Inicío

19 de julho de 2011

E Jesus chorou: o divino amigo em perspectiva de João 11


Paz filhos do céu, 


  Amizade é sentimento que constrange nossa humanidade, sentimento que exige de nós profunda doação e entrega. Amizade é tão sagrado que poucos conseguem tocar os umbrais deste templo de portas fortificadas na verdade. O próprio Senhor não se privou de ter seus amigos. Ao lermos o Evangelho de São João, vemos que o evangelista usa deste termo para designar os irmãos de Betânia Marta, Maria e Lázaro. E o Senhor tem para com os discípulos este mesmo carinho, pois de fato ele mesmo os denomina amigos. O divino Amigo procurou está próximo e conhecer com o afeto fraterno os seus.
 Ao lermos o texto em que o Senhor ressuscita Lazaro vemos o amor que ele tinha por seus amigos. Por duas palavras manifesta-se a necessidade dos amigos, a necessidade de sofrer, amar e cultivar as amizades. “E Jesus chorou” Jo 11,35. O evangelista João faz questão de destacar este ocorrido. O Amigo dos amigos chora ao ver o desespero e a tristeza daqueles que ali estavam a consolar as suas amigas Marta e Maria. A dor da perda e as marcas da amizade se manifestam. Sabemos bem que ele mesmo disse que este ocorrido era, todavia para manifestar a glória de Deus. E ele cativado pelos sentimentos que ali fluíam procura seu amigo: “Onde o colocaram” Jo 11,34. O divino amigo procura o seu amigo Lazaro.
  Ao verificarmos o contexto atual de amizade nos perguntamos: Até onde vão as relações atuais? E existe amizade neste mesmo? Respostas se propõem de diversas formas e de diversos lugares. Contudo as amizades no contexto que vivemos estão constituindo-se em princípios meramente convencionais. Firmaram-se na sociedade os amigos de conveniência, os amigos de momento, tais tornam-se amigos rápidos e pouco se guarda deles porque de fato estes não são amigos. Outro fator é a amizade virtual. Muitas vezes pessoas de mesma cidade (quando não de mesma rua) falam-se usando os meios virtuais de comunicação e as famosas redes sociais. Usa-se este termo com tamanha facilidade, mas quase nada sabemos sobre ele.
  A inspiração de uma amizade que corresponda aos valores deste sentimento está contida no trecho citado acima. O amigo se preocupa com o outro a ponto de arriscar a própria vida, Lemos a advertência medrosa dos discípulos que tem pela vida do mestre “ainda pouco os judeus queriam apedrejar-te” Jo 11,8. Ao convite do impetuoso Tomé “Vamos também nós para morrer com ele” Jo 11,16, pois sim ambos seriam capazes de dar a vida uns pelos outros. O amor de amigo subtrai as incertezas, desmistifica os conceitos e preconceitos. O amor vence o apreço e austero e sem fingimento. Amor que compadece do outro ao vê-lo perdido nas trevas de si mesmo, ou de outro fato ou coisa que lhe retém. Pois amor de amigo é caçador do outro e busca em si mesmo ser imagem verdadeira. Amigo que busca se a si mesmo, todavia tenta na humildade amar e compreender suas limitações e sua necessidade de crescimento. Amigo é como ponte nos leva a misericórdia de Deus. E o Senhor Tirou Lazaro de seu sono. Não deixou que ele habitasse para sempre na sombra da morte. O amigo é aquele que resgata das sombras do mal, seja ele qual for. O bom amigo não impede que o seu outro tenha amigos, fora do seu ciclo. O amigo reza e coloca o seu amigo na presença de Deus.
  Ser amigo é fazer-se semelhante do divino Amigo, amigo por excelência. Peçamos a ele que sejamos iguais em doação e carinho para com nossos amigos. Afinal de contas a frase célebre ainda perdura n coração daqueles que fortificaram este sentimento: “Quem descobriu um amigo, descobriu um tesouro”. Eclo 6,14

*Raifram Sousa, seminarista maior, 1° ano de Filosofia


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