Inicío

30 de agosto de 2012

Ferido de Amor


Senhor em que momento fui por ti achado? Como em ti fui encontrado? Como aquele que anda sem saber por aonde ir e caminha nas escuras sombras da noite “palpando” o nada em procura de algo que possa sanar esse intenso vazio do peito. Essa ausência desmedida de algo que não sabe citar ou não conhece ou conhecendo insiste em não saber. Ouvindo fingi nada escutar ou vendo vira o rosto para não saber a verdade.
Era assim Senhor! Era assim e reconheço minha falta. Fingia saber de tudo, pensava conhecer todas as coisas e amar a todos, ou ao menos sentir aquilo que dizia ser amor. Não sabia Senhor que o Tudo que procurava estava além de todas essas coisas. Pensava estar no caminho certo e nas coisas certas da vida pensava investir, entretanto não conhecia o Todo e o Tudo verdadeiro. Eras tu Senhor, era tua ausência que sentia Senhor. Era teu amor que faltava para preencher o imenso vazio do meu peito.
Não sei em que instante fui achado meu Deus. Sei que fui encontrado no abismo de mim mesmo. Ali Senhor “... nos locais tenebrosos da sombra da morte” (Cf. Sl 87,7) fui por ti achado e envolto de amor. Como um mendigo encontrado e trazido para dentro da casa. Como aquele esquecido por completo e deixado no lama de suas vaidades, orgulhos e soberbas. Sim, Senhor este sou eu, mas tens purificado minha alma. Tens sarado minhas feridas e lavado todas as minhas imundícies e porcarias, tens vestido minha vida e minha história das vestes da verdade e do amor. Alimentando e nutrindo minha vida do alimento mais salutar e amável, o alimento do Teu Corpo. Chamaste-me para dentro de tua casa. Senhor me deste uma família, uma lar para habitar, homens e mulheres para chamar de irmãos. Fui lapidado como um diamante que está preparado para as bodas solenes de um grande matrimônio. Sei que sou assim Senhor: Uma joia em andamento, um diamante que está sendo guardado para as festas nupciais, o encontro eterno entre Ti e mim.
Fui por ti ferido de amor. No ápice encontro de tua presença fui eu cravejado de doce alento. Das dores desta terra adquiridas teu doce amor sarou toda ferida. Não posso esquecer essa nobre ação de tua parte. Esqueço as coisas dessa terra a fim de ser em ti perdido. Como a gota da chuva no oceano caída, sou eu doce amado em ti perdido. Perdido de amor por teu oceano de graça. No chão caído sem consolo nem presença.
Foge de mim todo amor desta terra. Arde em fogo essa tua Ferida ao chão em ermo amado. Sou eu ora chagado por ti doce amado. Não sara nem cicatriza essa ferida em mim marcada. É dor que anseio em chama, desse fogo amado faço desejo. Sou eu em ti caído, gota perdida no oceano do teu amor. Chaga mais querida não poderia querer, do que esta de em ti ser cravado. Não posso outra coisa desejar doce Crucificado, do que esse amor em mim plantando. Como gota do deserto derramado. Quebraste e lançastes por terra os meus esquemas. Fui ferido de uma ferida que não cura. Uma chaga feita na alma, um rasgo aberto no peito, um intenso palpitar de anseios e ardia em fogo. Fogo que consumia minha alma e ela anelando de tal ardo não cansava de buscar.
 Por que estar todo em ti Senhor é o único desejo de minha alma. Encontrado de amor em ti. Por que estando em ti não estou perdido, contudo encontro o Todo que anseia minha alma e minha vida. Sem Ti Deus de minha história nada eu sou. Os meus caminhos são escuros e tortos, sem rumo nem destino certo. Os teus por mais difíceis que possam ser para mim, são todos certeiros: ENCONTRO-TE SENHOR! No fim desta peregrinação terrestre te encontrarei e serei feliz. Por que felicidade é estar em ti e a tristeza completa, o absurdo das dores e dos sofrimentos Deus meu e Pai meu é estar longe do teu amor.

22 de agosto de 2012

Se hoje escutardes minha voz!

Esqueça o tempo. Esqueça essas amarras frias das horas e dos minutos. Essa prisão dos segundos que separa o coração das coisas amadas. Procura apenas viver com harmonia e fé os momentos da vida. Essa dança perfeita criada por Deus. No tempo da graça deixa tua vida e teu caminho. Confia incessantemente na providência que guia os dias e faz o sol nascer com brilho mais intenso cada manhã. Abandona essa escravidão do Cronos humano. Esse ídolo que devora teus dias com incessante empenho. Não passa tua existência contando os dias e esquecendo-se de viver teus momentos e instantes. Não seja apegado ao devaneio do calendário que cumpre uma formalidade dos homens que apenas desejam arriscar sua vida aos números convencionados.
Vive tua vida como se fosse o último segundo. “Brevidade, brevidade!” Grita teu coração. Ama teu próximo como se fosse teu último irmão. Faz o bem como se fosse tua derradeira obra nessa terra. “A vida é um brevíssimo segundo, é um só dia em que me escapa e me foge...” (Santa Teresinha do Menino Jesus), pensa assim! Tua vida é breve. Hoje pode ser o último dos teus dias! Como aproveitar este respiro do teu existir? Ama sem limites! Faz o bem e reza! Reza como se fosse tua última palavra debaixo deste sol, para que feito com perfeição cada gesto teu e cada momento, tenhas um encontro marcado com o Sol eterno.
Por que esperar demais para amar os teus? Ama hoje como se fosse o dia final de tua peregrinação diante dos homens e faz com que teu semblante transmita o amor que nas águas da libertação da escravidão foi em ti infuso. Não seja escravo do tempo e dos relógios. Na terra “para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus” (Eclesiastes 3,1). Deixa cada coisa ter seu tempo certo e seu momento de acontecer. Por que apressar as disposições do Criador Celeste, sabendo que ele faz tudo para o bem daqueles que Ele ama. Por que se preocupar com os acontecimentos dos dias vindouros, dias que talvez tu não vivas. “Portanto, não andeis ansiosos pelo dia de amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal.” (Mt 6,34)
Procura apenas amar a Deus e aos teus com toda intensidade do teu coração e da tua vida. Fazendo valer cada instante do teu existir. Não faça do tempo às razões dos teus dias. Façamos do tempo de Deus nosso único desejo. Esse Kairós da Graça sempre eterna, razão dos nossos dias. Encontrar, procurar e viver com quem amamos o segundo mais efêmero torna-se o motivo eterno dessa coisa chamada amor.
 Por que o mero feixe de tempo com quem amamos é a eternidade contida no pasmo do cronológico. Isso é querer fazer valer a pena qualquer instante e momento. Isso é amar no tempo mais breve o presente momento da graça de Deus. “Oxalá ouvísseis hoje sua voz: ‘Não fecheis os vossos corações [...]”(Salmo 95,8). Seja o hoje eterno de Deus vosso único dia para viver. Ama o céu. Deseja tua casa eterna. Faz de tua vida um caminho para o momento de Deus, o tempo oportuno da vontade de Deus: Hoje. Esse é teu último dia. Aproveita e ama sem limites teu Criador.

9 de agosto de 2012

Um dia...


Um dia nós vamos descobrir que o tempo é apenas o remédio que cura todas as nossas feridas e dores. Que a saudade é apenas o gesto que completa o amor, o sintoma febril do amor legítimo; a resposta da ausência que temos do significado perdido por pouco momento. Um dia nós vamos entender que a dor não é algo para sempre e que ela passa na medida em que entendemos que só com muito amor ela sara.
Um dia nós vamos descobrir que não perdemos ninguém, porque os que estão conosco de verdade ficarão aqui. Um dia talvez saibamos o sentido de o amor ser acompanhado da dor. Um dia talvez percamos todas as coisas e nos restará somente a esperança de continuar caminhando e seguindo em frente, mesmo que tudo pareça estranho e sem sentido.
Haverá um dia que vamos compreender porque nossos passos se cruzaram em algum momento. Um dia vamos saber realmente, o que falta para nós é deixar Deus cuidar de tudo e nos abandar em suas mãos. Um dia vamos saber que todas as coisas são passageiras, que o eterno que deseja ardentemente nosso coração está além de tudo aquilo que nosso olhar pode tocar.
Um dia vamos perceber que colocamos amor nas pessoas erradas e que quem merecia nosso carinho nos ama sem nada receber. Que esse é o amor-perfeito: gratuito, ablativo, sereno e silencioso. Um dia talvez deixemos de dar valor para a opinião dos outros e comecemos a nos importar por aquilo que Deus pensa de nós. Um dia vamos experimentar a sensação da ausência do outro e vamos entender que o amor também é feito de desertos. Um dia vamos sentir um vazio muito grande e compreenderemos que só Deus pode encher nossa vida de sentido.
Chegará um dia que você se decepcionará comigo ou talvez eu com você, teremos então que fazer reminiscências dos tempos bons para sarar toda tristeza que possa nos agredir. Nascerá um dia que vamos entender que nossa amizade não era uma passagem de encontros e causalidades, entretanto que éramos responsáveis pela salvação do outro.
Um dia entenderei que você não chegou atoa na minha vida. Que você é a resposta para esse sentimento chamado amizade! Um dia...