(Catorze) moços, no ermo, abandonando o mundo
sublimações da vida, em ímpeto fecundo
Vestiram a BATINA - a farda preta, que
ora
se diz negror da
noite, e que ora é dita aurora...
Aurora contra a qual
a sanha grita: apague!
Objeto vil de vaia, erguido pouso de águia.
Objeto vil de vaia, erguido pouso de águia.
Batina longa: o manto
autêntico de Cristo,
Mortalha funeral dos
bens de quem é isto:
Cadáver para tudo o que de grande
irrompa:
Sepulcro de esplendor
e túmulo da pompa;
Ou pele de João,
rugosa, hirsuta, agreste.
O luto pelo mal, da penitência a veste,
O luto pelo mal, da penitência a veste,
Não hábito burguês de
estofo suntuário,
Que na rua a seu
fascínio de cenário.
É negra, mas proteja
o cintilar dos mágicos
Na grei dos bons e sobre os panoramas
trágicos.
É cova da ilusões,
Moloc de idolatria,
Perante a qual o
mundo a espinha acumplicia.
Condena o mal,
aplaude o bem, vigia, zela,
Abasta de clarões as noites de
procela.
Tecido do real é
simples traje forte,
Que aponta o azul e
diz que a vida sai da morte.
Na
terra reina o caos, porém a fé com tino,
Traz o equilíbrio
nesse invólucro divino.
Semeia a inquietação
nas almas em pecado,
E já que Deus fecunda até deserto
inçado,
Esse casulo escuro e
mago da quietude
Donde se evola altiva
a borboleta rude
Da rígida verdade, é
concha, é ninho ardente,
Em que se faz gigante
a mínima semente.
BATINA!
Em nossa pátria há foscos e outonais
Pedaços teus na garra adunca de
espinhais.
Varou-te a bala, mas
em teu vulto sempre igreja,
Feito bandeira além,
dos torreões da igreja.
Molambo heróico,
sempre em marcha execratória,
Fulguras triunfal no
píncaro da história! ...
Pe. Pedro Luiz
(publicado pela
“Folha do Norte” em Belém do Pará em 16.07.1967)