Inicío

29 de janeiro de 2011

Laguinho do vovô



As segundas e as sextas para mim são dias complexos. Um se adianta em iniciar a semana. O outro que de quebra a termina. Um o reverso do outro. Mas ambos se aproximam em um aspecto. É dia de ir para o Parque, melhor para o famoso laguinho do vovô. Lugar bom de ficar por algumas horas. Não demasiado tempo. Pois chega um momento que cansa. Mas vamos dizer que algum tempo. Dar umas voltas em torno do lago. Vendo as pessoas que correm em busca do tão sonhado corpo perfeito. Ou então aqueles que simplesmente estão ali sentados. Como eu. Ou então os famosos, ou assim se acham, 'play boys' que vão ali para andar sem camisa querendo colocar em evidencia seus corpos adquiridos a preço de uma vaidade que tão logo se vai. De fato eles dão voltas e voltas, mas tão poucos os observam.
Os enamorados. Sim estes se colocam em peso neste lago. Trocam os carinhos apaixonados. Instante de silêncio. Momento de exaltação do outro. Eles se aconchegam uns nos braços do outro debaixo daquelas árvores robustas que se encontram perto do quiosque. Aquele quiosque que vende um sorvete delicioso, e uma água caso você como eu não tenha trago sua garrafinha. Todos eles ali ouriçados. Os apaixonados pela presença do outro e os que correm por perceberem alguns poucos que os observam.
Eu permaneço ali. Sentado naquele banco que fica perto do lago. Observando cada coisa. Os patos que nadam no lago, as crianças que se movimentam com alegria, os jovens enamorados, jovens que se reúnem para colocar a conversa em dia. Sim porque este lago é um ponto de encontro. Aqui se encontram todos. A noite aqui é badalada. O contrário do dia, que chega a ser um sossego sepulcral. Rodeado de bares e lanchonetes em seu perímetro o laguinho conserva o status de área vip. Permanece cheio em seus finais de semana. Lotado de jovens e os enamorados. Aqui é lugar de socializar-se. Um lugar no seio formosense.
Agora se você e tão pacato quanto eu e prefere um lugar para sossego sem deixar o laguinho. A dica é: venha de dia, pois a noite este lago se torna um lugar diferente do sossego que os patos têm,mas ele não perde seu jeito aconchegado de ser. 


26 de janeiro de 2011

Os quadros bem dispostos na parede.



Hoje levantei bem cedo. Tomei meu café. Café daquele jeito que eu gosto. Forte, meio sem açúcar e naquela xícara branca que ganhei de presente escrito meu nome. Nunca vi xícara igual aquela em lugar nenhum da cidade. Melhor, em lugar nenhum do mundo. Mas hoje percebi uma coisa que nunca havia percebido. O porquê de tantos quadros na minha sala? Haveria por acaso iniciado uma coleção de quadros e não me lembro. Se  resume em fotografias e obras de arte. Muitas das quais eu paguei caro. Sabe-se lá por que!
Mas me intrigou aqueles quadros tão bem dispostos na parede. De fato uma organização que invejava meu guarda roupa, sendo ele um pouco menos arrumado. Tudo bem: ele é muito bagunçado! Não tenho esse senso de organização que muitos têm. Algumas vezes o arrumo. Tenho ali um T.O.C. Coloco as roupas em cores.Separadas de acordo com sua cor. Acho que sou organizado de certo modo. Não sou? Mas aqueles quadros ,que só em enfeite se baseiam me intrigaram. Tenho até ciúmes de muitos deles. Como aquele que tirei com algumas amigas no colegial. Marcella e Thais, grandes amigas. Ou então aquele da formatura, no qual a minha mãe está abraçada comigo. Gosto muito desse.Ou quem sabe aquele com foto do pessoal do último ano de escola.
Outros eu preferiria esquecer,mas nunca tive coragem de tirar das paredes. Nem dos álbuns que guardo naquela caixa, no guarda-roupa. Dói ao pensar em me desfazer de certas coisas. Muitas fotos daqueles que já se foram. Não eles não morreram. Mas na intimidade deste coração sim. Às vezes passo tão apressadamente diante deles que nem percebo que ainda estão ali. Tento não olha-los para não emergir certas lembranças. Nossa esse café está muito bom mesmo. Odeio quando faço isso, quando mudo de assunto quando as coisas não estão boas. Ok! Detesto todos esses quadros. Todos, nem sei por que os coloquei ai. Deve ser para que todos que me visitam possam dizer: Nossa você tem muitos amigos! ; Nossa que obra linda; Você já foi nesse lugar? A verdade é que nunca recebi essas visitas. È isso vou recolher esses quadros e guarda-los. Eles estão ofuscando minha estética. Uma caixa! Sim uma caixa. Mas e se alguém me visitar?
Sim e se alguém resolver me visitar? Não vai ter algo para entretê-los, porque sou péssimo anfitrião. Não ,esquece a caixa!Deixa os quadros. Eles estão tão bem postos na parede. Vai que alguém quer ver eles? Nunca se sabe quando se receberá visitas. Melhor vou colocar mais um ao lado daquele da foto com Larissa. Sim mais um, eu sabia faltava alguma coisa ali.
Ora só são uns quadros!


25 de janeiro de 2011

Minhas últimas palavras



Está tão escuro hoje no quarto que sinto os olhos arderem com freqüência quando me infiltro na janela. Talvez seja pelo fato de fazer dias que não vejo a luz. Desde quando? Desde o dia, em que desliguei o telefone e não mais ouvi certas palavras. Eu gritava como que tentando repreender o medo daquilo que me diziam.Ouvia ainda que atento as coisas que eram ditas.Mas não me restava outro caminho se não esse que tomei no dia de hoje. Fechei a porta do meu apartamento e fechei as janelas que teimavam em iluminar a sala de estar. Tirei o cabo do telefone e não mais recebi aquelas ligações desesperadas que me deixaram na caixa eletrônica.
Havia como que uma caixa em volta de tudo. E esta me impedia de ouvir os barulhos que lá fora na rua fazem. De certo ainda ouvi as batidas de desespero na minha porta na última quinta. Se de fato era quinta. Porque até mesmo os calendários me trouxeram desanimo. Por isso recolhi todos. O celular acabou a bateria faz cinco horas. Escondi de mim mesmo o carregador porque sou viciado em celular. Não quero ter chances de ligar para alguém. Não quero ter chances de ligar para você e ter certeza do que foi dito naquela última conversa.Leio alguns livros. Estou comendo macarrão instantâneo faz vários dias. Creio que hoje coloquei no fogo o último pacote.
Seu Olavo - nem tenho certeza se foi ele - colocou a correspondência por debaixo da fresta da porta. Nada de tão interessante. Luz, água, condomínio, e uma fatura a ser paga. Ainda sinto tudo tão escuro.Muito escuro. Tomei sim alguns remédios. Poucos não muito. Mas creio que os suficiente para me fazerem dormir. Talvez seja por isso que sinto o corpo tão leve. Escrevi sim uma carta. Com medo de não mais acordar. Nas poucas palavras escritas a dor de quem deixou poucas lembranças.Poucos amigos. Poucas alegrias que mereçam grandes palavras na missa. Talvez esse sempre fosse meu grande desejo. Dormi serenamente vendo escurecer tudo ao meu redor. Separei o lixo?Sim tenho certeza. Não houve muito o que dizer nesta carta.Na minha memória só as palavras. “Vou embora, não suporto mais essa vida". Nem eu suporto mais de fato essa vida. Não a culpo por ter deixado esse recinto. Minha herança: a dor.
Só me resta dormir, e esperar o dia que vem. Talvez esse sufocar no peito seja isso. Sono.

Carta ao amigo que ainda vive.




Não há medidas para o amor. Talvez seja por isso que meço minhas atitudes. Completo em minha carne o que falta na medida dos outros. Você sabe disso. Quantas vezes eu não me coloquei diante de tuas dores. Sei que sentirei saudade disso. Sei que morrerei de saudade das vezes que ajudei você a se amar mais. Não darei mais meu colo para outro. Seja ele quem for. Ninguém me conquistou com carinho como você me conquistou. As lágrimas de ontem à noite me mostraram isso. Tentei não crer. Mas vendo você assim tão quieto. Tão mudo. Prende-me a voz.
Recolhi todas as cartas de quando você estava morando fora do país. Fiz questão de ler uma por uma. Nossa você era muito detalhista. Chorei quando li que você foi a Champs-Élysées só porque eu disse que era meu sonho. Amei a foto que você tirou lá. Olhei-a várias vezes. Na verdade olhei várias vezes todos os nossos retratos juntos. Aquele que nós tiramos no casamento de Ana Cláudia ficou muito bom.
Você tinha muitos amigos. Muitos que eu nem conheço. Tem muita gente aqui hoje. Desde que cheguei estou preso a sua mão. Não quero largá-la sabe? Quero senti-la pelo menos agora. Pois, quantas vezes apertaram-na. Um sinal de sua simpatia e boa maneira. Coisa estranha ver ela sem nenhum movimento Você está bonito. Colocaram a sua camisa favorita. E seu terno preto charmoso. De certo foi sua mãe. Nossa ela é muito detalhista. Deve ter percebido que você gostava muito dessas peças.
Sinto que é como se estivéssemos ainda naquele restaurante que gostávamos de ir. Lembra? Sim aquele em que ficávamos horas falando do nada. Conversas boas foram aquelas. Recordo-me como se fosse hoje. Cada momento do dia que passávamos juntos. Estou a horas Segurando o choro. Não quero chorar. Sabe que quando me avisaram eu tive um surto? È preferi pegar meu celular e te ligar. Acreditando que você do outro lado atenderia: “Fala amigo, como você está?”.
Infelizmente ele apenas deu aquela mensagem sem graça que aquela moça com a voz bonita diz. Queria ouvir sua voz. Acreditar que você estava bem lá em Goiânia. Todavia não ocorreu. Agora estou aqui olhando você. Olhando como que ainda dormindo. Apenas dormindo. Acreditando que daqui a pouco você vai acordar. Não trousse flores. Sei que você as detesta. Ainda mais Crisântemo, essa sim você detesta. Vou ficar aqui viu? Não devo ficar para o enterro. Você bem sabe que eu detesto despedidas. Mas volto tão breve para ver-te e conversarmos novamente. Obrigado por sua amizade.

Talvez haja Flores




Gosto tanto da primavera que se pudesse congelaria no tempo o nascimento das flores. Gosto de rever os passos das rosas que desabrocham com o passar do tempo. As plantas que no ciclo da vida dão suma beleza aos campos, jardins e varandas. Dividem seu encantamento com os carros que passam nas avenidas. Observo-as e elas permanecem inertes aos passos frenéticos dos que correm.
Meu calendário tem marcado, com aquele marca texto que gosto tanto, verde florescente. Acho que gosto tanto da primavera devida ser perto do meu aniversário. Não sei bem se é certa afinidade de momento. Alegrias e contentamentos  pela data que passou. Sei que gosto da primavera. Já tive muito medo confesso de que chegue um dia que ela não venha. Já pensou um dia em que 23 de Setembro em que comece a nevar aqui no hemisfério?
Neste dia todas as flores seriam sufocadas pelo medo da neve. Confesso também que meu medo não seria tanto pelas flores. Talvez fosse mais pelo medo de que elas não mais me encantassem como já o fazem. Dói dizer isso!Dói tanto que às vezes sei que meus sentimentos em reflexo das coisas existentes, muitas vezes não passam do encantamento que elas exercem sobre mim. As flores, os sabores, até mesmo as músicas que ouço. Todas sem excesso não passam do encanto que sobre mim exercem. Detesto mentir para mim mesmo.
Talvez nem goste tanto assim da primavera. E olha que nem tudo eu marco com marca texto verde florescente acho muito uma cor muito berrante, talvez seja por isso que dei aquela camisa para meu irmão.
Acho que continuo com certos atos pelo simples fato de me fazerem anestesiar as loucuras que carrego. Não marco no calendário nem mesmo meu aniversário e fico marcando uma estação do ano?!Está bem não quero me assustar com as coisas que aqui disse. Quero continuar com meu teatro. Gosto da primavera. Gosto de marca texto verde florescente. Dei aquela camisa porque não ficou tão boa assim. É isso!
E se esse dia que não for primavera der flores? Sim talvez haja flores! É pode ser um dia que haja muitas flores. Retiro a neve, talvez as flores sejam vencedoras. Elas podem ser  mais fortes do que a neve,não podem?É isso, talvez haja flores... Eu gosto de verde florescente, sim eu gosto.