filosofia. Ainda mais aquele sábado em que tivemos vários trabalhos para apresentar e eu estava na copa do seminário. Chegando ao hospital como de costume aconteceu à divisão das duplas para o mês. Tive a alegria de partilhar este mês com meu irmão Juscelino, humilde e dotado de uma paciência. Ambos confessamos antes mesmo de entrar no hospital que estávamos sem ânimo e muito exaustos. A área onde fomos designados é o setor da emergência. Como todo hospital público em nosso país encontra-se situações de lotação com pacientes pelo corredor do recinto. Assim que chegamos fizemos um pequeno momento de oração pedindo ao Senhor da fortaleza que nos concedesse coragem e ânimo para nossa missão.
Ela estava lá. Num descanso meio sonolento, meio desperto. Seu marido lhe acompanhava. Os dois muitos simpáticos. Benedita era seu nome. Benedita que provém de bendita, e como era bendita aquela mulher! Seu sorriso em si já bendizia a Deus. No seu rosto havia as marcas de uma coragem firme, de um ânimo forte. Bastou aquele sorriso para trazer aos nossos corações o ânimo e a coragem. 
Benedita tem sua casa no Mato Grosso, mas por cinco anos faz tratamento contra uma doença renal no Hospital de Base de Brasília. Participa da Congregação cristã no Brasil, Igreja pela qual em suas palavras ela "saiu de uma vida de apenas ócio e miséria religiosa”, diz isto por não ter, segundo ela, experimentado uma vida de devoção e fé. E suas palavras eram como uma catequese, mesmo sendo de outra denominação! E que palavras de vida e história! Que fio de ouro foi tecido na vida daquela mulher. Uma cura das coisas do passado. Uma vivência evangélica do presente. “O sofrimento é a porta que nos faz passar ao Pai". Ah Benedita que palavras de vida foram estas! Que amor era este! 
Benedita era uma mãe na totalidade da palavra. Mãe no sentido mais pleno do termo. Tiveram dois filhos naturais, estes dos quais ela fala com amor. Cuidou, educou e formou cada um para o bem. Com seu marido, ambos professores do ensino fundamental e alfabetização, tratou de fazer dos filhos homens de bem. 
 Benedita não bastava os dois filhos que você tinha? Não. Benedita é mãe no total da palavra. Sabendo que próximo a sua casa uma moça queria abandonar seu filho na rua, ela correu em reter para si aquele pequeno. Acabou por adotar mais um filho. Este ao qual ela ama com carinho de uma mãe admirada pela vida. Cuidou e educou a este filho, como cuidou e educou aos outros. Benedita tinha um sentimento de amor pelos seus filhos. E toda vez que falava deles chorava com saudade. Um choro de uma saudade materna, como o choro de tantas outras maternas saudades que se encontram no mundo. 
Este filho adotado acabou por envolve-se com uma determinada moça, com qual teve uma filha. Ocorreu que a mãe da criança não aceitava a sua gravidez e ameaçou para Benedita de fazer um aborto. Gritante foi no coração daquela mãe estas palavras. Não só no coração de mãe, mas agora também de avó. O amor brotava novamente em seu coração e Benedita não se rogou. E não podendo conter sua vocação para ser mãe ela acabou criando também a neta,porque uma mulher como Benedita nasceu vocacionada a maternidade. 
E Benedita se tornou a totalidade deste dom. E Mãe que gera os seus para a vida. E mãe que gera na vida os que ela a concedeu. E mãe que gera de novo o que estava para morrer. Benedita não é só mãe. Ela é mãe no mais pleno sentido da palavra. 

16 de agosto de 2011

Nos gestos de tua maternidade.


A maternidade sempre foi um ato divino. Aquela que gera de modo carnal as fibras e os gesto mais íntimos dos pequenos é de modo sublime a imagem definitiva de um Deus materno. Nas sendas inconstantes de sua imagem ela é a figura humana do Deus que cuida e educa os corações filiais.   A maternidade é em todo o seu ato a figura extrema do cuidado que devemos ter para com outro. Seleto no amor, obstinado nas certezas. Uma mãe é o espelhar de toda uma prerrogativa de Deus. Quem recebeu este dom não foi somente agraciada, todavia escolhida. Pois quem é mãe tem de certo uma vocação intrínseca em sua alma. È selada com os dons e virtudes necessárias para bem desempenhar sua vocação. Que mão não te conduz senão aquela que te fez? Que Deus te havia formado de forma que não te desse todas as capacidades para cumprir teus empenhos de mãe?
Outro dia conversando com Padre Darci Neres falávamos do carinho existente entre você e sua filha.  O carinho que percorre entre vocês, a cumplicidade que parti. Ao ato de puder dizer que além do carinho de filha para com mãe ressurge a amizade verdadeira. Uma amizade que se mistura aos gestos de tua maternidade. E nos versos que escreves coma vida tens uma rima “pequenina” que constrói toda tua poesia. O carinho nos gestos e nos conselhos. E nas coisas que dizes faz que se passe as entranhas do arbítrio que ela recebeu. Não induz, não flameja obrigação. Indicas, conduz e ensina de forma que ela seja capaz de escolher.
È mulher de oração. Tens intimidade com teu Deus. Manifestas nos teus pequenos gestos a intimidade do teu contato com o Amado de nossa alma. A serenidade de teu falar, agir e aconselhar indica os caminhos da ascese percorrida do silêncio praticado, do encontro fundamento dos joelhos ao chão.  Apalavra de Deus no livro dos Provérbios nos diz que: “A casa e os bens são herança dos pais; porém do SENHOR vem à esposa prudente.” (Provérbios 19,14), pois sim de fato uma mulher e esposa assim é alegria de toda casa e vem do Senhor o dom de tal vida.  E uma “Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis.” (Provérbios 31:10). O que agrada ao Senhor é um coração virtuoso, e o que é bom aos seus olhos é um coração reto no amar. Uma mãe assim é sem sombra de dúvidas a alegria de toda uma casa!
Não te preocupes com os dias vindouros. Não te inquietes com as coisas passadas. De tudo o Senhor cuida. De todas as coisas o Senhor empreende sua mão vitoriosa. E quem pode ficar confundido com sua ação? Que coração por menor que seja ficará desamparado no dia da aflição? O que o Pai bem olhou não cessará de acariciar de graças e bens celestes. E ele fará brotar uma fonte no deserto. Onde já se tinha posto como seco, ele novamente regará. E com pastos e campinas de verdura o coração se alegrará.
Pois o Senhor volta seu olhar para os pobres!
Parabéns e Felicidades.

Para Nádia Cardoso que a imagem de Maria guardou tudo em seu coração e no silêncio do mesmo construiu sua casa.

14 de agosto de 2011

Casa do coração



Caminhava sem o sentido que todos os homens possuem para sua vida. Aquela que completa as coisas quando tudo não parece ter sentido. Aquela alegria de quando se completa a figura que faltava no álbum. Quando o tempo se fez presente , tudo se havia consumado. Era assim uma coisa já constituída de verdade, não havia mentira nos olhos e nem nos passos que agora remediavam as dores que sentia. E no vazio de um lugar onde residir decidi habitar aquela casa de janelas fechadas.  Um lugar que repassava um medo de confiança. Mas sua beleza estava nas serenidades que construía em mim. 

Era sombreada de mangueiras e palmeiras. Revestida de uma simplicidade que me contagiava. Uma casa de vitrais de lembranças e com gosto de "quero ficar aqui".  Um lugar sagrado e revestido de humanidade. Era casa cheia de saudades, de sorrisos e canções. De serenatas e olhares. De noites bem dormidas acreditando que o incompleto enfim tinha-se completado. Que a busca pelo outro, havia se firmado naquele recanto do sossego da alma. E alma já como abrasada por sua presença sossegou em seu colo. Em suas salas coloridas. Seus cantos eram adornados com todos os retalhos de lembranças boas, sim eles de uma forma tão imprevisível me faziam recordar as coisas mais belas da vida. Foi neste recanto de sossego do espírito que achei todas as coisas que completavam minha vida.

Mas um dia todo aquele sossego teve o fim. Não sofri tanto pelos rumos que a vida tomou, mas pelas marcas que ela deixou. Foi aquele desassossego da alma,aquele que sente-se quando aquilo que se quer tanto vai embora. Não houve culpados nos rumos desta história. Não houve aquele que se pudesse dizer culpado pelos rumos que a vida novamente traçou. Como a linha novamente escrita em rumos distintos. Assim foi nossa história. O abandono desta casa foi o inevitável,tendo em vista o acordo que o destino fez com a vida. E na força que me pedia para continuar ali habitar, surgiu o desejo de ir ao encontro de algo novo. Não desistindo daquele habitat do coração, mas como resposta a todas as coisas que agora tenho.

Mas quem de fato pode mandar nas ocasiões do tempo? Ou quem é aquele que pode mudar as circunstâncias que a vida se encarregou de construir?Ou que amor seria tão eterno?  O certo é que fiz tudo o que pude para permanecer. Mas o tempo remediará todas as coisas. E mesmo na partida ainda trago em mim os sentimentos que havia ali hospedado 
Porque um dia não retornar aos átrios dessa casa edificada? O abandono dela não foi pela ruína, nem pelo desejo de outras moradas. Foi certo arejamento de suas salas e cômodos. Um resfriar dos calores do verão do passado. Talvez um dia haja retorno ao meu lugar preferido.

Ao sonso,

Que descobriu que amor e verso são rimas de uma mesma canção.

Quem poderá? - Decididamente



Nas fraquezas de cada dia meus passos se perdem em meio as sombras que agora envolvem as certezas. Mas acredito em cada momento que assim vivo a bondade daquele que nos impulsiona para continuar. Está belíssima canção do Ministério Adoração e Vida - Decididamente na interpretação dos meus amigos Jhonata Viera e Pedro Ivo. Na graça tudo podemos!


Paz e Bem! Salve Maria

10 de agosto de 2011

Uma prece e nada mais


Saio de casa logo cedo. Arrumo minha bolsa com as coisas que carrego. Minha imagem pequenina de Santo Antônio, que ganhei naquela peregrinação ao Boqueirão. Meu terço de pedrinhas já corroídas pelo desgaste, do tempo e dos dedos que não se cansam de traçá-las. Meu crucifixo ganhado com carinho de padre Mauro não sai de casa sem ele. Abro a porta vagarosamente a fim de não acordar quem ainda encontra-se embalado pelo sono. Vou aos passos repetindo aquela oração de guarda que aprendi de minha avó. Traço a cruz em meu semblante, repetindo com alegria: “Nos passos que hoje caminhar, seja meu anjo doce companhia. Não me deixe sua mão nem de noite, nem de dia". Vou caminhando pela rua ainda meio que envolta nas trevas. Poucos são aqueles que andam neste momento. Logo de longe vejo despontar as torres da matriz. Suas pontas agudas tocam de forma tão belíssima os cantos do céu. Elas entram em contraste com as cores ainda meio alvas do sol que nasce. 
Não saio de minha casa sem antes rezar. Chego logo cedo na igreja para poder rezar. Não há quase ninguém. Fora o zelador e aquela senhorinha que reza também todos os dias no mesmo horário. Quando chego aos cantos desta Igreja sinto uma voz que pede uma prece de silêncio. Fico olhando os vitrais que a protegem das intempéries do tempo. Não me canso de olhar cada um deles todas ás vezes que aqui venho. Gosto de ficar aqui sentado olhando as imagens. A imagem do Crucificado é a que mais me chama a atenção. Como pode um homem bom morrer assim por amor a mim. Toda vez na confissão o padre pede a repetição de uma prece que diz: " Meu Jesus Crucificado por amor de vossa paixão e de vossa cruz  afastai de mim todas as potências e ciladas do inimigo. Por amor foi que morreste por mim. Tem compaixão." Sinto alegria toda vez que repito estas palavras. 
Meu silêncio é que pede lugar. Falo de coisas o tempo inteiro. Porque não calar um instante? Escuto tantas coisas deste Deus. Muitas permanecem  no silêncio e talvez sejam estas as que dou mais valor. Neste instante de amizade não tem tempo nem correria, venho logo tão cedo para não fazer folia. O avexo não deve fazer morada nestes instantes de prece. Não tenho muito para dizer em minhas preces. Sei que Deus que bem me conhece sabe daquilo que preciso. Peço apenas à saúde que não falte, a perseverança que não acabe. Não preciso ser rico, tenho os tesouros que preciso. Não desejo fama nem glória, sou amado e querido pelos meus. Numa prece de silêncio apenas olho no sacrário aqueles que me diz: “Mais um dia". Não peço que ele faça minha vontade, só a vontade Dele e nada mais. Se fosse feita minha vontade o que o mundo não seria? 
Venho aqui não mais para pedir, pois já tenho tudo o que preciso. E se tão somente para pedir nem me daria ao trabalho de cá estar, afinal Deus me dá tudo que necessito todos os dias. Minha prece presa no intento de apenas lhe olhar. Não digo muitas coisas nas palavras. Não sei nem mesmo dizer coisas bonitas como muitos o fazem por ai. Sou dos que guardam o amor em silêncio mais absurdo de mim mesmo. Minha prece de simplicidade apenas presa pelo aconchego deste Deus que sempre cuida de mim. O percebo nos dias que passam e nas coisas que empenho. Na dor sinto sua mão junto ao meu ombro. Até nos dias em falta-me a caridade. Quem não tem esses dias em que está com vontade de chutar o pau da barraca. Mas é sua calma que me alenta. Aprendi no silêncio dele que me diz tudo. No olhar dele que me revela tesouros de sua presença. Sou incompleto sem seu silêncio de Deus que me diz tudo.
O joelho já está do trabalho e das orações que faço. Todos os dias quando aqui venho, ponho-me de joelhos e apenas olho. Minha oração diz tudo que preciso. Deixo Deus falar e meu coração acolhe tudo aquilo que ele diz. Digo muito o dia inteiro no trabalho. Aqui tenho meu recanto de sossego e paz. Uma paz que acalma a alma e o coração. Preciso logo ir, mas tão logo voltarei a fim de completar esta prece de minha vida.

Matando um leão por dia



Recebi este texto através de um e-mail.

MATANDO UM LEÃO POR DIA
Pierre Schurmann

Em vez de matar um leão por dia, aprenda a amar o seu.

Outro dia, tive o privilégio de fazer algo que adoro: fui almoçar com um amigo, hoje chegando perto de seus 70 anos. Gosto disso. São raras as chances que temos de escutar suas histórias e absorver um pouco de sabedoria das pessoas que já passaram por grandes experiências nesta vida.

Depois de um almoço longo, no qual falamos bem pouco de negócios mas muito sobre a vida, ele me perguntou sobre meus negócios. Contei um pouco do que estava fazendo e, meio sem querer, disse a ele: -"Pois é. Empresário, hoje, tem de matar um leão por dia".

Sua resposta, rápida e afiada, foi:

-"Não mate seu leão. Você deveria mesmo era cuidar dele".

Fiquei surpreso com a resposta e ele provavelmente deve ter notado minha surpresa, pois me disse: - "Deixe-me lhe contar uma história que quero compartilhar com você".

Segue, mais ou menos, o que consegui lembrar da conversa:

"Existe um ditado popular antigo que diz que temos de "matar um leão por dia". E por muitos anos, eu acreditei nisso, e acordava todos os dias querendo encontrar o tal leão. A vida foi passando e muitas vezes me vi repetindo essa frase.

Quando cheguei aos 50 anos, meus negócios já tinham crescido e precisava trabalhar um pouco menos, mas sempre me lembrava do tal leão. Afinal, quem não se preocupa quando tem de matar um deles por dia?

Pois bem. Cheguei aos meus 60 e decidi que era hora de meus filhos começarem a tocar a firma. Mas qual não foi minha surpresa ao ver que nenhum dos três estava preparado! A cada desafio que enfrentavam, parecia que iam desmoronar emocionalmente. Para minha tristeza, tive de voltar à frente dos negócios, até conseguir contratar alguém, que hoje é nosso diretor-geral.

Este "fracasso" me fez pensar muito. O que fiz de errado no meu plano de sucessão? Hoje, do alto dos meus quase 70 anos, eu tenho uma suspeita: a culpa foi do leão".

Novamente, eu fiz cara de surpreso. O que o leão tinha a ver com a história? Ele, olhando para o horizonte, como que tentando buscar um passado distante, me disse:

- "É. Pode ser que a culpa não seja cem por cento do leão, mas fica mais fácil justificar dessa forma. Porque, desde quando meus filhos eram pequenos, dei tudo para eles. Uma educação excelente, oportunidade de morar no exterior, estágio em empresas de amigos. Mas, ao dar tudo a eles, esqueci de dar um leão para cada, que era o mais importante. Meu jovem, aprendi que somos o resultado de nossos desafios. Com grandes desafios, nos tornamos grandes. Com pequenos desafios, nos tornamos pequenos. Aprendi que, quanto mais bravo o leão, mais gratos temos de ser. Por isso, aprendi a não só respeitar o leão, mas a admirá-lo e a gostar dele. Que a metáfora é importante, mas errônea: não devemos matar um leão por dia, mas sim cuidar do nosso. Porque o dia em que o leão, em nossas vidas morre, começamos a morrer junto com ele."

Depois daquele dia, decidi aprender a amar o meu leão. E o que eram desafios se tornaram oportunidades para crescer, ser mais forte, e "me virar" nesta selva em que vivemos.

A capacidade de luta que há em você, precisa de adversidades para revelar-se.

5 de agosto de 2011

Um pouco da saudade

Hoje sei que a saudade começou de novo. Sinto no vazio que me aprisiona neste quarto. Rezo novamente minha Filocalia e peço a Deus que cuide de teus passos cada dia. Sei da distância que nos impede o abraço,mas nas casas da lembrança não existe espaço que impeça nosso encontro. Sou assim como um raio que parte do oriente e chega ao confins ocidentais de teu coração. É ate bom sentir saudades assim sinto o valor que tens para meu viver. É tão bom lembrar o valor que tem nossa amizade. Mesmo com seu altos e baixos,mesmo com seus limiares abandonados. Mas o que me alegra é saber que somos sacerdotes deste culto da memoria. Que sacrificamos o nosso tempo para recordar do outro. Comungamos das fontes da boa recordação. Sangramos de preocupações por nossas problemáticas. Todavia o mais bonito é ascender as velas da presença e novamente partilharmos o pão que nos une em um banquete de encontros.
Que bela "eucharistia" celebramos. Uma verdadeira ação de graças de nossas vidas. Somos saudades na despedida. Mas um céu em cada encontro. Uma ausência que nos preenche, entretanto ao encontro somos presença sem fim.Se te visita a dor,tão logo serei presente. Uma amizade não pode ser medida nas coisas que fazemos uns pelos outros, mas sim pelo sentimento que nos une na verdade. Uma saudade tão boa assim é coisa de Deus que sabe aquilo que coloca em nossas vidas.
Posso não estar presente no corpo que me aprisiona a alma. Mas sou tão presente no coração que me foge ás vezes a razão. Sou assim um viajante das lembranças,recordo como criança no desejo de logo te ver. Cuido de ti nas orações que faço. Não sou anjo,mas de todo modo cuido de tua alma. Se ferires teu corpo ,não te preocupes tratarei de tuas feridas com toda certeza. Não esquece o coração que ama o seu amado. Nos caminhos que andares serei o teu cajado. Tua força ,teu calor no dia de frio. Não deixarei que se perca nenhum de teus passos. Não sou Deus,mas sei que ele te confiou a mim e quero cuidar da forma mais serena possível do tesouro que ele me concedeu.
Hoje estamos longe,mas você não sabe a espera no coração que faço para tão logo partilharmos este pão de inocentes pedaços.Continuo a rezar. E sei que não serei confundido por novamente saber da tua presença. Teu perfume ainda inebria as salas do coração. Ou talvez seja a nobre lembrança da amizade que nos cabe.

A capacidade de esperar


Certo dia um rapaz me perguntou: 'Porque tenho que esperar tanto aquilo que desejo?'. Falava assim pela demora em receber o resultado de um emprego que esperava tanto. E de fato havia o desejo de ter aquele tão sonhado emprego. Sou tão assim quanto ele, ou melhor, somos todos assim. No desejo de ter aquilo que desejamos, fazemos da espera um calvário sem medidas. O desejo incomensurável de possuir-nos deixa nas tramas da insegurança e do medo do fracasso. Não somos feitos de espera, entretanto vivemos na loucura do imediato.
Não existe espera em nossas atitudes. Não há saudades que não deixe o desejo imediato de ser sanada, não existe prêmio que não tenha a espera do resultado, esperamos constantemente e mesmo assim não aceitamos a espera. A espera fere as nossas convicções do imediato. Fruto sem dúvida de nossa sociedade inebriada de um imediatismo frenético. Tudo está baseado no hoje, agora, neste instante. A docilidade da espera nos desespera de tal modo que queremos adiantar os acontecimentos, os momentos, as decisões.
A espera não deixa que aquilo que tanto desejamos esteja ao nosso lado. A espera impede as conquistas e os progressos de cada dia. E assim não sabemos esperar. Deus é sem sombra de dúvida um mistério de esperas. Foi capaz de nos apresentar ao poucos sua pedagogia divina. Aos poucos sua face de amor. Sua pedagogia infiltrou nossos tempos. Mandou Moisés como libertador do povo cativo no Egito, juízes e reis para cuidarem de seu povo, profetas para anunciarem aos homens seu amor que não falha. O homem não esperou. Nota-se isso pelas lamúrias e reclamações do povo no Egito. Choravam as cebolas do Egito. Clamavam que era a saudade do Egito que os encharcava. Não souberam esperar a terra prometida. Que povo louco! Que povo sem espera! Preferem as duras travas da escravidão ao livre viver.
Esperar consiste antes de qualquer coisa refazer nossas escolhas. Repensar nossos caminhos e traças novos. Esperar é um exercício de ascese continua. Os que esperam não vivem sem recompensa. Sabe bem disso quem esperou muito e conseguiu aquilo que desejava. Esperar é fazer de nosso querer a vontade Daquele que tudo pode. Não podemos nada sem antes colocar em suas mãos a nossa vida. Não te impressiones com a demora. Prepare-te para a chegada! A dor de quem esperar, não revoga a alegria grandiosa de quem conseguiu.
No coração do homem existe uma espera incontida e muitas vezes despercebida. Não sabemos o que esperamos, entretanto esperamos do mesmo modo. Deus pede a cada um de nós o sentimento de espera. Esperamos as coisas celestes. As realidades que afloram essa realidade do Reino que vem. Esse é o sentimento que mora no coração do homem. Por mais que muitos o repitam que não.
Não tenha pressa nesta vida. Tem calma! Deus cuidará de todas as coisas. Tem calma tudo será levado ao coração daquele que foi capaz de fazer grandes coisas por cada um de nós. No coração existe uma espera: Daquele que se encaixa perfeitamente em minha alma. Uma prova disto é este amigo que tão logo conseguiu aquilo que desejava.

4 de agosto de 2011

Um canto do coração




A beleza de um canto reflete-se na sensibilidade de quem canta. Agostinho de certo sabia bem disto ao dizer que " quem canta diz muito de sua alma. O canto é o reflexo de nossa vida e também de nossa alma." Muito faço para sempre que posso rezar com canções e cantos. Esta canção pertence ao meu nobre amigo Seminarista Pedro Ivo Nunes - Aleluia. Uma ação de  graças ao bom Deus que fez grandes coisas em nossa vida. Escutemos essa canção que muito alegra-me sempre que a escuto. Deus é BOM!
Uma coisa é simplesmente cantar,outra é cantar com a alma e os sentimentos do coração.
PAZ E BEM