Inicío

4 de fevereiro de 2014

Vestiu-se de morte.


           
A veste negra que cobre o corpo é a mortalha escura do homem morto. Vestiu-se de negra capa para cobrir-se de santidade. Nas fibras brunas daquele manto decidiu guardar sua vida das vaidades fúteis que revestem o mundo. E ainda que transmitam escura cor é como luz sua presença. Decidiu vestir-se assim parar gritar no silêncio de quem olha os sinais firmes de sua decisão. Para unir seu coração ao sinal externo da sua escolha. Não mais vestir-se nos gostos deste mundo, porque já aqui deseja transmitir o que será no céu seu ser: guardado para Cristo.
Vestiu-se de morte este homem. De penumbra cor guardou seu corpo, não para honra de seu nome, mas para glória daquele pelo qual quis estar revestido. Cobriu-se de escura manta não só aos olhos humanos, contudo também seu coração foi revestido de outra veste superior, que é como complemento desta. Vestiu seu coração de caridade, de fé e esperança, que são o sentido daquela primeira. Vestiu-se de morte este homem para dar vida, para levar vida. Sua veste negra é o sinal de que ele irá e não se cansará. Decidiu unir estritamente os sentidos dessa, com os sinais da vida. Só assim toma sentido o vestir-se desse sinal de pertença.
Vestiu-se de morte este homem para dizer aos homens que é um homem já morto para suas riquezas, porque guardou no céu todo seu tesouro e só neste Bem poderá ser rico. Que paradoxal sinal: nada ter para Tudo possuir. E o homem que decide vestir-se de negra veste deve deixar as efêmeras coisas dessa terra para juntar tesouros no céu. Deve descobrir que aquela veste é o sinal do bem maior que deve possuir, de quem lhe dará tudo quanto precisa, porque Ele mesmo o basta para que possa ter tudo, porque Ele é Tudo e o todo é Dele. Vestir-se de morte é nada guardar para si, porque o que tem não é seu, mas foi recebido Daquele que tudo tem.
Vestiu-se de morte este homem parar apresentar Aquele que antes dele também se revestiu de morte para dar vida. Não é ele sinal por si mesmo, entretanto é tela daquele que é a verdadeira obra. Não é ele o principal, não é por si mesmo e não será jamais, porque deixa que o sentido também daquela veste seja o protagonista de sua história. Não veste por fama, por poder, por vaidade. Vestiu-se de morte para que transmita o seu Amado. O que desposou sua alma e vestiu ele com veste nupcial mais digna, veste que diga: “És Meu!”.

Aos olhos humanos é um louco. Dizem seus opositores: “Louco”, “Coisa velha”, “Vive no passado”, “Tradicionalista demente!”. O que faz o homem já morto? Acolhe tais ditos como flores que são jogadas para seu Esposo. O sinal de que não é diferente do seu Amado, que antes dele também foi insultado por escolher viver além deste mundo. E o homem morto não mais se importuna com isso, porque não é sua morte escolha dos homens, mas daquele que antes dele, também livremente deu sua vida para que outros pudessem alcançar o Reino.