Não há medidas para o amor. Talvez seja por isso que meço
minhas atitudes. Completo em minha carne o que falta na medida dos outros. Você
sabe disso. Quantas vezes eu não me coloquei diante de tuas dores. Sei que
sentirei saudade disso. Sei que morrerei de saudade das vezes que ajudei você a
se amar mais. Não darei mais meu colo para outro. Seja ele quem for. Ninguém me
conquistou com carinho como você me conquistou. As lágrimas de ontem à noite me
mostraram isso. Tentei não crer. Mas vendo você assim tão quieto. Tão mudo.
Prende-me a voz.
Recolhi todas as cartas de quando você estava morando fora
do país. Fiz questão de ler uma por uma. Nossa você era muito detalhista.
Chorei quando li que você foi a Champs-Élysées só porque eu disse que era meu
sonho. Amei a foto que você tirou lá. Olhei-a várias vezes. Na verdade olhei
várias vezes todos os nossos retratos juntos. Aquele que nós tiramos no
casamento de Ana Cláudia ficou muito bom.
Você tinha muitos amigos. Muitos que eu nem conheço. Tem
muita gente aqui hoje. Desde que cheguei estou preso a sua mão. Não quero
largá-la sabe? Quero senti-la pelo menos agora. Pois, quantas vezes
apertaram-na. Um sinal de sua simpatia e boa maneira. Coisa estranha ver ela
sem nenhum movimento Você está bonito. Colocaram a sua camisa favorita. E seu
terno preto charmoso. De certo foi sua mãe. Nossa ela é muito detalhista. Deve
ter percebido que você gostava muito dessas peças.
Sinto que é como se estivéssemos ainda naquele restaurante
que gostávamos de ir. Lembra? Sim aquele em que ficávamos horas falando do
nada. Conversas boas foram aquelas. Recordo-me como se fosse hoje. Cada momento
do dia que passávamos juntos. Estou a horas Segurando o choro. Não quero
chorar. Sabe que quando me avisaram eu tive um surto? È preferi pegar meu
celular e te ligar. Acreditando que você do outro lado atenderia: “Fala amigo,
como você está?”.
Infelizmente ele apenas deu aquela mensagem sem graça que
aquela moça com a voz bonita diz. Queria ouvir sua voz. Acreditar que você
estava bem lá em Goiânia. Todavia não ocorreu. Agora estou aqui olhando você.
Olhando como que ainda dormindo. Apenas dormindo. Acreditando que daqui a pouco
você vai acordar. Não trousse flores. Sei que você as detesta. Ainda mais
Crisântemo, essa sim você detesta. Vou ficar aqui viu? Não devo ficar para o
enterro. Você bem sabe que eu detesto despedidas. Mas volto tão breve para
ver-te e conversarmos novamente. Obrigado por sua amizade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário