Inicío

29 de dezembro de 2011

Apenas Mais Uma de Amor - Interpretação de Padre Fábio de Melo

Em um tempo em que sentimentos são tão epidérmicos e sem um mínimo de interioridade, a vida pede abertura para as realidades que emergem do íntimo. São como nada as palavras, os gestos,os abraços,as chegadas e encontros sem o principal: O coração. Essa música mostra que escolhas é a partida para os rumos da vida. Os outros nunca serão donos de teu caminho.Posto hoje essa música de Lulu Santos Apenas mais uma de amor na interpretação de Padre Fábio de Melo. Afinal de contas "Eu acho tão bonito isso de ser abstrato baby a beleza é mesmo tão fugaz"




Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixo assim ficar
Subentendido

Como uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor obrigação de acontecer

Eu acho tão bonito isso

De ser abstrato baby

A beleza é mesmo tão fugaz

É uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor pretensão de acontecer

Pode até parecer fraqueza

Pois que seja fraqueza então,

A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso

Caberá só a mim esquecer

O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber

Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixo assim ficar
Subentendido

Como uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor pretensão de acontecer

Pode até parecer fraqueza

Pois que seja fraqueza então,

A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso

Caberá só a mim esquecer

E eu vou sobreviver...
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber

21 de dezembro de 2011

“Porque não havia lugar para eles” Luc 1,7



Lendo e meditando as palavras do Santo evangelho de Lucas, capitulo primeiro verso sétimo, lemos: “Porque não havia lugar para eles”. Esta passagem do evangelista relata o acontecimento do nascimento de Cristo em Belém.  Maria e José estão na cidade para o recenseamento proposto pelo imperador César Augusto. Chegando a cidade não encontraram lugar para se hospedar. Aquele que fez o mundo e todas as coisas não possuiu um lugar para nascer. Completa-se o sentido deste acontecimento com as palavras do próprio Senhor que diz: “O Filho do homem não tem onde recostar a cabeça.” Mat 8,20. O intrigante é ver a atualidade desta Palavra de Lucas. Hoje em dia não é diferente para o Senhor! Porque estamos tão preocupados em enfeitar, em uma ceia, em presentes e árvores que esquecemos o principal sentido do Natal. Não é uma festa de proporções mercantis ou econômicas, entretanto é uma festa de frutos espirituais. Encontramos neste tempo shoppings lotados, lojas abarrotadas de pessoas.  Voltamos o olhar para as festividades externas deste tempo.
No tempo do Natal parece que a vida e a realidade tomam novos rumos e apontam novos horizontes. Isso acontece todo final de ano com as festas que estão ligadas a este período. São promessas e votos, desejos de mudança para o ano vindouro. Voltamos para o ano que passou e temos a impressão de que não fizemos aquilo que desejamos por inteiro. Como se houvesse um grande vazio em nós, e queremos com a proximidade do ano que se aproxima renovar e criar novas esperanças.  Contudo, queremos sempre coisas maiores e melhores. Em que ponto de toda essa tendência ao futuro, que emerge no findar do ano, deixamos espaço para Deus? Parece que todos os caminhos levam para longe de Deus. Esquecemos o verdadeiro sentido do Natal. Porque e por quem se realiza essa festa que muda nossas rotinas e vidas. Porque em nossas vidas não existe “lugar para eles.” E esvaziamos nossas expectativas e esperanças em presentes e coisas meramente passageiras e renegamos o “presente” mais grandioso que poderíamos receber: Jesus Cristo, Emmanuel, Deus conosco, o Filho do Homem.
Andando pelas ruas da cidade as vemos lotadas de enfeites, pessoas que passeiam em busca daquele presente perfeito, alegria e singeleza nas relações, milhares de campanhas de natal para instituições de caridade e filantropia. Nasce no coração do homem o “espírito de natal”. Mas uma pergunta todos os anos chega ao meu coração: Não deveria este “espírito de natal” acontecer durante todo ano? Não deveríamos voltar nossos olhos aos pobres, ao próximo e ao sofredor o ano inteiro? A alegria de um Deus conosco não deveria encher nossos corações durante o ano todo? Porque então só neste período fazemos estas coisas parecerem tão emergentes e urgentes? São com toda certeza muitos questionamentos para nós sobre este período.
Não digo que estes empreendimentos e empenhos devam acabar, contudo devemos entender que eles deveriam acontecer durante todo o ano. Os orfanatos, casas de recuperação, presídios, hospitais e tantos outros não funcionam tão somente neste fim de ano, contudo durante todo ao ano. O nosso irmão não tem que ser amado só durante este final de ano, contudo o ano inteiro. Estes gestos de caridade e filantropia deveriam ser repetidos tantas outras vezes durante o ano. Enchemos as redes sociais de ameaças, xingamentos, piadas e outras coisas mais sobre o caso enfermeira em Formosa que aparece em um vídeo espancando um cachorro da raça Yorkshire. Já pensou se usássemos todo esse empenho em ajudar a Sociedade de São Vicente o ano inteiro. Usar todo esse período para ficar um tempo no hospital com os menos favorecidos, no presídio com nossos irmãos encarcerados, nos asilos e orfanatos. Olhemos uns instantes para nossa escala de valores humanos. Fizemos uma “guerra atômica” de montagens e piadinha sobre o ocorrido com um animal e não somos capazes de cuidar de quem é semelhante a nós o ano inteiro. Ainda se acha racional?
Fiquei demasiado preocupado quando perguntei para uma criança outro dia na Igreja: “Quem é teve seu nascimento no natal?”.  Ela prontamente respondeu: “Papai Noel”. E acredito que se fizesse essa mesma pergunta para outras crianças elas responderiam o mesmo. É tão avassaladora a intenção da promoção do bom velhinho que em quase todos os comerciais, se não todos, de televisão ele aparece como protagonista. Não que isso importasse para promoção cristã do Natal, porém este marketing televisivo faz uma verdadeira lavagem cerebral em nossas crianças e jovens. O Natal se tornou uma festa mais conectada ao mercado comercial, ao fato religioso que está ligado ao Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Esta mudança de mentalidade deveria começar primeiramente por nós cristãos. Deveríamos colocar um novo olhar sobre o Natal. O olhar de quem reconhece que nosso Deus e Senhor, sendo Deus, veio de forma concreta habitar conosco. No coração devemos ter novos horizontes e novas perspectivas, mas que estes sonhos comecem neste período e perdurem ao no todo. Que as diversas campanhas de ajuda às várias instituições não sejam apenas neste tempo que vivemos, mas que sejam para todo o ano, que se repita de modo ousado durante o ano que advém. Mudar a realidade do Natal exige de cada um de nós a confiança e reconhecimento de um Deus que veio ficar conosco. Esse é o real sentido de toda essa festa que vivemos durante este fim de ano. Todas essas realidades citadas acima, sem esse norte que guia nossos passos, não passam de uma coleção de gestos e realizações sem sentido. Ficam as palavras do profeta Isaías que nos convida:


O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz.

Vós suscitais um grande regozijo, provocais uma imensa alegria; rejubilam-se diante de vós como na alegria da colheita, como exultam na partilha dos despojos.
Porque o jugo que pesava sobre ele, a coleira de seu ombro e a vara do feitor, vós os quebrastes, como no dia de Madiã.
Porque todo calçado que se traz na batalha, e todo manto manchado de sangue serão lançados ao fogo e tornar-se-ão presa das chamas;
porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz.
Seu império será grande e a paz sem fim sobre o trono de Davi e em seu reino. Ele o firmará e o manterá pelo direito e pela justiça, desde agora e para sempre. Eis o que fará o zelo do Senhor dos exércitos.
O Senhor profere uma palavra contra Jacó, e ela vai cair sobre Israel. 
Isaías 9:2-8

20 de dezembro de 2011

O encontro


Antes de marcarem o encontro no tempo e no calendário dos seus dias, ele já havia sido escrito nas fibras dos seus corações. Era tão real e visível o amor que havia entre os dois, que até o pior dos homens em percepção saberia que ali havia mais do que uma simples amizade. A indiscrição indiscreta de ambos fazia o clima de romance parecer ainda mais inevitável. Eram dias de contagem. Ela mesma prometera para si que não faria expectativas desanimadoras. Ele de certo contava os dias sem o pudor de dizer que era o dia mais feliz da sua vida. Ela se perguntava a todo instante como acontecerá aquilo? Como pode aceitar sair com seu melhor amigo? O que estava acontecendo de verdade entre os dois, que fazia o clima sempre mudar de uma amizade de infância para um amor de eternidade? Uma coisa ela sabia: era impossível esconder sua alegria. Os amigos de trabalho já notavam a aparente mudança em seu humor. Os sorrisos soltos e sem momento nos corredores. Os abraços fortes como se abraçasse outra pessoa e de certo ela imaginava está abraçando ele. Ele nem mais dormia, pois preferia continuar sonhando acordado pensando nela e naquele dia tão esperado.
Chegando o dia tão aguardado ela foi para casa em riso disfarçado. Disfarçado para ela que tentava esconder,como se esconde uma lâmpada com saco plástico transparente. Ele de mesmo modo tentava ocultar sua alegria, mas ela era tão real e forte que aqueles que entravam em contato com ele sentiam em seu pulsar as forças do sentimento que tinha por aquela moça de infância. Não era amor demais, nem de menos. Era simples e sem pompa, contudo ele dizia para si mesmo: “Não assustar ela!” e assim ele ia repetindo em seu coração, quando não em voz alta, no caminho para casa. Ela preferia algo discreto para vestir, não queria parecer que fosse um encontro. Ele do mesmo modo fazia uma combinação normal de roupa, daquelas que ele sempre fazia sem pensar, mas era inevitável não pensar no melhor para ela. E o tempo passava e em seu coração já não havia minutos de separação. Não havia tempo que contivesse as eternidades de tempo que pareciam cada segundo.
Logo no primeiro toque da campainha ela pensou o que ia dizer. Pensou como ele estaria vestido, e se não havia exagerado nos detalhes da maquiagem. Não queria parecer uma boba. Eram tantos pensamentos em poucos segundos que logo ao segundo toque da campainha foi inevitável o nervosismo e pensará se estava fazendo a coisa certa. Se aquilo não era apenas uma forma de compensar seus romances passados que não deram certo. Ele ao lado de fora pensava se ela não haveria esquecido. Pensou se estava realmente certo daquilo, se aquilo não era apenas um modo de ser feliz. Pensou consigo mesmo se não havia exagerado em dar dois toques na campainha.
Ao ouvir o trinco da porta romper no giro ele logo se acertará de forma reta. Ela por sua vez atrás da porta dizia consigo mesma que não era ele, devia ser apenas mais um vendedor. Quando olhos se encontraram pareciam novamente conhecer um ao outro. Era como se fosse a primeira vez que ambos se viam, coisa estranha para quem se conhecia há vários anos. Era como seus olhos se cruzassem pela primeira vez, como se nunca tivessem se visto. Ele ficará sem palavras para a beleza que agora fitava. Ela por sua vez, encantará com aquele rapaz diante de si, que estava vestido de terno e camisa azul. Ela amava azul. Ela saiu ao seu encontro. Não sabia se abraçava, se apertava a mão, se beijava no rosto. Ele do mesmo modo não sabia que atitude tomar, enfim partiu para um abraço. Aquele abraço que ele esperou a semana inteira, aquele abraço que continha os aromas e as fibras que ela ansiosamente esperou e quando sentiu aquele corpo de encontro ao seu sentia que podia ser mais forte. Sentia que não havia mais ela, não havia mais ele. Havia apenas um só e eles eram um só. E o mais estranho daquilo tudo era saber que eles sempre estiveram juntos e próximos, contudo aquele momento era como se fosse o encontro dos encontros.
No caminho para o restaurante o silêncio era contemplativo. Ela fitava seu rosto com vontade de tocá-lo. Ele dirigia com desejo de fitar seu rosto e vez em quando o fazia. Durante o jantar as conversas de sempre giravam em torno dos dias que antecederam este momento. Ela queria fazer com que aquele momento fosse um encontro entre amigos e ele do mesmo modo, contudo já era impossível fazer aquilo parecer um encontro casual de amigos. Já existia o clima de encontro. No olhar, nos gestos, na fala e até no restaurante. Nunca que um lugar daqueles com luz de velas e música ambiente seria lugar de amigos se encontrarem. Onde estava o cachorro quente? Aquela música esculachada da lanchonete? Onde estava aquela conversa desenfreada dos presentes. O lugar era silencioso e calmo, parecia que as pessoas tinham medo de conversar e atrapalhar os outros. Fato visível: só havia casais naquele momento.
Para não perder o costume dos encontros entre eles resolveram dar uma volta no parque. Eles sempre faziam isso quando saiam juntos. Na verdade era mais o desejo de não dar tom de encontro do que cumprir um ritual de amigos. Aquela altura do dia era impossível acabar com aquele clima romântico que existia. Principalmente pelo fato de nunca eles haverem chegado ao parque de mãos dadas. Ela nunca estaria com o terno dele sobre o corpo devido ao frio. A verdade se revelava aos seus olhos: Aquilo era um encontro.
Sentados naquele banco ele a abraçou como se quisesse a ter para sempre. Ele a detinha em seus braços no desejo impetuoso de ser como um escudo para ela, como uma fortaleza protegendo um tesouro de grande valor. Ela ali protegida sentia que aquele era o momento mais importante de toda sua vida. Aquele instante era o instante de completar seu eu. O amor que ela sempre esperou, esteve sempre diante de seus olhos. Ali bem diante de seus olhos. Foi inevitável a pergunta:
- Você me ama de verdade?
Ele sem o pudor, respondeu:
- Você irá descobrir pelas batidas do meu coração.
E ela sentia. Sentia que já havia certa confusão entre as batidas do seu coração, com as batidas do dele. Daquele dia em diante fizeram uma promessa diante do Senhor: “Que nosso amor seja Nele uma chama em que Ele seja o fogo que une nossos corações.” E aquilo foi tão verdadeiro que o Senhor nunca extinguiu aquele fogo de graça que os une até hoje. Um amor de eternidade.
Para meu casal amigo que de um tesouro de amizade, cultivou um tesouro de corações. E estão juntos por graça e vontade. 

2 de dezembro de 2011

Encontro e significado.


Querido irmão Jefferson Ricardo, nunca fui muito bom em dizer adeus. Fico sem palavras para aquele que vai partindo. As palavras fogem de maneira que pareço mudo diante da pessoa. Despedidas sempre me fizeram retornar para realidade do encontro e refazer o caminho da descoberta do outro. Não gosto de dizer adeus, prefiro um “até logo amigo” que ressoa com gosto de um futuro encontro. Então não quero dizer adeus, mas apenas um até logo. Quero por estas palavras expressar minha mais tenra gratidão pelo dom do seu existir, render louvores mil ao Autor de toda graça pelo dom de sua vida.
Querido amigo só Deus sabe o quanto o tenho em meu coração. Só ele sabe bem o quanto o faço guardado nas entranhas mais profundas e nas fibras mais sinceras do meu coração. O coração faz recordação de cada bom momento que tivemos, mesmo sendo ainda poucos! Repito aquilo que já disse para ti em outros momentos: Quem disse que para ser amigo é preciso estar perto e faço do poeta minhas palavras: “Tenho tudo o que preciso no meu coração. Tenho aqui perto de mim”. Com você é assim: Tenho-te aqui no meu coração!
O encontro começa com a descoberta do outro. O caminho que perfaz o coração é aquele de descobrir aos poucos as salas do coração do outro. E mais do que estar do lado, é sentir as batidas do coração. Encontro real só acontece quando ambos estão dispostos a fazer o caminho. E quando o encontro se faz completo, é hora de partir. Sim é hora de deixar as salas do coração do outro a fim de deixar na lembrança aquela saudade boa. Sair não é deixar, até porque ““ Estar não é cuidar. Perto estas se dentro estas. Crescer não é mudar, cuidar não é ficar fica tua vida em mim. Sair não é deixar. Estar não é cuidar. Perto estas e dentro estas”
É na senda do encontro que vamos aos pouco descobrindo a importância do outro no contexto de nossa história. Os significados que serão preenchidos em nossa vida com a presença do outro. Acredite querido irmão que a dor maior do homem não é aquele que nasce no corpo, não são dores biológicas que fazem o homem sofrer mais na sua existência. São as dores da mente, as dores da saudade, as dores da perda, do significado perdido em nossa história. A perda de um significado remete ao vazio que não pode ser preenchido por mais ninguém ou coisa. Essa é a profundidade do encontro. Ninguém sofre por aquilo que não possuiu significado em sua vida.
Obrigado pela verdade de suas palavras, pela sinceridade de me dizer sempre aquilo que precisei ouvir. Por cada sorriso seu, que muitas vezes me fizeram rir. Sim ri muitas vezes mais da sua risada do que dos fatos que fizeram a gênese dela. Obrigado por me ensinar a ser mais real e não ter medo de dizer quem sou. Saiba meu amigo que você é uma das pessoas mais puras que conheci, sim na verdade você é uma das pessoas puras que conheço. Pureza de viver aquilo que Deus quer na sua vida. Não tenha medo de persistir, porque Deus vai andar ao seu lado sempre. Deus precisa de pessoas como você para sua vinha.
Poderia dizer muito mais em palavras, mas como bem disse sou péssimo em despedidas. Que não sejam uma despedida estas palavras, contudo recomeço. Estarei sempre aqui. Coração a mostra para ti. Porque um dia encontrei o seu que acolheu esse que estava ferido.
Deus vos bendiga!
“O mais importante da saudade é saber que os que partem não partem por completo, e os que ficam ainda sentem a presença. O abraço da despedida não quebra as forças da presença. O que move os sentimentos da saudade é a certeza de que aqueles que se separam estão tão mais íntimos de si. A força do coração trata de unir as distâncias.
Raifran Sousa – Sobre a saudade e outras coisas de sua realidade.