Senhor em que momento fui por ti
achado? Como em ti fui encontrado? Como aquele que anda sem saber por aonde ir
e caminha nas escuras sombras da noite “palpando” o nada em procura de algo que
possa sanar esse intenso vazio do peito. Essa ausência desmedida de algo que
não sabe citar ou não conhece ou conhecendo insiste em não saber. Ouvindo fingi
nada escutar ou vendo vira o rosto para não saber a verdade.
Era assim Senhor! Era assim e
reconheço minha falta. Fingia saber de tudo, pensava conhecer todas as coisas e
amar a todos, ou ao menos sentir aquilo que dizia ser amor. Não sabia Senhor
que o Tudo que procurava estava além de todas essas coisas. Pensava estar no
caminho certo e nas coisas certas da vida pensava investir, entretanto não
conhecia o Todo e o Tudo verdadeiro. Eras tu Senhor, era tua ausência que
sentia Senhor. Era teu amor que faltava para preencher o imenso vazio do meu
peito.
Não sei em que instante fui achado
meu Deus. Sei que fui encontrado no abismo de mim mesmo. Ali Senhor “... nos
locais tenebrosos da sombra da morte” (Cf. Sl 87,7) fui por ti achado e envolto
de amor. Como um mendigo encontrado e trazido para dentro da casa. Como aquele esquecido
por completo e deixado no lama de suas vaidades, orgulhos e soberbas. Sim,
Senhor este sou eu, mas tens purificado minha alma. Tens sarado minhas feridas
e lavado todas as minhas imundícies e porcarias, tens vestido minha vida e
minha história das vestes da verdade e do amor. Alimentando e nutrindo minha
vida do alimento mais salutar e amável, o alimento do Teu Corpo. Chamaste-me
para dentro de tua casa. Senhor me deste uma família, uma lar para habitar,
homens e mulheres para chamar de irmãos. Fui lapidado como um diamante que está
preparado para as bodas solenes de um grande matrimônio. Sei que sou assim
Senhor: Uma joia em andamento, um diamante que está sendo guardado para as
festas nupciais, o encontro eterno entre Ti e mim.
Fui por ti ferido de amor. No ápice
encontro de tua presença fui eu cravejado de doce alento. Das dores desta terra
adquiridas teu doce amor sarou toda ferida. Não posso esquecer essa nobre ação
de tua parte. Esqueço as coisas dessa terra a fim de ser em ti perdido. Como a
gota da chuva no oceano caída, sou eu doce amado em ti perdido. Perdido de amor
por teu oceano de graça. No chão caído sem consolo nem presença.
Foge de mim todo amor desta terra.
Arde em fogo essa tua Ferida ao chão em ermo amado. Sou eu ora chagado por ti
doce amado. Não sara nem cicatriza essa ferida em mim marcada. É dor que anseio
em chama, desse fogo amado faço desejo. Sou eu em ti caído, gota perdida no
oceano do teu amor. Chaga mais querida não poderia querer, do que esta de em ti
ser cravado. Não posso outra coisa desejar doce Crucificado, do que esse amor
em mim plantando. Como gota do deserto derramado. Quebraste e lançastes por
terra os meus esquemas. Fui ferido de uma ferida que não cura. Uma chaga feita
na alma, um rasgo aberto no peito, um intenso palpitar de anseios e ardia em
fogo. Fogo que consumia minha alma e ela anelando de tal ardo não cansava de
buscar.
Por que estar todo em ti Senhor é o único
desejo de minha alma. Encontrado de amor em ti. Por que estando em ti não estou
perdido, contudo encontro o Todo que anseia minha alma e minha vida. Sem Ti
Deus de minha história nada eu sou. Os meus caminhos são escuros e tortos, sem
rumo nem destino certo. Os teus por mais difíceis que possam ser para mim, são
todos certeiros: ENCONTRO-TE SENHOR! No fim desta peregrinação terrestre te
encontrarei e serei feliz. Por que felicidade é estar em ti e a tristeza
completa, o absurdo das dores e dos sofrimentos Deus meu e Pai meu é estar
longe do teu amor.