Inicío

4 de fevereiro de 2014

Vestiu-se de morte.


           
A veste negra que cobre o corpo é a mortalha escura do homem morto. Vestiu-se de negra capa para cobrir-se de santidade. Nas fibras brunas daquele manto decidiu guardar sua vida das vaidades fúteis que revestem o mundo. E ainda que transmitam escura cor é como luz sua presença. Decidiu vestir-se assim parar gritar no silêncio de quem olha os sinais firmes de sua decisão. Para unir seu coração ao sinal externo da sua escolha. Não mais vestir-se nos gostos deste mundo, porque já aqui deseja transmitir o que será no céu seu ser: guardado para Cristo.
Vestiu-se de morte este homem. De penumbra cor guardou seu corpo, não para honra de seu nome, mas para glória daquele pelo qual quis estar revestido. Cobriu-se de escura manta não só aos olhos humanos, contudo também seu coração foi revestido de outra veste superior, que é como complemento desta. Vestiu seu coração de caridade, de fé e esperança, que são o sentido daquela primeira. Vestiu-se de morte este homem para dar vida, para levar vida. Sua veste negra é o sinal de que ele irá e não se cansará. Decidiu unir estritamente os sentidos dessa, com os sinais da vida. Só assim toma sentido o vestir-se desse sinal de pertença.
Vestiu-se de morte este homem para dizer aos homens que é um homem já morto para suas riquezas, porque guardou no céu todo seu tesouro e só neste Bem poderá ser rico. Que paradoxal sinal: nada ter para Tudo possuir. E o homem que decide vestir-se de negra veste deve deixar as efêmeras coisas dessa terra para juntar tesouros no céu. Deve descobrir que aquela veste é o sinal do bem maior que deve possuir, de quem lhe dará tudo quanto precisa, porque Ele mesmo o basta para que possa ter tudo, porque Ele é Tudo e o todo é Dele. Vestir-se de morte é nada guardar para si, porque o que tem não é seu, mas foi recebido Daquele que tudo tem.
Vestiu-se de morte este homem parar apresentar Aquele que antes dele também se revestiu de morte para dar vida. Não é ele sinal por si mesmo, entretanto é tela daquele que é a verdadeira obra. Não é ele o principal, não é por si mesmo e não será jamais, porque deixa que o sentido também daquela veste seja o protagonista de sua história. Não veste por fama, por poder, por vaidade. Vestiu-se de morte para que transmita o seu Amado. O que desposou sua alma e vestiu ele com veste nupcial mais digna, veste que diga: “És Meu!”.

Aos olhos humanos é um louco. Dizem seus opositores: “Louco”, “Coisa velha”, “Vive no passado”, “Tradicionalista demente!”. O que faz o homem já morto? Acolhe tais ditos como flores que são jogadas para seu Esposo. O sinal de que não é diferente do seu Amado, que antes dele também foi insultado por escolher viver além deste mundo. E o homem morto não mais se importuna com isso, porque não é sua morte escolha dos homens, mas daquele que antes dele, também livremente deu sua vida para que outros pudessem alcançar o Reino.

11 de abril de 2013

“O Zelo por tua casa me consome” Sl 69,10 : Porque se vestir com decoro na Igreja?


Por Seminarista Raifran Sousa
A Igreja é a casa de Deus. Essa afirmação é continuamente afirmada por cada um de nós e constantemente repetida em nossas comunidades. Aparece neste contexto o respeito devido que devemos ter para com este santo lugar, bem como a maneira de nos vestirmos e portarmos. Em principio essa afirmação toma um modelo espiritual que está corroborada pela própria Palavra de Deus. No livro dos salmos encontramos a palavra do salmista que diz:"Zelus Domus Tuae - O zelo por tua casa me consome” Sl 69,10. Ele que mesmo diante de tamanhas adversidades,súplica socorro ao Senhor e persevera no seu amor zeloso para com o Templo. Mais tarde este mesmo verso bíblico será usado quando Jesus, tomado de zelo, expulsa os cambistas que tomavam o templo de Jerusalém (Cf Jo 2,17).

O templo, que é a Igreja, é morada de Deus. Lemos no livro do Gênesis o temor que sentiu Jacó diante da visão que teve do Senhor, ao ponto de exclamar com verdade diante de tamanha visão :“Sem dúvida o Senhor está neste lugar, mas eu não sabia! Teve medo e disse: ‘Temível é este lugar! Não é outro, senão a casa de Deus; esta é a porta dos céus”. Gen 28,16-17. Se Jacó diante de um sonho chegou a tal conclusão, então qual conclusão nós não deveríamos ter diante do lugar em que habita o Próprio Deus, feito carne para nós? Qual é a forma que devemos estar vestidos e nos portamos, nessa morada celeste que é “a porta do céu”? Ou lemos ainda no livro do Êxodo como Moisés foi chamado a retirar suas sandálias diante da Sacralidade do lugar que adentrava, no episódio da Sarça ardente(Cf Ex 3, 5) . Pode ser menos santo o lugar onde a Eucaristia é celebrada? Onde o pão dos anjos é feito pão dos homens? 
A santidade do Templo construído pelas mãos humanas nos convida a reconhecermos a santidade também do templo que é nosso corpo. O mesmo zelo guardado para com a Casa de Deus deverá ser empregado para com a morada do nosso corpo. Digo isso na atual conjuntura de muitos de nós, que vamos a Casa de Deus como se estivéssemos indo a praia ou qualquer outro lugar que permita nos vestirmos de maneira inapropriada para estarmos na Igreja. O fato é que, para muitos é normal ir vestido de qualquer maneira à celebração dos Sacramentos e a oração na Casa de Deus. Homens que usam bonés, bermudas e blusas regatas. Mulheres que usam saias curtíssimas e blusas com longos decotes e costas nuas.
Para defender seus pontos de vistas usam dos mais diversos argumentos. Argumentos estes que são profundamente pessoais e pesadamente relativistas:“Cristo olha o coração”; “Cristo acolhe todos como são e não vai ligar como estamos vestidos!”; “O Senhor não se importa com tua roupa, o importante é o interior”. Essa é a triste mentalidade do nosso tempo. O relativismo que assola nossas fileiras católicas. Tudo pode e tudo é permitido segundo minha cabeça. Mas S. Bernardo estava certo:"Te fazes mestre de ti! Não precisas de Igreja ou de quem te ensine o bom caminho. E estarás nas fileiras do mau caminho rapidamente". Preferem usar de argumentos tão intimistas e egocêntricos e esquecem todo o ensinamento do Magistério e da moral que a Igreja procura transmitir. E assim colocam em descrédito tudo aquilo que os documentos da Igreja procuram expressar na busca da modéstia e do decoro na participação da liturgia. Eles Esquecem, porém que o exterior é a expressiva representação do interior. O adágio antigo que diz:“A roupa não faz o monge” é usado sem escrúpulos para defender esse errôneo ponto de vista, pois pode não fazer o monge, contudo sempre dirá quem ele é. Reportam sua maneira de vestir a uma tendenciosa e falsa visão de "liberdade" que assola muitas mentes nos dias de hoje, sendo justamente essa mesma visão de "liberdade" origem de tantos outros abusos na liturgia e na vida moral: “Não é estranho que os abusos tenham sua origem em um falso conceito de liberdade. Posto que Deus nos tem concedido, em Cristo, não uma falsa liberdade para fazer o que queremos, mas sim a liberdade para que possamos realizar o que é digno e justo” (Instrução “Redemptionis Sacramentum”, n. 7)Ou ainda como convida a Palavra de Deus que diz:"Comportai-vos como homens livres, e não a maneira dos que tomam a liberdade como véu para encobrir a malicia, mas vivendo como servos de Deus" (I Pe 2,16).
De fato a vestimenta convida a preservação do corpo como templo do Espírito e expressa a santidade que está neste mesmo. Circula pela internet uma frase do Rev. Pe. Paulo Ricardo que conclui bem essa afirmativa: "Tudo o que é sagrado a Igreja cobre com um véu". Porém, essa afirmativa parece até estranha em uma sociedade que perdeu o sentido do Sagrado e da sacralidade, que é expressa em outras temáticas da vida cristã. Assim também devemos cobrir nosso corpo de maneira modesta. O Catecismo da Igreja católica nos ensina em seu nº 1387: "A atitude corporal - gestos, roupa - há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede". Retiramos deste ensinamento que não podemos estar vestidos ou portados de qualquer maneira diante do Cristo que será nosso hóspede. Esse mesmo Cristo que também estava vestido de maneira santa. Lemos no evangelho que: “Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e também a túnica. A túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura.” Jo 19,23 que intui que também o Senhor se vestia de forma digna.
 O magistério por diversas vezes ensina que a maneira como estamos e como nos portamos deve ser digna e santa, segundo a santidade também do Mistério que celebramos e participamos. Ensina-nos o B. João Paulo II:"De modo particular torna-se necessário cultivar, tanto na celebração da Missa como no culto eucarístico fora dela, uma consciência viva da Presença Real de Cristo, tendo o cuidado de testemunhá-la com o tom da voz, os gestos, os movimentos, o comportamento no seu todo. (...) Numa palavra, é necessário que todo o modo de tratar a Eucaristia por parte dos ministros e dos fiéis seja caracterizado por um respeito extremo."(Mane Nobiscum Domine, 18).
Temos assim por certo que o mínimo que podemos fazer é irmos vestidos com decoro e dignamente, de acordo com o local que estamos. O templo feito de mãos humanas convida cada um de nós a também termos respeito pelo templo que é o nosso corpo. O lugar onde celebramos, como celebramos e de que maneira celebramos expressa a profunda devoção que devemos ter para com o próprio Cristo. São Josemaría Escrivá em uma de suas homilias, faz uma bela e profunda recordação de seus tempos de infância:"Lembro-me de como as pessoas se preparavam para comungar: havia esmero em arrumar bem a alma e o corpo. As melhores roupas, o cabelo bem penteado, o corpo fisicamente limpo, talvez até com um pouco de perfume. Eram delicadezas próprias de gente enamorada, de almas finas e retas, que sabiam pagar amor com amor." Afirma ainda: "Quando na terra se recebem pessoas investidas em autoridade, preparam-se luzes, música e vestes de gala. Para hospedarmos Cristo na nossa alma, de que maneira não devemos preparar-nos?"(S. Josemaría Escrivá em "Homilias sobre a Eucaristia").
Seminarista Raifran Sousa é seminarista da Diocese de Formosa - GO e estudante do 3º Ano de Filosofia no Seminário Maior Nossa senhora de Fátima em Brasília - DF

5 de outubro de 2012

Alto Paraíso: Deus em suas belezas!



O novo é sempre algo repleto de um mistério. Ele nos remete ao desconhecido, ao mesmo presente e ainda desconhecido. O novo é sem precedentes a realidade ainda intocada pelos sentidos. Foi justamente em contato com esse novo que fiz uma profunda descoberta em minha vocação: O novo é algo fascinante. Fascinante no sentido mais pleno da palavra. A aventura contida no desconhecido faz emergir em nossos corações a esperança de que esse novo crie novas experiências e essas mesmas possam perdurar. Este ano de 2012, juntamente com meu irmão de seminário Everton Borges, tivemos uma fabulosa experiência desse novo e desconhecido na pastoral de férias: desbravar a chapada dos veadeiros, mais precisamente a cidade de Alto Paraíso. Conhecida por suas belezas naturais, Alto Paraíso é uma babel de culturas religiosas e de diversidade, suas mais de 135 denominações religiosas atestam essa afirmativa. 
 Sentimos o respeito e o carinho de muitos que nos acolheram em suas casas para partilharmos refeição. Não somente o respeito, contudo a alegria e o cuidado de sempre acolher-nos com toda diligência e bondade. O cuidado das funcionárias da casa paroquial no cuidado de sempre nos oferecer o melhor de sua hospitalidade e serviço. Pessoas que rezaram por nós e com nós, de maneira que unidas conosco partilharam de nossas dificuldades pastorais.  Alto Paraíso foi o momento de provar no coração as dificuldades e alegrias que um sacerdote encontra no seu dia a dia e confirmar aquilo que sempre escutamos: Sem a Graça de Deus não somos nada. Encontramos nossa força e alegria justamente na oração e na vida fraterna que se fortalecia a cada dia nesta cidade abençoada por Deus em suas belezas e na sua gente.


O mais belo de toda essa diversidade religiosa é a maneira como essas culturas religiosas vivem uma experiência de tolerância e respeito. Não uma tolerância marcada por uma maquiagem falsa e fingida, entretanto respeito completo da escolha religiosa do outro. Não podemos deixar de citar, não obstante, ao próprio ecumenismo existente entre os cristãos dessa cidade, que de maneira visível tentam partilhar a alegria do Deus verdadeiro que busca reunir num só corpo os seus. Lemos no decreto do concílio Vaticano II “UNITATIS REDINTEGRATIO” sobre o ecumenismo: “Hoje, em muitas partes do mundo, mediante o sopro da graça do Espírito Santo, empreendem-se, pela oração, pela palavra e pela ação, muitas tentativas de aproximação daquela plenitude de unidade que Jesus Cristo quis”.
Alto Paraíso norteia para os princípios da nova evangelização proposta para nossos tempos. Os católicos, que assim denominam-se precisam novamente descobrir as coisas belas de sua fé. Quantos encontramos nas ruas que se diziam cristãos católicos com uma imensa alegria no rosto, contudo nem se quer participavam da vida da comunidade. Não podemos culpa-los é claro, tendo em vista que muitas comunidades estão em mesma situação, de católicos que proferem verbalmente o catolicismo, contudo estão afastados da vida comunitária. É preciso novamente demonstrar as belezas contidas no Credo de nossa Fé. Desvelar este tesouro guardado nos baús de nossa Tradição e do Magistério da Santa Igreja.
Durante este tempo que ficamos nesta cidade foi o momento de sentirmos os desafios que um sacerdote enfrenta cotidianamente. Preparamos os festejos de São Sebastião sobre os cuidados da graça do Espírito de Deus e de pessoas, que munidas deste mesmo Espírito, nos ajudaram a realizá-la. Em meio a dificuldades e tropeços, incertezas e medos, fomos capazes de perceber a ação de Deus em cada acontecimento. Deus que novamente conduz os corações para si em meio ao silêncio e a formosura que se encontram neste lugar de belezas naturais únicas.
                Dias de uma novena abençoada, logo no primeiro dia contamos com a presença de nosso Pai e Pastor Dom Paulo Roberto Beloto e da visita alegre dos sacerdotes da Diocese de Marília. Durante os dias de novena rezamos pelas mais diversas dificuldades e pessoas que fazem parte da vida da comunidade: crianças, melhor idade, casais. Etc. E que alegria no dia em que celebramos com a juventude ver aquela capela repleta de jovens sedentos de Deus. Belo ver no rosto de cada um deles a alegria de querer ser de Deus. Juventude que buscava na sua alegria e manifestar o seu amor ao Deus de todo Bem.
Louvores mil ao Deus de toda graça. Ele, que na sua bondade sempre presente e no seu amor eterno, nos conduziu e cuidou de nossos passos. Para ele deixamos as pequenas sementes do Reino que plantamos nesta cidade. Deixamos para Ele nosso empenho de fazer sempre o melhor para seu povo. Essa é dádiva do trabalho de nossas mãos. Rezamos então com o salmista: “Os teus votos estão sobre mim, ó Deus; eu te renderei ações de graças.” Salmos 56,12.
“Não existe cansaço para quem ama. Amar é infinitamente mais desejoso. Uma ânsia do coração. Quanto mais ama, mais pouco parece ter feito. O coração de quem ama é um oceano de serviço.”                                                               F. Cultaz. 

21 de setembro de 2012

“Um amigo é um poderoso refúgio quem o descobriu, descobriu um tesouro.” Eclo 6,14


“Um amigo é um poderoso refúgio quem o descobriu, descobriu um tesouro.” Eclo 6,14
      Esta definição do Livro do Eclesiástico é sem sombra de dúvidas a mais legítima e autentica sobre o dom da amizade. Cabe nela os predicados e adjetivos mais reais e verdadeiros sobre o amigo. Poderoso, refúgio, tesouro. O amigo não é poderoso por ter terras ou poderes temporais, reinos e governos, riquezas materiais que possam ser definidoras de seus poder. O amigo é poderoso por ter na casa do coração uma força que ele não sabe e nem pode definir. Podemos apenas dizer que é um poder de alteridade. Um sentido que o leve ao outro como forma de expressão dessa força, deste mesmo poder. O amigo é poderoso, porque buscando ser irmão, ser outro, ser forte ele busca fortaleza e coragem para si e apara aquele que trava amizade. O amigo é poderoso porque esconde em si as possibilidades de proteção e cuidado do outro. Na adversidade ele consola, na guerra ele é paz, na tempestade é bonança, na saudade presença, na ausência é lembrança. Poderoso é o amigo por ser imagem do porto seguro primeiro, no caso o Sumo Bem. O amigo é a corda que sustenta a íntima relação entre o outro e Deus.
Não é atoa que legítima amizade deve estar fundada nesse princípio: AMAR O OUTRO COMO IMAGEM DE DEUS, LEVAR O OUTRO PARA DEUS. São Paulo da Cruz dizia a seus filhos espirituais: “Quereis fazer amigos de verdade. Façam eles no Coração de Deus. Ali existe amizade em plenitude.” Amizade sem esse encontro com o Amigo por excelência não passa de mero encontro. Posso dizer com toda a certeza que amigos que se colocam em contato com o esse Amigo em ato, colocam em seus amigos todo amor! O homem deve ser antes de tudo amigo de Deus para buscar no coração humano, imagem e semelhança do mesmo, a amizade. Sendo que o amor de Deus possibilita toda boa relação humana. Recordo aqui a frase do grande monge e escritor Thomas Merton, na sua conhecida obra “Homem algum é uma ilha”, afirma: “O amor dos homens em Deus só sabe crescer em profundidade: ele mergulha cada vez mais em Deus e por isso alarga sua capacidade de amar os homens”.
Deus deve ser de fato o cerne primeiro de toda amizade. Olhando o Pai como autor de uma amizade, o homem reconhece que em Deus tudo é frutificante e bom. O próprio Santo Agostinho reconhece que somente amando Deus nos amigos o homem é capaz de criar laços além de sua própria naturalidade como ser. A verdadeira amizade é está em Deus e estando em Deus amar os homens que são a imagem e semelhança Dele. Está em Deus nossa fonte de boas amizades. Recordo aqui a frase de J.J Joanes: “Amizade é tal e qual ver no outro os olhos de Deus. Aquele que ama a Deus com infinito amor, seria também capaz de amar com sentimento o seu amigo”.
        O amigo é refúgio na medida em que deixa um pouco de si para ser para o outro. O refúgio é esconderijo que concede proteção contra as adversidades da vida. Longe de ser um escape de nossos problemas, o amigo é aquele que nos encerra a paciência e coragem de continuar, mesmo diante de tantos problemas e dificuldade. Prova-se um amigo pela nobre capacidade de ser alegria, fortaleza, caridade, irmandade em todos os momentos da vida. Ele é aquele que conhece todos os teus problemas antes mesmo que o digas. Porque amizade sem conhecimento do outro é como entrar em uma sala escura e enunciar os seus pertences. Refúgio que protege e ampara, consola e dignifica e novamente mostra o caminho para o outro. O extremo desse adjetivo está naquela frase comovente e intrigante de Cristo: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.” Jo 15,13. O amigo refúgio vai aos extremos de si mesmo. Ele procura em todas as coisas ensinar, mostrar o caminho e consumir-se para o seu irmão.
        O homem rico que tinha todas as coisas perdeu seus bens no mundo. O que restou para si? Ora, se este tiver um amigo de verdade, este será a verdadeira riqueza possuída. O amigo é um tesouro sem igual. Buscam os homens preservar seus bens e suas riquezas materiais, porém não sabem que maior riqueza é ter um verdadeiro amigo. Quem descobriu um amigo, de fato descobriu um grande tesouro. O amigo é um tesouro conquistado no labor do tempo e da verdade. Não está em peso com as riquezas e as honras, o amigo de fato transcende estas realidades. O amigo é dom de Deus e sendo ele dom de Deus é gratuito. Um dom que recebemos não por nossos méritos ou forças, mas como prova da presença de Deus em nossa vida. Concernente nesse dom e riqueza está à bondade de Deus em nossas vidas que com benignidade concede tal tesouro para nossa vida.
        Escrevo este texto nesta data de hoje para um amigo de forma especial. Hoje ele    completa mais um ano de vida. Mais um trajeto de sua história é traçado no Livro da Vida. Ele que de forma especial nestes últimos dois anos têm sido um pouco de tudo isso. Um irmão conquistado na adversidade e no caminho. Traçado escrito na vontade Suprema e única do Sumo Bem de nossas almas. Este texto é muito mais do que uma forma de expressão ou formação, ele é com toda certeza um agradecimento verdadeiro para um amigo irmão. Que Deus te abençoe Nielson Guilherme e te torne santo segundo Seu Coração. Não desista do seu chamado. Pensai bem que antes mesmo que tu fosses ele já havia escrito teu nome e penso que naquele momento ele disse: “TU ÉS MEU!”.
Felicidades meus irmão!

7 de setembro de 2012

Vocacionado : Vinde e Vede!


Os primeiros discípulos quando viram o Senhor, ficaram extremamente intrigados com as palavras de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus” Jo 1,26. A palavra de João deixou os seus corações inquietos que diziam no íntimo de si: “Quem é este?”, porque “Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus.” Jo 1,37. Procuram então conhecer mais sobre o Senhor. Surge então o convite: “Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que procurais? Disseram-lhe: Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras? Vinde e vede, respondeu-lhes ele.” Jo 1,38-39.

O chamado do Senhor para estes dois discípulos é o mesmo chamado que se repete no coração de tantos jovens que buscam responder a Ele na vida sacerdotal e religiosa. “Vinde e vede!” são estas as palavras que concluem o encontro destes dois corações intrigados e fascinados por Jesus, cujo testemunho veio de João. Tantos são os jovens que também experimentam esse chamado através do testemunho de outros que um dia disseram seu sim. Surge muitas vezes, diante de tal chamado, a incerteza sobre qual caminho seguir. A resposta do Senhor para estes questionamentos é a mesma resposta que ele concedeu aos seus primeiros discípulos: “Vinde e vede!”. De fato uma vocação só pode ser maturada e provada pela estreita relação deste encontro com o Senhor. Ir e ver este Jesus que chama é antes de tudo uma necessidade para acontecer o encontro de intimidade com Ele.

A dimensão do encontro com esse Cristo que convida a Vir e ver é fortificada no coração pelo permanecer. Permanecer com ele é intensificar este encontro e torna-lo cada vez mais sólido e verdadeiro. Uma vocação deve ter essa dimensão bem enaltecida e clara em seu cerne e gênese. O que acontece com muitos de nossos vocacionados nos tempos de hoje é o profundo medo das possibilidades que surgem no caminho. Conhecem o Senhor, sabem de seu chamado, contudo estão receosos da resposta. Qual caminho seguir? A resposta para este questionamento é a mesma que o Senhor deu aos seus primeiros discípulos: Vinde e vede! Tão somente experimentado e nutrido deste encontro seremos capazes de discernir com maior intensidade e vivacidade o chamado de Deus para nossa vida e história.

 A certeza de uma vocação é feita cada dia neste encontro com o Senhor. Muitos jovens perguntam: Como é o seminário? Como é ser seminarista? É bom ser chamado por Deus? Todas as respostas para estas perguntas estão deitadas sobre o mesmo aspecto, o aspecto da experiência. Para sentir estas realidades como resposta é preciso tornar-se participante da vida de seminário mediante o caminho de formação que nos oferece a Santa Igreja. Caminhar de maneira que possamos ter este laço, do encontro e da intimidade com o Senhor, alargado e aprofundado ao extremo de por dizer juntamente com o apóstolo: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” Gal 2,20.

A experiência dos primeiros discípulos fez gerar frutos de Vida Eterna. Eles foram ousados em responder com determinação aquele convite do Senhor. Largaram as redes da pesca e foram em busca dos corações que estavam à espera de alguém que pudesse mostrar este Jesus que escutaram e experimentaram pelo encontro. Talvez seja você, eu e tantos outros que irão mostrar para vários corações o rosto deste Senhor Ressuscitado, que no transpassar do tempo repete incessante e ardente de amor: Vinde e vede!


30 de agosto de 2012

Ferido de Amor


Senhor em que momento fui por ti achado? Como em ti fui encontrado? Como aquele que anda sem saber por aonde ir e caminha nas escuras sombras da noite “palpando” o nada em procura de algo que possa sanar esse intenso vazio do peito. Essa ausência desmedida de algo que não sabe citar ou não conhece ou conhecendo insiste em não saber. Ouvindo fingi nada escutar ou vendo vira o rosto para não saber a verdade.
Era assim Senhor! Era assim e reconheço minha falta. Fingia saber de tudo, pensava conhecer todas as coisas e amar a todos, ou ao menos sentir aquilo que dizia ser amor. Não sabia Senhor que o Tudo que procurava estava além de todas essas coisas. Pensava estar no caminho certo e nas coisas certas da vida pensava investir, entretanto não conhecia o Todo e o Tudo verdadeiro. Eras tu Senhor, era tua ausência que sentia Senhor. Era teu amor que faltava para preencher o imenso vazio do meu peito.
Não sei em que instante fui achado meu Deus. Sei que fui encontrado no abismo de mim mesmo. Ali Senhor “... nos locais tenebrosos da sombra da morte” (Cf. Sl 87,7) fui por ti achado e envolto de amor. Como um mendigo encontrado e trazido para dentro da casa. Como aquele esquecido por completo e deixado no lama de suas vaidades, orgulhos e soberbas. Sim, Senhor este sou eu, mas tens purificado minha alma. Tens sarado minhas feridas e lavado todas as minhas imundícies e porcarias, tens vestido minha vida e minha história das vestes da verdade e do amor. Alimentando e nutrindo minha vida do alimento mais salutar e amável, o alimento do Teu Corpo. Chamaste-me para dentro de tua casa. Senhor me deste uma família, uma lar para habitar, homens e mulheres para chamar de irmãos. Fui lapidado como um diamante que está preparado para as bodas solenes de um grande matrimônio. Sei que sou assim Senhor: Uma joia em andamento, um diamante que está sendo guardado para as festas nupciais, o encontro eterno entre Ti e mim.
Fui por ti ferido de amor. No ápice encontro de tua presença fui eu cravejado de doce alento. Das dores desta terra adquiridas teu doce amor sarou toda ferida. Não posso esquecer essa nobre ação de tua parte. Esqueço as coisas dessa terra a fim de ser em ti perdido. Como a gota da chuva no oceano caída, sou eu doce amado em ti perdido. Perdido de amor por teu oceano de graça. No chão caído sem consolo nem presença.
Foge de mim todo amor desta terra. Arde em fogo essa tua Ferida ao chão em ermo amado. Sou eu ora chagado por ti doce amado. Não sara nem cicatriza essa ferida em mim marcada. É dor que anseio em chama, desse fogo amado faço desejo. Sou eu em ti caído, gota perdida no oceano do teu amor. Chaga mais querida não poderia querer, do que esta de em ti ser cravado. Não posso outra coisa desejar doce Crucificado, do que esse amor em mim plantando. Como gota do deserto derramado. Quebraste e lançastes por terra os meus esquemas. Fui ferido de uma ferida que não cura. Uma chaga feita na alma, um rasgo aberto no peito, um intenso palpitar de anseios e ardia em fogo. Fogo que consumia minha alma e ela anelando de tal ardo não cansava de buscar.
 Por que estar todo em ti Senhor é o único desejo de minha alma. Encontrado de amor em ti. Por que estando em ti não estou perdido, contudo encontro o Todo que anseia minha alma e minha vida. Sem Ti Deus de minha história nada eu sou. Os meus caminhos são escuros e tortos, sem rumo nem destino certo. Os teus por mais difíceis que possam ser para mim, são todos certeiros: ENCONTRO-TE SENHOR! No fim desta peregrinação terrestre te encontrarei e serei feliz. Por que felicidade é estar em ti e a tristeza completa, o absurdo das dores e dos sofrimentos Deus meu e Pai meu é estar longe do teu amor.

22 de agosto de 2012

Se hoje escutardes minha voz!

Esqueça o tempo. Esqueça essas amarras frias das horas e dos minutos. Essa prisão dos segundos que separa o coração das coisas amadas. Procura apenas viver com harmonia e fé os momentos da vida. Essa dança perfeita criada por Deus. No tempo da graça deixa tua vida e teu caminho. Confia incessantemente na providência que guia os dias e faz o sol nascer com brilho mais intenso cada manhã. Abandona essa escravidão do Cronos humano. Esse ídolo que devora teus dias com incessante empenho. Não passa tua existência contando os dias e esquecendo-se de viver teus momentos e instantes. Não seja apegado ao devaneio do calendário que cumpre uma formalidade dos homens que apenas desejam arriscar sua vida aos números convencionados.
Vive tua vida como se fosse o último segundo. “Brevidade, brevidade!” Grita teu coração. Ama teu próximo como se fosse teu último irmão. Faz o bem como se fosse tua derradeira obra nessa terra. “A vida é um brevíssimo segundo, é um só dia em que me escapa e me foge...” (Santa Teresinha do Menino Jesus), pensa assim! Tua vida é breve. Hoje pode ser o último dos teus dias! Como aproveitar este respiro do teu existir? Ama sem limites! Faz o bem e reza! Reza como se fosse tua última palavra debaixo deste sol, para que feito com perfeição cada gesto teu e cada momento, tenhas um encontro marcado com o Sol eterno.
Por que esperar demais para amar os teus? Ama hoje como se fosse o dia final de tua peregrinação diante dos homens e faz com que teu semblante transmita o amor que nas águas da libertação da escravidão foi em ti infuso. Não seja escravo do tempo e dos relógios. Na terra “para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus” (Eclesiastes 3,1). Deixa cada coisa ter seu tempo certo e seu momento de acontecer. Por que apressar as disposições do Criador Celeste, sabendo que ele faz tudo para o bem daqueles que Ele ama. Por que se preocupar com os acontecimentos dos dias vindouros, dias que talvez tu não vivas. “Portanto, não andeis ansiosos pelo dia de amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal.” (Mt 6,34)
Procura apenas amar a Deus e aos teus com toda intensidade do teu coração e da tua vida. Fazendo valer cada instante do teu existir. Não faça do tempo às razões dos teus dias. Façamos do tempo de Deus nosso único desejo. Esse Kairós da Graça sempre eterna, razão dos nossos dias. Encontrar, procurar e viver com quem amamos o segundo mais efêmero torna-se o motivo eterno dessa coisa chamada amor.
 Por que o mero feixe de tempo com quem amamos é a eternidade contida no pasmo do cronológico. Isso é querer fazer valer a pena qualquer instante e momento. Isso é amar no tempo mais breve o presente momento da graça de Deus. “Oxalá ouvísseis hoje sua voz: ‘Não fecheis os vossos corações [...]”(Salmo 95,8). Seja o hoje eterno de Deus vosso único dia para viver. Ama o céu. Deseja tua casa eterna. Faz de tua vida um caminho para o momento de Deus, o tempo oportuno da vontade de Deus: Hoje. Esse é teu último dia. Aproveita e ama sem limites teu Criador.

9 de agosto de 2012

Um dia...


Um dia nós vamos descobrir que o tempo é apenas o remédio que cura todas as nossas feridas e dores. Que a saudade é apenas o gesto que completa o amor, o sintoma febril do amor legítimo; a resposta da ausência que temos do significado perdido por pouco momento. Um dia nós vamos entender que a dor não é algo para sempre e que ela passa na medida em que entendemos que só com muito amor ela sara.
Um dia nós vamos descobrir que não perdemos ninguém, porque os que estão conosco de verdade ficarão aqui. Um dia talvez saibamos o sentido de o amor ser acompanhado da dor. Um dia talvez percamos todas as coisas e nos restará somente a esperança de continuar caminhando e seguindo em frente, mesmo que tudo pareça estranho e sem sentido.
Haverá um dia que vamos compreender porque nossos passos se cruzaram em algum momento. Um dia vamos saber realmente, o que falta para nós é deixar Deus cuidar de tudo e nos abandar em suas mãos. Um dia vamos saber que todas as coisas são passageiras, que o eterno que deseja ardentemente nosso coração está além de tudo aquilo que nosso olhar pode tocar.
Um dia vamos perceber que colocamos amor nas pessoas erradas e que quem merecia nosso carinho nos ama sem nada receber. Que esse é o amor-perfeito: gratuito, ablativo, sereno e silencioso. Um dia talvez deixemos de dar valor para a opinião dos outros e comecemos a nos importar por aquilo que Deus pensa de nós. Um dia vamos experimentar a sensação da ausência do outro e vamos entender que o amor também é feito de desertos. Um dia vamos sentir um vazio muito grande e compreenderemos que só Deus pode encher nossa vida de sentido.
Chegará um dia que você se decepcionará comigo ou talvez eu com você, teremos então que fazer reminiscências dos tempos bons para sarar toda tristeza que possa nos agredir. Nascerá um dia que vamos entender que nossa amizade não era uma passagem de encontros e causalidades, entretanto que éramos responsáveis pela salvação do outro.
Um dia entenderei que você não chegou atoa na minha vida. Que você é a resposta para esse sentimento chamado amizade! Um dia...

25 de junho de 2012

Um poema a Batina




(Catorze) moços, no ermo, abandonando o mundo


sublimações da vida, em ímpeto fecundo
Vestiram a BATINA - a farda preta, que ora
se diz negror da noite, e que ora é dita aurora...
Aurora contra a qual a sanha grita: apague!


 Objeto vil de vaia, erguido pouso de águia.
Batina longa: o manto autêntico de Cristo,
Mortalha funeral dos bens de quem é isto:
Cadáver para tudo o que de grande irrompa:
Sepulcro de esplendor e túmulo da pompa;
Ou pele de João, rugosa, hirsuta, agreste.


 O luto pelo mal, da penitência a veste,
Não hábito burguês de estofo suntuário,
Que na rua a seu fascínio de cenário.
É negra, mas proteja o cintilar dos mágicos
Na grei dos bons e sobre os panoramas trágicos.
É cova da ilusões, Moloc de idolatria,
Perante a qual o mundo a espinha acumplicia.
Condena o mal, aplaude o bem, vigia, zela,
Abasta de clarões as noites de procela.
Tecido do real é simples traje forte,
Que aponta o azul e diz que a vida sai da morte.
Na terra reina o caos, porém a fé com tino,
Traz o equilíbrio nesse invólucro divino.
Semeia a inquietação nas almas em pecado,
E já que Deus fecunda até deserto inçado,
Esse casulo escuro e mago da quietude
Donde se evola altiva a borboleta rude
Da rígida verdade, é concha, é ninho ardente,
Em que se faz gigante a mínima semente.
        BATINA! Em nossa pátria há foscos e outonais
Pedaços teus na garra adunca de espinhais.
Varou-te a bala, mas em teu vulto sempre igreja,
Feito bandeira além, dos torreões da igreja.
Molambo heróico, sempre em marcha execratória,
Fulguras triunfal no píncaro da história! ...
Pe. Pedro Luiz  
(publicado pela “Folha do Norte” em Belém do Pará em 16.07.1967)

13 de junho de 2012

Procurai um amigo.


Procura com o labor do tempo e do diálogo o outro que é teu irmão. Aquele "Quod alius amicus et frater" que é como dádiva do Divino Amigo. Não te canses, tanto tente em empenho encontrar. Quando encontrares guarda com fraternidade sua presença. Como presente de Deus possui este irmão calcado da presença, dor, alegria e verdade. Não te preocupes com as diferenças, o quebra cabeça também é feito de peças desiguais. 

Não te inquietes com a ausência: os bons AMIGOS são presentificados pela eterna capacidade de unir os seus corações ao Coração de Deus. Quanto à distância ela é apenas física e orgânica, os amigos feitos em Deus estão unidos de maneira que: estando em Deus estão resguardados em plena unidade. Não existe amizade legítima, santa e única que não tenha sido edificada no Coração de Jesus. Ele como ninguém soube amar os seus. Não te esqueças de que também ele provou a ausência, dor e abandono. Sê com ele amigo. 

Una teu coração ao Coração do Amigo Divino e compreende que ele foi quem te deu todos os amigos como tesouro de inigualável valor. Guarda para os céus os teus. Não te prives nem te esquives de lutar, santificar e amar cada um deles. O TEU lugar e DOS teus é a morada celeste. O céu é a meta de toda boa e santa amizade edificada no amor e na verdade de Cristo Jesus. Não tenha medo de amar os teus, com tanto que sejam eles na medida certa, amor demais sufoca. Não queiras viver pelo outro. Viva com ele com toda unidade do coração. Um amigo conquistado nas batidas seletas do tempo e da prova é um poderoso refúgio. Não queira ter muitos amigos. Tenha poucos com tanto que sejam verdadeiros e irmãos. Ter muitos amigos não é prova de ser um bom amigo. Quem divide seu coração em cacos não conseguirá refletir nada. Muitos amigos e pouco amor. 

Não busque amigos que não te edificam. Seja capaz de escolher entre tantos aquele que te completará no coração e na vida. Um bom amigo não é aquele que caminha contigo nos baleares da vida, um bom amigo é aquele que é capaz de partilhar contigo a dor, rir contigo na alegria e no silêncio te abraçar. Faz uma festa e terás muitos abraçados contigo com devaneios de "amor". Sofre uma dor e terás o consolo dos legítimos irmãos. Um bom amigo trilhará contigo as dores mais ardilosas da vida. Ele compreende que o coração é para todos os tempos. 

Um amigo é como uma joia contida no baú da nossa vida. Guardado nas entranhas da vida. Um amigo é como parte de nós. Um amigo seria capaz de dar a vida para salvar tua alma. Do pecado ele te livra. Do escândalo ele te liberta, como Luz ele te ilumina o caminho. Um bom amigo tem como empreendimento primordial tua santidade.

Aos amigos que comigo trilham essa estrada rumo ao céus.