Inicío

21 de setembro de 2012

“Um amigo é um poderoso refúgio quem o descobriu, descobriu um tesouro.” Eclo 6,14


“Um amigo é um poderoso refúgio quem o descobriu, descobriu um tesouro.” Eclo 6,14
      Esta definição do Livro do Eclesiástico é sem sombra de dúvidas a mais legítima e autentica sobre o dom da amizade. Cabe nela os predicados e adjetivos mais reais e verdadeiros sobre o amigo. Poderoso, refúgio, tesouro. O amigo não é poderoso por ter terras ou poderes temporais, reinos e governos, riquezas materiais que possam ser definidoras de seus poder. O amigo é poderoso por ter na casa do coração uma força que ele não sabe e nem pode definir. Podemos apenas dizer que é um poder de alteridade. Um sentido que o leve ao outro como forma de expressão dessa força, deste mesmo poder. O amigo é poderoso, porque buscando ser irmão, ser outro, ser forte ele busca fortaleza e coragem para si e apara aquele que trava amizade. O amigo é poderoso porque esconde em si as possibilidades de proteção e cuidado do outro. Na adversidade ele consola, na guerra ele é paz, na tempestade é bonança, na saudade presença, na ausência é lembrança. Poderoso é o amigo por ser imagem do porto seguro primeiro, no caso o Sumo Bem. O amigo é a corda que sustenta a íntima relação entre o outro e Deus.
Não é atoa que legítima amizade deve estar fundada nesse princípio: AMAR O OUTRO COMO IMAGEM DE DEUS, LEVAR O OUTRO PARA DEUS. São Paulo da Cruz dizia a seus filhos espirituais: “Quereis fazer amigos de verdade. Façam eles no Coração de Deus. Ali existe amizade em plenitude.” Amizade sem esse encontro com o Amigo por excelência não passa de mero encontro. Posso dizer com toda a certeza que amigos que se colocam em contato com o esse Amigo em ato, colocam em seus amigos todo amor! O homem deve ser antes de tudo amigo de Deus para buscar no coração humano, imagem e semelhança do mesmo, a amizade. Sendo que o amor de Deus possibilita toda boa relação humana. Recordo aqui a frase do grande monge e escritor Thomas Merton, na sua conhecida obra “Homem algum é uma ilha”, afirma: “O amor dos homens em Deus só sabe crescer em profundidade: ele mergulha cada vez mais em Deus e por isso alarga sua capacidade de amar os homens”.
Deus deve ser de fato o cerne primeiro de toda amizade. Olhando o Pai como autor de uma amizade, o homem reconhece que em Deus tudo é frutificante e bom. O próprio Santo Agostinho reconhece que somente amando Deus nos amigos o homem é capaz de criar laços além de sua própria naturalidade como ser. A verdadeira amizade é está em Deus e estando em Deus amar os homens que são a imagem e semelhança Dele. Está em Deus nossa fonte de boas amizades. Recordo aqui a frase de J.J Joanes: “Amizade é tal e qual ver no outro os olhos de Deus. Aquele que ama a Deus com infinito amor, seria também capaz de amar com sentimento o seu amigo”.
        O amigo é refúgio na medida em que deixa um pouco de si para ser para o outro. O refúgio é esconderijo que concede proteção contra as adversidades da vida. Longe de ser um escape de nossos problemas, o amigo é aquele que nos encerra a paciência e coragem de continuar, mesmo diante de tantos problemas e dificuldade. Prova-se um amigo pela nobre capacidade de ser alegria, fortaleza, caridade, irmandade em todos os momentos da vida. Ele é aquele que conhece todos os teus problemas antes mesmo que o digas. Porque amizade sem conhecimento do outro é como entrar em uma sala escura e enunciar os seus pertences. Refúgio que protege e ampara, consola e dignifica e novamente mostra o caminho para o outro. O extremo desse adjetivo está naquela frase comovente e intrigante de Cristo: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.” Jo 15,13. O amigo refúgio vai aos extremos de si mesmo. Ele procura em todas as coisas ensinar, mostrar o caminho e consumir-se para o seu irmão.
        O homem rico que tinha todas as coisas perdeu seus bens no mundo. O que restou para si? Ora, se este tiver um amigo de verdade, este será a verdadeira riqueza possuída. O amigo é um tesouro sem igual. Buscam os homens preservar seus bens e suas riquezas materiais, porém não sabem que maior riqueza é ter um verdadeiro amigo. Quem descobriu um amigo, de fato descobriu um grande tesouro. O amigo é um tesouro conquistado no labor do tempo e da verdade. Não está em peso com as riquezas e as honras, o amigo de fato transcende estas realidades. O amigo é dom de Deus e sendo ele dom de Deus é gratuito. Um dom que recebemos não por nossos méritos ou forças, mas como prova da presença de Deus em nossa vida. Concernente nesse dom e riqueza está à bondade de Deus em nossas vidas que com benignidade concede tal tesouro para nossa vida.
        Escrevo este texto nesta data de hoje para um amigo de forma especial. Hoje ele    completa mais um ano de vida. Mais um trajeto de sua história é traçado no Livro da Vida. Ele que de forma especial nestes últimos dois anos têm sido um pouco de tudo isso. Um irmão conquistado na adversidade e no caminho. Traçado escrito na vontade Suprema e única do Sumo Bem de nossas almas. Este texto é muito mais do que uma forma de expressão ou formação, ele é com toda certeza um agradecimento verdadeiro para um amigo irmão. Que Deus te abençoe Nielson Guilherme e te torne santo segundo Seu Coração. Não desista do seu chamado. Pensai bem que antes mesmo que tu fosses ele já havia escrito teu nome e penso que naquele momento ele disse: “TU ÉS MEU!”.
Felicidades meus irmão!

7 de setembro de 2012

Vocacionado : Vinde e Vede!


Os primeiros discípulos quando viram o Senhor, ficaram extremamente intrigados com as palavras de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus” Jo 1,26. A palavra de João deixou os seus corações inquietos que diziam no íntimo de si: “Quem é este?”, porque “Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus.” Jo 1,37. Procuram então conhecer mais sobre o Senhor. Surge então o convite: “Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que procurais? Disseram-lhe: Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras? Vinde e vede, respondeu-lhes ele.” Jo 1,38-39.

O chamado do Senhor para estes dois discípulos é o mesmo chamado que se repete no coração de tantos jovens que buscam responder a Ele na vida sacerdotal e religiosa. “Vinde e vede!” são estas as palavras que concluem o encontro destes dois corações intrigados e fascinados por Jesus, cujo testemunho veio de João. Tantos são os jovens que também experimentam esse chamado através do testemunho de outros que um dia disseram seu sim. Surge muitas vezes, diante de tal chamado, a incerteza sobre qual caminho seguir. A resposta do Senhor para estes questionamentos é a mesma resposta que ele concedeu aos seus primeiros discípulos: “Vinde e vede!”. De fato uma vocação só pode ser maturada e provada pela estreita relação deste encontro com o Senhor. Ir e ver este Jesus que chama é antes de tudo uma necessidade para acontecer o encontro de intimidade com Ele.

A dimensão do encontro com esse Cristo que convida a Vir e ver é fortificada no coração pelo permanecer. Permanecer com ele é intensificar este encontro e torna-lo cada vez mais sólido e verdadeiro. Uma vocação deve ter essa dimensão bem enaltecida e clara em seu cerne e gênese. O que acontece com muitos de nossos vocacionados nos tempos de hoje é o profundo medo das possibilidades que surgem no caminho. Conhecem o Senhor, sabem de seu chamado, contudo estão receosos da resposta. Qual caminho seguir? A resposta para este questionamento é a mesma que o Senhor deu aos seus primeiros discípulos: Vinde e vede! Tão somente experimentado e nutrido deste encontro seremos capazes de discernir com maior intensidade e vivacidade o chamado de Deus para nossa vida e história.

 A certeza de uma vocação é feita cada dia neste encontro com o Senhor. Muitos jovens perguntam: Como é o seminário? Como é ser seminarista? É bom ser chamado por Deus? Todas as respostas para estas perguntas estão deitadas sobre o mesmo aspecto, o aspecto da experiência. Para sentir estas realidades como resposta é preciso tornar-se participante da vida de seminário mediante o caminho de formação que nos oferece a Santa Igreja. Caminhar de maneira que possamos ter este laço, do encontro e da intimidade com o Senhor, alargado e aprofundado ao extremo de por dizer juntamente com o apóstolo: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” Gal 2,20.

A experiência dos primeiros discípulos fez gerar frutos de Vida Eterna. Eles foram ousados em responder com determinação aquele convite do Senhor. Largaram as redes da pesca e foram em busca dos corações que estavam à espera de alguém que pudesse mostrar este Jesus que escutaram e experimentaram pelo encontro. Talvez seja você, eu e tantos outros que irão mostrar para vários corações o rosto deste Senhor Ressuscitado, que no transpassar do tempo repete incessante e ardente de amor: Vinde e vede!