Inicío

28 de fevereiro de 2012

Sobre a Ausência

Fraterno Luiz Júnior,
 Saudade é uma coisa que marca sabia? A ausência é de certo a privação que mais dói nos aspectos mais sutis da humanidade de um ser. Ela faz perceber a contingencia da nossa vida e o valor que devemos dar a quem temos sempre ao nosso lado. Recordar quem sempre esteve ao nosso lado faz parte de um quesito chamado memorial do coração. É evento nobre realizado no íntimo humano. Feito de recordações augustas e também tristonhas dos vastos campos da saudade. Não um saudosismo frenético e lamurioso, mas uma saudade verdadeira vendo "que isso era bom" Gen. 1,11. A ausência faz repensar o valor que cada ser tem para nossa história. Não uma história que está escrita em folhas, entretanto uma história que condiz com os sentimentos e sentidos que são próprios do homem que aceitou viver na intimidade do coração os caminhos da amizade. O valor de cada um deve ser renovado todos os dias. 
Gostaria nessas poucas linhas, porque seria necessário mais do que elas para agradecer sua caminhada, bendizer a Deus por teu sim. Louvar ao Pai de bondade por teu empenho durante estes ano que passaste conosco. Gosto muito da frase do escrito Jean Vanier que diz: “não importa teu caminho; não importa se tens sol ou noite; não importa quem vai contigo, o importante é caminha e caminha segundo o desígnio de Deus." Que seja assim tua vida. Não importa teu caminho ou como ele acontece, o importante é acreditar que o Deus Sumo Bem estará sempre ao teu lado. Acreditar nessa promessa não é mero "fideísmo", entretanto é uma entrega total de todo teu ser.
Não digo adeus, porque nessa vida somos todos eternos viajantes de uma jornada chamada vida. Caminhemos juntos!
Obrigado por tua coragem. Por ter deixado tudo e ter sido, tenho certeza, para muitos um sinal de Deus. Quem se decidiu por Cristo, por qualquer tempo que seja não será jamais abandonado. Apega-te mais e mais a Santa Madre Igreja, pois ela estará contigo onde quer que vás. Nada mais a dizer, apenas: "Aquele que te chamou é fiel" I Cor 1,9.
Paz contigo!

22 de fevereiro de 2012

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2012



MENSAGEM DE SUA SANTIDADE 

PAPA BENTO XVI 
PARA A QUARESMA DE 2012

«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos

ao amor e às boas obras» (Heb 10, 24)


Irmãos e irmãs!
A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.
Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da » (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre actual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.
1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.
O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objecto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).
A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.
O facto de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correcção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correcção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais rectamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.
2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.
O facto de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a actual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.
Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a acção do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).
3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.
Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efectivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf.Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.
Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre actual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).
Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.
Vaticano, 3 de Novembro de 2011

BENEDICTUS PP. XVI

17 de fevereiro de 2012

A Viagem


Eu queria poder dizer isso olhando em seus olhos. Esse seria meu desejo neste momento. Contudo não é permitido devido a sua saúde nesse momento. Venho todos os dias neste hospital. Saio de casa na esperança de aqui chegar e te encontrar nessa cama sentado e sorrindo. Sorrindo do jeito que só você consegue e como sempre zoando da minha cara. E quando chego ao seu quarto e te vejo assim deitado, de olhos fechados como que dormindo é impossível conter a tristeza e quando não as lágrimas. Não consigo te imaginar assim desse jeito! Preferiria estar contigo naquele carro. Preferia impedir de algum modo que você fosse aquela viagem. Contudo amigo, eu seu que todas as coisas são para fortalecer nossos laços. Fazia tanto tempo que não ia a uma missa. Fazia tanto tempo que não rezava. Hoje não consigo passar um dia se quer sem antes ir rezar por você. No princípio era por pura conveniência, apenas o desejo de te ver curado. Hoje é no desejo de cumprir a vontade de Deus em tua vida.
Ontem o padre disse uma coisa muito bonita, que mostrou a imensa misericórdia do Deus, que você tanto falava: “Até mesmo dos males Deus é capaz de fazer brotar sua glória.” Logo pensei em você. Hoje penso que numa ação de amizade por mim, você foi meu amigo até mesmo assim deitado nessa cama de hospital. Você mostrou a imensa salvação que havia para mim reservada. Entendo agora porque você nunca me obrigou a ir à missa com você ou te acompanhar naqueles encontros de oração que você sempre ia. Porque haveria o tempo certo para tudo se realizar. Hoje recordo suas palavras de sempre: “Lúcio. Serei sempre teu amigo. Existe um Deus que age de alguma forma entre nós dois.” Hoje sei Marcelo que esse Deus agia de maneira silenciosa em tuas palavras e gestos. Na tua simplicidade de ser jovem, viver alegre como um jovem e mesmo assim rezar e falar de santidade. E pensar que muitas vezes eu ria de você com essa história de ser santo. Não concebia em mim essa coisa de sermos pecadores e buscarmos ser santos. Hoje entendo que “grandes santos foram grandes pecadores.”.
Amigo, todos nós sentimos sua falta tremendamente. A galera do futebol até desanimou. Não temos mais alegria para jogar. Dias atrás, mexendo em meu celular encontrei uma de suas últimas mensagens que dizia: “Lúcio, vamos jogar uma bolinha hoje? Estou precisando cultivar as amizades. Hoje ás 17 horas no campo da Rua Cinco.” E repassei essa mensagem para toda a galera. Que alegria meu amigo! Todo mundo reunido em torno de um convite seu. Disse para galera que você não queria que nós acabássemos com esse momento que era tão importante para você, por sua causa. Vamos para segunda partida essa semana.
Os médicos não sabem bem porque você ainda não acordou. Isso me deixa preocupado, entretanto eu entrego nas mãos de Deus sua vida e sua história. Sei que hoje fazem cinco meses desde o acidente. Sei que tudo está acontecendo muito rápido, todavia espero que você acorde logo para que nós possamos caminhar juntos para fila da comunhão que era seu sonho. Nós dois juntos na mesa da Eucaristia.  Agora tenho que ir, mas amanhã eu volto meu irmão. Fica em paz. Espero-te. Sempre te esperarei. Porque amigo que é amigo, espera sempre o amigo que partiu. Gosto de pensar que você está apenas viajando para um lugar bom e que qualquer dia você voltará.

8 de fevereiro de 2012

Jesus na História da Salvação.


Este vídeo é belíssimo e emocionante. A trama em torno dele. O movimento e a calma compostos em mesmo quadro. Uma linda oração e um ato que aconteceu na Inglaterra no ano de 2011, na praça de Preston, onde um frade capuchinho realizou uma adoração eucaristica que a tempos não se ouviu falar, coragem e um sentimento de puro amor a Jesus Eucaristico foram nitidos.
Apenas uma estola e o ostensório foram as ferramentas utilizadas para convidar as pessoas que ali passavam para pararem e adorarem aquele que a séculos tem regido e cuidado das nossas vidas.
A emoção e o convite foram fortes, muitas pessoas pararam e de joelhos por alguns instantes acompanharam o lindo ato de amor e adoração eucaristica. Enquanto um dos frades expunha o Santissimo Sacramento, outro recitava a oração a seguir:

Jesus Cristo está em todos os livros da Bíblia.
No Gênesis, Jesus é a Semente da Mulher.
No Êxodo, Ele é o Cordeiro Pascal.
No Levítico, Ele é o Sacerdote, o Altar, o Cordeiro do Sacrifício.
Em Números, Ele é o Pilar de Nuvem durante o dia e Pilar de Fogo à noite.
No Deuteronômio, Jesus é o Profeta, como Moisés.
Aproximem-se e ajoelhem-se diante Dele agora.
Em Josué, Jesus é o Capitão de Nossa Salvação.
Em Juízes, Ele é o nosso Juiz e Legislador.
Em Rute, ele é nosso parente Redentor.
No primeiro e segundo Samuel, Ele é o Profeta a nós confiado.
Em Reis e Crônicas, Ele é nosso Rei Prevalecente.
Em Esdras, Ele é o reconstrutor das muralhas destriídas da vida humana.
Aproximem-se e ajoelhem-se diante Dele agora.
Em Neemias, Jesus é nosso Restaurador.
Em Tobias, ele é o Mensageiro da Nova Vida.
Em Judite, Ele é a Fraqueza Transformada em Vitória.
Em Ester, Ele é nosso Advogado.
Em primeiro e segundo Macabeus, ele é Lider que morre pela lei de Deus.
Aproximem-se e ajoelhem-se diante Dele agora.
Em Jó, Ele é o nosso Redentor Imortal.
Nos Salmos, Ele é o nosso Pastor.
Em Provérbios, Ele é nossa Sabedoria.
No Eclesiastes, Ele é nossa Esperança e Ressurreição.
No Cântico dos Cânticos, Ele é nosso Amável Noivo.
Em Sabedoria, Ele é a emanação do pensamento de Deus.
No Eclesiástico, Jesus é nossa segurança.
Aproximem-se e ajoelhem-se diante Dele agora.
Em Isaías, Jesus é o Servo Sofredor.
Em Jeremias, Ele é a Descendência Justa.
Em Lamentações, Ele é nosso Profeta que Chora.
Em Baruc, Ele é a Misericórdia do Eterno.
Em Ezequiel, Ele é Aquele que tem o Direito de Governar.
Em Daniel, Jesus é o Quarto Homem na fornalha ardente.
Aproximem-se e ajoelhem-se diante Dele agora.
Em Oséias, Jesus é o Marido Fiel para sempre casado com o pecador.
Em Joel, Ele é Aquele que Batiza com o Espírito Santo de Fogo.
Em Amós, Ele é o Restaurador da Justiça.
Em Abadias, Ele é Poderoso para Salvar.
Em Jonas, Ele é nosso grande missionário estrangeiro.
Em Miquéias, Ele é os pés daquele que traz Boas notícias
Aproximem-se e ajoelhem-se diante Dele agora.
Em Naum, Jesus é nossa fortaleza nas desgraças.
Em Habacuc, Ele é Deus, meu Salvador.
Em Sofonias, Ele é o Rei de Israel.
Em Ageu, Ele é o anel do sinete.
Em Zacarias, Ele é nosso Humilde Rei montado num potro.
Em Malaquias, Jesus é o Filho da Retidão.
Aproximem-se e ajoelhem-se diante Dele agora.
Em Mateus, Jesus é Deus Conosco.
Em Marcos, Ele é o Filho de Deus.
Em Lucas, Ele é o Filho de Maria, sentindo o que você sente.
Em João, Ele é o Pão da Vida.
Em Atos, Jesus é o Salvador do Mundo.
Aproximem-se e ajoelhem-se diante Dele agora.
Em Romanos, Jesus é a Redidão de Deus.
Em 1ª Coríntios, Ele é a Ressurreição.
Em 2ª Coríntios, Ele é Deus de todo o consolo.
Em Gálatas, Ele é nossa liberdade. Ele lhe liberta.
Em Efésios, Jesus é a Cabeça da Igreja.
Aproximem-se e ajoelhem-se diante Dele agora.
Em Filipenses, Jesus é sua Alegria.
Em Colossenses, Ele é sua Perfeição.
Em Tessalonicenses 1 e 2, Ele é sua Esperança.
Em 1ª Timóteo, Ele é sua Fé.
Em 2ª Timóteo, Jesus é sua Estabilidade.
Aproximem-se e ajoelhem-se diante Dele agora.
Em Tito, Jesus é a Verdade.
Em Filêmon, Ele é seu Benfeitor.
Em Hebreus, Ele é sua Perfeição.
Em João, Ele é o Poder por trás de sua Fé.
Em 1ª Pedro, Ele é seu exemplo.
Em 2ª Pedro, Jesus é sua Pureza.
Aproximem-se e ajoelhem-se diante Dele agora.
Em 1ª João, Jesus é sua Vida.
Em 2ª João, Ele é seu Padrão.
Em 3ª João, Ele é sua Motivação.
Em Judas, Ele é o Fundamento de sua Fé.
Em Apocalipse, Jesus é seu Rei Vindouro.
Ele é o Primeiro e o Último. O Princípio e o Fim.
Ele é a Chave da Criação e o Criador de Tudo.
Ele é o Arquiteto do Universo e o Administrador de Todas as Épocas.
Ele sempre foi, Ele sempre é, e Ele sempre será Impassível, Inalterado, Invicto e jamais será arruinado.
Ele foi ferido e nos trouxe a cura.
Ele foi trespassado e aliviou a dor.
Ele foi perseguido e nos trouxe a liberdade.
Ele morreu e nos trouxe a vida.
Ele ressuscitou e nos traz poder.
Ele reina e nos traz paz.
O mundo não pode compreendê-Lo.
Os exércitos não pode derrotá-Lo.
As escolas não podem explicá-Lo e os líderes não podem ignorá-Lo.
Herodes não pode matá-Lo.
Os Fariseus não podiam enganá-Lo.
As pessoas não podiam detê-Lo.
Nero não pode esmagá-Lo.
Hitler não pode silenciá-Lo.
A Nova Era não pode substitui-Lo.
E Oprah não pode dar satisfação Dele.
Ele é Vida, Amor, Longevidade e Senhor.
Ele é Bondade, Benevolência, Suavidade e Deus.
Ele é Santo, Justo, Imenso, Poderoso e Puro.
Seus caminhos são corretos; Suas palavras, eternas; Suas leis, imutáveis e Sua mente está em mim.
Ele é meu Redentor, Ele é meu Salvador, Ele é meu Deus, Ele é meu Sacerdote, Ele é minha Alegria, Ele é meu Conforto, Ele é meu Senhor, e Ele governa minha vida.

5 de fevereiro de 2012

Triste história de um Professor



Recebi este texto por e-mail 


Triste história de um Professor 
 
Porto Alegre (RS), 16 de julho de 2011
 
 Caro Juremir (CORREIO DO POVO/POA/RS)
 Meu nome é Maurício Girardi. Sou Físico. Pela manhã sou vice-diretor no Colégio Estadual Piratini, em Porto Alegre , onde à noite leciono a disciplina de Física para os três anos do Ensino Médio. Pois bem, olha só o que me aconteceu: estou eu dando aula para uma turma de segundo ano. Era 21/06/11 e, talvez, “pela entrada do inverno”, resolveu também ir à aula uma daquelas “alunas-turistas” que aparece uma que outra vez para “fazer uma social”. Para rever os conhecidos. Por três vezes tive que pedir licença para a mocinha para poder explicar o conteúdo que abordávamos.
 
 Parece que estão fazendo um favor em nos permitir um espaço de fala. Eis que após insistentes pedidos, estando eu no meio de uma explicação que necessitava de bastante atenção de todos, toca o celular da menina, interrompendo todo um processo de desenvolvimento de uma idéia e prejudicando o andamento da aula. Mudei o tom do pedido e aconselhei aquela menina que, se objetivo dela não era o de estudar, então que procurasse outro local, que fizesse um curso à distância ou coisa do gênero, pois ali naquela sala estavam pessoas que queriam aprender' e que o Colégio é um local aonde se vai para estudar. Então, a “estudante” quis argumentar, quando falei que não discutiria mais com ela.
 
 Neste momento tocou o sinal e fui para a troca de turma. A menina resolveu ir embora e desceu as escadas chorando por ter sido repreendida na frente de colegas. De casa, a mãe da menina ligou para a Escola e falou com o vice-diretor da noite, relatando que tinha conhecidos influentes em Porto Alegre e que aquilo não iria ficar assim. Em nenhum momento procurou escutar a minha versão nem mesmo para dizer, se fosse o caso, que minha postura teria sido errada. Tampouco procurou a diretora da Escola.
 
 Qual passo dado pela mãe? Polícia Civil!... Isso mesmo!... tive que comparecer no dia 13/07/11, na  8.ª (oitava Delegacia de Polícia de Porto Alegre) para prestar esclarecimentos por ter constrangido (“?”) uma adolescente (17 anos), que muito pouco frequenta as aulas e quando o faz é para importunar, atrapalhar seus colegas e professores'. A que ponto que chegamos? Isso é um desabafo!... Tenho 39 anos e resolvi ser professor porque sempre gostei de ensinar, de ver alguém se apropriar do conhecimento e crescer. Mas te confesso, está cada vez mais difícil.
 
 Sinceramente, acho que é mais um professor que o Estado perde. Tenho outras opções no mercado. Em situações como essa, enxergamos a nossa fragilidade frente ao sistema. Como leitor da tua coluna, e sabendo que abordas com frequência temas relacionados à educação, ''te peço, encarecidamente, que dediques umas linhas a respeito da violência que é perpetrada contra os professores neste país''.
 
 Fica cristalina a visão de que, neste país:
 Ø  NÃO PRECISAMOS DE PROFESSORES
Ø  NÃO PRECISAMOS DE EDUCAÇÃO
Ø  AFINAL, PARA QUE SER UM PAÍS DE 1° MUNDO SE ESTA BOM ASSIM
 Ronaldinho Gaúcho: R$ 1.400.000,00 por mês.
"Homenageado na Academia Brasileira de Letras"... LETRADO ELE, heim?!...
Tiririca: R$ 36.000,00 por mês, fora os auxílios e mordomias;
"Membro da Comissão de Educação e Cultura do Congresso"...
 COMO DIZEM OS GAUCHOS: “TCHÊ... QUE TAL?...”
 
 TRADUZINDO, SÓ O SALÁRIO DO PALHAÇO, PAGA 30 PROFESSORES. PARA AQUELES QUE ACHAM QUE EDUCAÇÃO NÃO É IMPORTANTE,CONTRATA O TIRIRICA PARA DAR AULA PARA SEU FILHO.
 
Um funcionário da empresa Sadia (nada contra) ganha hoje o mesmo salário de um “ACT” ou um professor iniciante, levando em consideração que, para trabalhar na empresa você precisa ter o fundamental, ou seja, de que adianta estudar, fazer pós e mestrado? Piso Nacional dos professores: R$ 1.187,00… Moral da história: Os professores ganham pouco, porque “só servem para nos ensinar coisas inúteis” como: ler, escrever, pensar,formar cidadãos produtivos, etc., etc., etc....
 
 SUGESTÃO:
Mudar a grade curricular das escolas, que passaria a ter as seguintes matérias:
Ø  Educação Física: Futebol;
Ø  Música: Sertaneja, Pagode, Axé;
Ø  História: Grandes Personagens da Corrupção Brasileira; Biografia dos
Ø  Heróis do Big Brother; Evolução do Pensamento das "Celebridades"
Ø  História da Arte: De Carla Perez a Faustão;
Ø  Matemática: Multiplicação Fraudulenta do Dinheiro de Campanha;
Ø  Cálculo Percentual de Comissões e Propinas;
Ø  Português e Literatura: ?... Para quê ?...
Ø  Biologia, Física e Química: Excluídas por excesso de complexidade.
          Está bom assim?!... eu quero mais!...
 ESSE É O NOSSO BRASIL!...
 
Vejam o absurdo no Rio de Janeiro (o que não é difere do resto do Brasil)
Ø  BOPE - R$ 2.260,00........................ para Arriscar a vida;
Ø  Bombeiro - R$ 960,00.....................para Salvar vidas;
Ø  Professor - R$ 728,00.....................para Preparar para a vida;
Ø  Médico - R$ 1.260,00.......................para Manter a vida;
 
E o Deputado Federal gente?!...    R$ 26.700,00 (fora as mordomias e gratificações e viagens internacional, etc., etc., etc., para FERRAR com a vida de todo mundo, encher o bolso de dinheiro e ainda gratificar os seus “bajuladores” apaniguados naque manobrinha conhecida do “por fora vazenildo!”.

Tempo - Oração ao tempo.

No tempo que as coisas levam. Passa tudo aquilo que não somos capazes de curar. Para cada gesto basta o tempo para remir. Basta o tempo para cuidar. Letra da canção ORAÇÃO AO TEMPO.





És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...
O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

3 de fevereiro de 2012

EUCARISTIA: ENCONTRO DE SILÊNCIOS


Todo o mistério eucarístico, celebrado sobre o Altar, tende para o silêncio. As palavras proferidas pelo sacerdote, de modo geral, compõem a trama discursiva do ritual litúrgico. Inseridas nesse contexto tão evocativo e memorial, invocam realidades da fé cristã reveladas pelo próprio Cristo. Contudo, tem como função privilegiada reconduzir o fiel para o mesmo silêncio de onde brota toda expressão oral. O silêncio precede toda tentativa de manifestação vocal. Igualmente o canto. Ele exerce também a função de conduzir para a experiência com o Transcendente. Na santa Missa exerce um papel de extrema delicadeza. E por isso mesmo e por sua capacidade de dar às palavras um ritmo e melodias suaves e belas, está mais propenso ainda para a promoção do silêncio que gera diálogo com o Grande Silêncio.
Entretanto, quando os elementos constitutivos das ações litúrgicas são afetados por ruídos e sons estranhos ao seu ambiente, o Mistério do santo Sacrifício e seus efeitos salutares para a alma ficam enevoados e torna-se pesado e enfadonho responder aos cânticos e orações; permanecer atento ao que acontece sobre a mesa santa; esperar com alegria a chegada do Amado. Fica difícil professar a fé como uma criança que confia plenamente em seus pais. No encontro amoroso é assim: quando o amado beija sua amada cessam as palavras, reina o silêncio. Tudo é calma e solidão acompanhada.
Se esse silêncio é abafado pela pressa; se a palavra perde o tom e o atrativo; se cantar é um imperativo necessário que apenas preenche vazios; se a oração perde o sentido de encontro amoroso, gerando ansiedade e desconforto, então a liturgia sacramental do mistério eucarístico perde a força sagrada e sedutora de comunicar a beleza da Beleza Encarnada. De comunicar a alegre certeza de que Jesus Sacramentado é o Céu na terra. No encontro amoroso é assim: quando o amado beija sua amada cessam as palavras, cerram-se os olhos, reina o silêncio. Ambos descobrem a beleza da presença um do outro. Tudo é graça. Tudo é dom.
Vale lembrar que foi no glorioso silêncio da eternidade que o Pai Eterno decidiu enviar seu Filho único e amado para salvar o ser humano. Foi no silêncio da carne da Imaculada Virgem Maria que o Espírito Santo concebeu Jesus Messias. No silêncio foi gestado. No silêncio nasceu. No silêncio viveu. No silêncio amou os seus até o fim. No silêncio instituiu o mistério sublime de amor do seu Corpo e do seu Sangue, a Eucaristia. No silêncio sofreu e morreu numa cruz para redimir a humanidade, livrando-a do terrível silêncio imortal das trevas do pecado. No silêncio ressuscitou. No silêncio e sempre no silêncio permanece com seu rebanho. No silêncio está a espera daqueles que dizem amá-lo. No silêncio voltará, como um ladrão, quando menos se esperar.
Por tudo isso e outros motivos não salientados é preciso reconhecer o valor imprescindível do silêncio, como condição sine qua non, para um verdadeiro encontro de amor com Cristo eucarístico. O Cristo que habita numa luz inacessível e transbordante de silêncio. O Cristo amigo que se faz Pão de Vida Eterna para todos os que descobriram em Sua amizade o caminho de volta pra Casa do Pai. Também são bem aventurados todos aqueles que se fizerem silêncio ao adentrarem os átrios da casa do Senhor para celebrarem a Ceia do Cordeiro Imolado, sacramento do amor e do silêncio.

 Sem. Nailton Almeida,seminarista desta Diocese e estudante do 2º ano de Filosofia no Seminário Maior Nossa Senhora de Fátima

Diário de um sacerdote idoso


Quando o galo ainda canta nos montes da chapada.Quando os passos do boiadeiro ainda são vagarosos pelo sono que ainda pesa.Quando o sol ainda não bateu nas costas da cabocla. Quando as crianças ainda são embaladas pelo ninar do sono. Quando o cheiro do café fresquinho já se espalha pelo recanto. Esse é o tempo que me levanto. Que coloco meus pés ao chão e novamente traço sobre meu corpo já idoso o sinal da cruz. Aprendi desde pequeno que quando Deus nos concede mais um dia ele deve ser vivido na intensidade do coração. Escovo meus dentes, faço a barba, tomo meu banho e vou cantando utopia de padre Zezinho. Canção de memórias minhas, pois me faz recordar os dias em minha casa. Coloco minha batina e rezo a oração que aprendi no seminário. Muitos me chamam de atrasado, outros de velho, alguns dizem que o tempo passou e eu ainda uso essa roupa velha. Contudo não deixo minha velha companheira. Ela me lembra de quem sou e diz para os outros quem sou eu. Ela me tira da vaidade, ela redobra minha humildade e caridade.
Na capela chego cedo a fim de poder rezar. Oração é o alimento que nutre os meus dias. Os meus passos não são mais rápidos como antes e os meus olhos podem estar um tanto cansados, mas não existe fadiga para quem decidiu fazer da vida um serviço para sempre. O corpo cansado é o sinal da vida que levo. Não é cansaço do corpo, não é cansaço da mente é na verdade as marcas turvas do tempo que tenho andando nessa terra. E sentado todo dia nessa cadeira velha como eu, que observo os rabiscos que a vida tratou de traçar nas páginas da minha história. É aqui no silêncio do oratório, no mudo vento que bate nas cortinas que vejo o amor o esperado. Ele bem sabe que a saudade da mocidade às vezes bate e do tempo que fazia muito mais, mas ele também sabe que chega um tempo em que as fibras já cansadas deste corpo se põem a reclamar certo cuidado no feitio de algumas coisas. 
Rezo minhas orações no ritmo das horas do dia. Orações que consagram meu dia e faço dele entreha ao Deus de minha juventude. No café nada de nobre. Gosto daquele cafezinho puro com um pão quentinho. Uma fruta para adoçar a manhã. Cuidado ternos de um velho sacerdote que ainda precisa viver para cuidar de suas almas. Remédios são necessários e obrigatórios. Afinal o tempo marca de suas formas e gestos os corpos humanos. Hipertensão não é brincadeira. E tão logo nos passos vagarosos que ainda posso dar vou a paróquia cuidar dos meus filhos. Almas floridas de encanto divino, almas chagadas de feridas humanas, olhos sedentos de saudades antigas, olhos arrependidos de pecados presentes. Homens, mulheres, crianças e jovens que buscam ao traçar de uma velha mão humana, o gesto divino de um Deus que toca a miséria de nossas almas. Choros contidos e choros remidos. É ali no confessionário que as sujeiras de nossas almas são lavadas na fonte límpida da misericórdia.
Volto para casa ao meio dia, depois de rezar o ângelus com alguns que param antes do almoço na Igreja. Almoço delicioso que Maria de Deus prepara. O nome diz tudo. Ela é de Deus mesmo. Mulher sofrida, batalhadora e que por 20 anos anda comigo. Cuida da casa, faz comida, lava roupas como ninguém. Mulher “arretada” de prendas e dons. Mulher de joelho genuflexo e olhos fechados aos momentos de oração. Almoça comigo a mesa todos os dias. Companhia santa que não dispenso em hipótese alguma. Até o Senhor bispo já sabe disso: Quando ele vem visitar a casa dele aqui na paróquia, Maria de Deus também se se senta à mesa conosco.
A tarde algum tempo de repouso e necessário. Coloco o corpo alçado na cama por uns 40 minutos. Nada de sono prolongado. Volto ao recito que deveria se mais amado pelos sacerdotes: o Confessionário. Ali fico a tarde toda. Atendo os meus filhos e filhas que sedentos esperam.A tarde torno novamente a encontra a razão de tudo isso:Jesus. Ele abençoa todos os meus dias. À noite celebro a missa. Igreja lotada. Os padres novos me perguntam: “O senhor, tão idoso lota uma igreja, tendo em vista que muitos padres de sua idade não conseguem assim fazer?” A resposta é muitos simples: AMOR. Nada mais posso dar a estes pequeninos se não amor. Não sei mexer nessas tecnologias. Tenho um celular que mal sei usar e um computador que ganhei de uma sobrinha (outra coisa que aprendi na marra). Mas nada supera o amor. Não tenho medo de abraçar e dar carinho a cada um deles. E não tenho medo de dizer a verdade a cada um deles. Sou velho, mas a mente ainda é jovem e o amor não envelhece jamais. 
Quando chega a noite em cinzas na casa paroquial, depois de um banho e um lanche noturno, só me resta oração e contrição. E deitar na minha cama, pedindo a Deus a graça se ele assim quiser de um novo dia. Peço perdão a Ele por aquilo que não pude fazer por meus paroquianos no dia que passou, contudo rezo para que eles sejam confortados por seu amor. Quando fecho os olhos, tenho apenas o desejo de um dia acordar de frente com ele dizendo: “Muito bem servo bom e fiel”.